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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 8 EFEMÉRIDES
– Dia 8 de Janeiro Wilkie Collins (1824-1889) –
Nasce em Londres aquele que é considerado o autor do primeiro romance
detectivesco inglês com The Moonstone (1868), depois de escrever o popular The Woman in White (1860), que sendo de um trama complicado, é de
carácter sentimental. The Moonstone,
publicado inicialmente em folhetim, constitui uma genuína e bem estruturada
narrativa policiária que conserva, ainda hoje, uma frescura de modernidade
digna de especial referência. O recurso narrativo através de cartas e de
declarações de diversos personagens proporciona um estilo mais vivo e directo que acaba por captar a atenção. Robert Ashley, na biografia sobre Wilkie
Collins, defende que o escritor pode também ser
considerado como da primeira vez que intervém um oficial de polícia em A Terribly Strange Bed (1852), a
primeira história de detectives com A Stolen Letter (1854), a primeira história de uma mulher detective em The Diary of Anne Rodway (1856), a primeira história detectivesca de
humor com The Bitter Bit
(1858) e o primeiro cão detective com My Lady’s Money
(1877). W. Collins, no campo da ficção policiária/detectives escreve ainda The Dead Secret
(1857) e The Evil Genius (1886). O detective criado por Collins, o
Sargento Cuff da Scotland
Yard, é um homem alto, delgado de rosto afilado; pele amarelada e seca, olhos
azul-claros de aço, dedos compridos como garras; vestido de negro e gravata
branca, um modo de andar suave e voz melancólica. Podia passar por padre ou
por empresário funerário… também podia passar por qualquer espécie de pessoa.
A aparência cinzenta de polícia oficial, que no séc. XIX era sinónimo de
inaptidão, esconde um cérebro privilegiado capaz de transformar em êxito o
trabalho iminentemente intelectual da sua profissão: o
descoberta de delinquentes. Assim no caso que enfrenta, sem grandes
aparatos e sem esforço aparente, logra ultrapassar com sucesso o enigma da pedra
da lua. Em Portugal, a
reimpressão mais recente de Pedra da
Lua (2009) é da Colecção Crimes Imperfeitos da
Editora Relógio D’Água. Denis Heatley (1897-1977) –
Nasce em Londres. Editor e escritor escreve mais de seis dezenas de livros,
publicados ao longo de quase 40 anos: policiários de detecção,
aventuras, oculto, espionagem e fantasia. Criou Duke
de Richleau, que iniciou a série com The Forbidden Territory (1933), mais tarde adaptado ao cinema. Outros personagens:
Gregory Sallust, surge em Black August (1934), Julian Day em The Quest of Julian Day (1939), Roger
Brook em The
Launching of Roger Brook (1947) e ainda Molly
Fountain com To the Devil – a Daughter
(1953), adaptado ao
cinema em 1976. UM
TEMA – O DETECTIVE: FICÇÃO E REALIDADE Pesquisas
minuciosas e longas levam à conclusão que o aparecimento da palavra detective, com o significado actual,
se deve a Charles Dickens, data de 1852 e surge no romance Beak House. Sou o Bucket dos detectives. Sou um agente detective, assim se
anuncia o personagem. Porém, seria necessário o decurso de mais de cinquenta
anos para que os londrinos aceitassem e começassem a confiar nos detectives à paisana. Eram encarados com a maior suspeita
pela maioria dos ingleses. Os célebres bobbies, os agentes fardados da
Scotland Yard, outrora suspeitos de se colocarem
acima da lei e de serem inimigos naturais do homem comum passaram a ganhar
dos londrinos. Mas os detectives sem farda,
confundidos com o povo da rua, eram alvo de suspeitas e preconceitos,
possivelmente razoáveis, por parte de todos, desde pedintes a banqueiros. Dickens faz do
Inspector Bucket um
personagem simpático, porque conhecia os verdadeiros detectives
da Yard, homens dedicados e decentes, tentando fazer o melhor para tornar a
investigação criminal uma ciência. No entanto na mente dos concidadãos de
Dickens todos os detectives eram enquadrados em
duas categorias: corruptos e incompetentes, ou espiões e agentes da opressão
política. Não é de admirar que Conan Doyle em 1880, através de Sherlock Holmes,
retrate os detectives da Yard como amáveis, mas
broncos. Após o
fracasso do caso de Jack o Estripador iniciou-se um período de real esforço
para dotar a Yard, à semelhança da Sureté francesa,
de condições que levassem a investigação judicial a resultados firmes. O Departamento
de Investigação Criminal (CID) da Scotland Yard
levou o seu tempo a criar e o seu desenvolvimento tem sido contínuo e bem sucedido. As novas ciências forenses de localização e
de identificação de criminosos, mau grado o aspecto
negativo de muitos anos de opinião pública adversa e de desconfiança dos
júris britânicos, acabam por compreender e aceitar as descobertas científicas
como elemento de prova. O CID é presentemente uma das principais divisões da
Polícia Inglesa. M. Constantino In Policiário de
Bolso,
8 de Janeiro de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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