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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 60 EFEMÉRIDES – Dia 29 de Fevereiro Heimo Lampi (1920-1998) –
Nasce em Hollola, Filândia.
Advogado e colunista de jornais está incluído no grupo de escritores de crime
escandinavos. O destaque na sua obra vai para Death Stalks Meteora,
no título original Kuolema Kulkee Meteoralla, escrito em 1981. TEMA – OS GRANDES TEMAS DA FICÇÃO CIENTÍFICA –
ROBÔS Desde os
tempos em que a bruma da história é intensa, impenetrável, por vezes
transformada em mera lenda, a criação de seres metálicos ou mecânicos ocupa
uma parcela da fascinação humana. Um passeio
pelo túnel do espaço literário permite conhecer os homens mecânicos de As Mil
e Uma Noites, as raparigas de ouro do deus grego Hefaísto,
os jogadores de xadrez do Barão de Kempelen ou Maelzel, etc. etc. Em R.U.R.,
iniciais correspondentes a Rossum's Universal
Robots, peça teatral de 1920, do autor checo Karel Čapek,
(1890-1938), nasce o termo robot, derivado de robota
(trabalho) aplicado aos seres artificiais criados pelo industrial Rossum para substituir os homens no trabalho. A partir de
então, o termo usa-se, na generalidade, para designar criaturas metálicas,
quase sempre hominídeas, perigosas umas – sempre prontas da dominar a
humanidade em seu proveito –pacíficas outras, por
vezes sujeitas a maus tratos e agressões da incompreensão humana, a menos que
apresentem programação menos segura. Breve resenha
que se pretendia esboçar do robô através da história da ficção científica
apresentar-se-ia como um tratado, tal o volume de diversificação da temática. Opta-se por
exemplificarão sabor da preferência. Os robôs de Rossum estão impregnados daquilo a que se convencionou
designar por sindroma de Frankenstein, isto é, a
constância da revolta da criatura contra o seu criador. Advirta-se, por outro
lado que, muito embora se tivesse recolhido e propagado o termo robô através
daquela narração, no actual nível da literatura de
ficção científica tais figuras seriam classificadas de andróides
dada a sua natureza orgânica produzida por meios sintéticos. A palavra robô
será aplicada exclusivamente a seres mecânicos construídos de matérias inorgânicas,
metal em regra, e dotados de cérebros electrónicos
que lhes permitiria a movimentação. Os robôs de Rossum vestem-se como ao pessoas, blusas de pano cru, apertadas por correias e ostentando placas de
cobre com um numero. Caras sem expressão, olhar fixo, os seus movimentos e a
maneira de falaz tem qualquer coisa de seco, de hirto. Podem fazer o mesmo
trabalho que o homem, mas por menor custo: os robôs Rossum
podem ser adquiridos por 150 dólares cada. Harry Domin, director geral das
fábricas, comenta: o velho Rossum queria destronar Deus. Era um materialista
terrível. O que ele queria era fornecer a prova de que não precisamos de
Nosso Senhor, metendo-se-lhe na cabeça fazer um homem exactamente
igual a nós diante do seu tubo de ensaio e sonhando que dali sairia uma
árvore da vida, inteirinha. Uma salmoura coloidal
que nem um rafeiro seria capaz de tragar, e que poderia ter obtido, por
exemplo, uma medusa com cérebro de Sócrates ou então uma minhoca com
cinquenta metros de comprimento.Isto é o que diz o
velho Rossum, mas foi o jovem Rossum
quem teve a ideia de fazer máquinas de trabalho vivas e inteligentes.Uma
máquina de trabalho não precisa de sentir alegria, nem tocar violino, nem
fazer uma porção de coisas no género… e fabricar operários artificiais é a
mesma coisa que fabricar motores a petróleo… os robôs não são homens; do
ponto de vista mecânico são mais perfeitos do que nós, possuem uma
inteligência admirável, mas não têm alma… Mas de tempos a
tempos os robôs que não têm amor a nada, nem a eles próprios, têm um
ataque de raiva. Chama-se-lhes convulsões, acredita-se num defeito do
organismo e era necessário metê-los na prensa. De
trabalhadores passaram a soldados. Primeiro nos campos de batalha…, depois a
insurreição em Madrid contra o governo… A primeira
organização da raça robô formou-se no Havre. Nós, primeira organização da raça de Rossum's Universal Robot, declaramos o homem inimigo e
proscrito do universo. O homem já não
nasce, mas vida não perecerá. A tradição
explica a querela: uma nova imagem da rebelião de Lúcifer contra o seu
criador, e que dominou a Ficção Científica primitiva. Foi preciso
esperar até 1938, para que o robô monstruoso, vilão, desse lugar a um tipo
bem mais simpático, Adam Link, de Eando Binder (ps. dos irmãos Earl Andrew Binder (1904
-1965), e Otto Oscar Binder
(1911-1974), que protagoniza uma série de aventuras verdadeiramente
agradáveis. A confirmação
dessa nova imagem deve-se, porém, ao famoso Isaac Asimov. Em 1939 escreveu Robbie um robô-ama-seca, que ficará famoso, cuja cabeça
era um pequeno paralelepípedo de arestas e cantos arredondados lidados a um
paralelepípedo maior, que servia de tronco por meio de uma baste curta e
flexível, brilhantes olhos vermelhos, pele metálica mantida a uma temperatura
de vinte e um graus pelas bobines interiores de alta resistência. Pernas e
braços de aço cromado, braços capazes de vergar uma barra de aço de cinco
centímetros de espessura até lhe dar a forma de um biscoito, mas capazes
também de enlaçar suave e amorosamente uma menina de oito anos. Uma máquina
sem voz, sim, mas uma máquina cheia de amor. As Asimov se
devem os robôs positrónicos, nova técnica que
substitui cérebro electrónico então existente. Ao
mesmo se devem as três Leis da Robótica, que baniu o
terrível síndroma de Frankenstein: 1 – Um robô
não pode causar dano a um ser humano nem, por inacção,
permitir que qualquer homem sofra danos; 2 – Um robô
deve cumprir as ordens que lhe forem dadas pelos seres humanos, excepto em casos que essas ordens colidam com a Primeira
Lei; 3 – Um robô
deve proteger a própria existência desde que essa protecção
não colida com a Primeira ou com a Segunda Lei. Máquinas perfeitas, sem dúvida. Em L-do-it?,
um interessante conto de Clifford Simak,
encontramos o modelo suficiente perfeito para pôr em causa o termo máquina. Demonstraremos a Vossa Senhoria – disse Lee – que os
robôs são algo mais que simples máquinas. Nós estamos dispostos a apresentar
provas de que em tudo, salvo no metabolismo, o robô e uma cópia do homem e
que inclusivamente o metabolismo e até certo ponto, análogo ao metabolismo do
homem. E o Tribunal pronunciou as suas decisões: Os robôs possuem capacidade de livre escolha… Os robôs possuem capacidade de pensar… Os robôs podem reproduzir-se… M. Constantino In Policiário de
Bolso,
29 de Fevereiro de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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