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TORNEIO DO
CINQUENTENÁRIO “MISTÉRIO…
POLICIÁRIO” – MA/MP (1975-2025) PROBLEMA Nº 12 O ROUBO DOS
DIAMANTES Autor: Inspector Pevides O inspector Lourenço
levantou-se nesse dia um pouco zonzo. Na noite anterior havia cometido alguns
excessos quer na comida quer na bebida. – Dias, não são dias! Pensava entre dentes. Bem. Entre dentes não se pensa, mas… O facto é que os copos tinham produzido um efeito
que não lhe trazia grande lucidez. Ligou a rádio, a telefonia que nunca dispensava e
o noticiário lá ia arengando as últimas: “O novo
filme de Charlie Chaplin, Luzes da Ribalta espera-se que estreie em breve …” “Baptista
Pereira (não sei quê…) um recorde de permanência…” “Houve
ontem um terramoto na Califórnia que provocou doze mortos…” “Os Jogos
Olímpicos continuam e Zátopek é favorito às
medalhas que aliás já ganhou em jogos anteriores.” Enquanto escutava, iniciou as rotinas habituais:
higiene, pequeno-almoço, etc… O telefone retiniu: – Lourenço? Resmungou entre dentes (agora já foi bem aplicado)
– quem havia de ser? Ouviu o recado urgente. Tinha de ir a Évora tratar
de um caso de roubo. Continuou a resmungar. Não gostava do nome que lhe
tinham dado. Mania dos antigos de dar o nome do santo do dia! Quarenta anos
feitos ontem. Daí os copos a mais … bom, vamos à
vida. De Lisboa a Évora era viagem longa e cheia de
peripécias naqueles tempos. O agente Mértola foi quem conduziu a viatura
policial. Apesar de tudo chegaram a tempo de almoçar e pouco depois já
interrogavam a presumível vítima do roubo. Era um sujeito estranho, de má catadura, semblante
fechado e mal disposto, que vivia num casarão isolado e rodeado de criadagem
que, habitualmente lhe servia também de guarda-costas ou seguranças como se
queira entender. Dedicava-se ao comércio (legal) de diamantes. Tudo
fiscalizado e de contas em dia. Limitava-se a comprar e a vender. Apurou-se que era uma referência, um “expert” no assunto e depois de interrogado, limitou-se a
descrever o assalto de que tinha sido alvo. Falou então: Ontem à noite, estava a escolher pedras a fim de
lhes fixar preço, quando dois homens entraram subitamente no meu gabinete.
Logo por azar tinha dado folga aos meus criados mais decididos. Ficou apenas
um velhote que já dormia e não deu por nada. Os homens vinham com a cara tapada. Barretes
negros esburacados no sítio dos olhos e armados de caçadeiras. Confesso que
me assustei e não consegui reagir. Levaram todas as pedras que estavam, felizmente,
no seguro por 320 contos de réis. No entanto, depois de as analisar,
considerei o seu valor em pelo menos 400. Quando saíram, espreitei pela janela e vi-os de
roupas escuras dirigirem-se para um automóvel azul-escuro, tipo americano,
grande banheira, talvez Dodge ou Pontiac. A noite
estava estrelada e limpa e o luar ajudou-me a distinguir estes pormenores. Fim de depoimento. As peritagens que foram mais tarde efectuadas, mostraram que havia
marcas de dois pares de botas de sola de borracha em ambas direcções do percurso entre os sulcos de pneus acerca de
cinquenta metros da casa e o gabinete. Os acessos de terra batida ajudavam a
imprimir vestígios quer das botas quer dos pneus. O rasto dos pneumáticos do referido automóvel, apesar de misturados com outros, puderam ser identificados, mas perdiam-se ao entrar na estrada alcatroada. Impossível saber para onde se dirigiam. Perguntas: – Roubo real ou simulado? – Justifique. As propostas de solução devem ser enviadas até ao dia 31
de Dezembro para viroli@sapo.pt.
OU:
Via CTT para
Luís Manuel Felizardo Rodrigues, Praceta Bartolomeu Constantino, 14, 2º Esq.,
Feijó 2810–032 Almada. |
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©
DANIEL FALCÃO |
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