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 | TORNEIO DO
  CINQUENTENÁRIO “MISTÉRIO…
  POLICIÁRIO” – MA/MP (1975-2025) PROBLEMA Nº 5 A TABERNA DOS TRÊS
  EFES Autor: Bernie Leceiro No início de uma
  noite quente de julho 2022, Alves da Selva, retirado da atividade policial,
  reuniu em tertúlia na qualidade de anfitrião, num conhecido restaurante de
  Pedras Rubras, um grupo de antigos camaradas dos núcleos de investigação por
  onde passou. Queridos camaradas
  e amigos – dirigiu-se aos seus antigos companheiros – o menu para o nosso
  jantar é inspirado numa pequena lenda que encontrei ao ler um antigo
  manuscrito de um padre local sobre acontecimentos de Moreira da Maia do
  século XIX e que vos passo a ler: «A entrada do exército liberal em Pedras
  Rubras no dia 8 de julho de 1832 à frente do qual vinha D. Pedro IV com o seu
  estado maior que todos pernoitaram n’este logar para no dia seguinte entrarem no Porto. (…) Foi
  por essa occasião, segundo se conta, que D. Pedro
  entrando numa locanda perguntando o que havia para comer, ao que lhe
  respondeu o bodegueiro: Peixe de FFF! “Então o que é peixe de três efes?” É
  faneca, fresca, frita. O Sr. D. Pedro comeu e depois disse ao locandeiro: “Não
  tenho aqui dinheiro para lhe pagar, então fica sendo o peixe dos 4 efes –
  faneca, fresca, frita, fiada “(si non e vero e bem trovato)”» O dia de hoje
  marca 190 anos que o exército liberal acampou neste largo e onde D. Pedro
  jantou numa taberna mais ou menos neste local onde nos encontramos. Quanto ao
  prato principal acho que já todos sabem o que vamos jantar. Eu mesmo as
  apanhei hoje de madrugada a bordo do barco do meu amigo mestre Caravela em
  frente à praia da Memória, antiga praia dos ladrões onde ocorreu o
  desembarque. A acompanhar as benditas fanecas teremos um belo arroz de grelos
  que a D. Aninhas nos está a preparar na cozinha com todo o amor e carinho.
  Mas como diz um amigo meu – não há jantares grátis – deixo-vos para análise
  um curioso texto do mesmo livro de onde vos li a lenda de há pouco e não
  resisto a partilhar convosco para avaliar o estado das células cinzentas de
  alguns de vocês, tal como eu, já retirados destas andanças criminais. Aguardo
  os vossos comentários até ao final do jantar. O autor do relatório mais
  completo é meu convidado para petiscar, comigo e com o mestre Caravela, uns
  belos percebes fresquinhos, amanhã na Praia de Angeiras
  logo depois da baixa-mar na tasquinha do Quim Fateixa. «Na noite de 27 para 28 de junho de 1882,
  lançou-se a um poço da sua casa onde morreu afogada Maria Perpétua, casada
  com José Narcizo da Costa Braga, fundidor de sinos,
  e moradores n’este logar, junto da estação do caminho de ferro, ella com
  negócio na casa d’ António Vieira e elle com a sua
  fundição junto a mesma casa. Tinham
  ido ambos ao Porto no dia 27 e alli ficou para o
  outro dia o marido, e ella voltando para casa,
  acolhendo-se na forma do costume, mas muito triste, alta noite perguntou a
  uma mulher que ali passava na mesma casa se ella
  tinha ouvido bater a porta da loja respondendo-lhe que não, nada mais se
  soube até que pela manhã vendo-se que não aparecia e encontrando-se o
  candeeiro na borda do poço logo se suspeitou que ella
  alli se tivesse lançado, apesar do poço ser tapado
  e mesmo a tampa por onde se tirava a agua estava cahida,
  fechada, mas supõem-se que ella quando se lançou ao
  poço levava atraz de si a tampa. Tinha deixado na
  casa tudo em boa ordem inclusivamente apartadas todas as roupass
  em que queria ser amortalhada não lhe esquecendo a minima
  cousa: fechou todas as portas e metteo as chaves
  n’algibeira onde lhe foram encontradas. Foi
  attribuido este horroroso atentado a dividas que tinha e também à pouca saúde da alma e do
  corpo.» Terá sido suicídio
  como conclui o padre ou existem razões para suspeitas de homicídio? Como
  poderia ser confirmado? Qual teria sido a conclusão da autópsia no Instituto
  de Medicina Legal? Um bom jantar a
  todos! O desafio ao
  leitor é exatamente o mesmo que Alves da Selva lança aos seus companheiros.
  Relativamente às percebes e fanecas frescas fritas,
  independentemente da qualidade do relatório produzido, estão todos convidados
  a visitar a Praia de Angeiras e provar estas
  iguarias do nosso mar. (Nota: Textos
  originais transcritos do livro Moreira da Maia no século XIX: Segundo o
  Manuscrito do Padre Joaquim Antunes de Azevedo / José Augusto Maia Marques; coord. Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Maia; il. António Matos PUBLICAÇÃO: Maia, Câmara Municipal da
  Maia, 1998) SOLUÇÃO E CRITÉRIOS DE PONTUAÇÃO | 
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  DANIEL FALCÃO |  |