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TORNEIO DO
CINQUENTENÁRIO “MISTÉRIO…
POLICIÁRIO” – MA/MP (1975-2025) SOLUÇÃO DO
PROBLEMA Nº 8 A ESTREIA DO
INSPECTOR FARIA Autor: Faria O assassino é o A.
Pastor. (2 pontos) Vejamos o que
iliba os restantes suspeitos. LUCÍLIA Esteve a ver
televisão até às 23H e depois recolheu ao quarto, deitando-se a ler O
ESTRANGULADOR DE BOSTON. Cerca das 23H30 fechou a luz e adormeceu
profundamente. Nada de anormal
nisto e, o facto de o livro ter aquele título, ESTRANGULADOR, ou seja, o modo
como a vítima foi morta, não serve para que a incriminemos, é pura
coincidência. Também nada a
obrigava a ouvir alguma coisa, pois estava recolhida no quarto. Logo, ilibada. CARNEIRO Esteve a ver
televisão e recolheu ao quarto pelas 22H30, tendo adormecido por volta das
23H15, segundo ele, porque tinha de levantar-se cedo para preparar o estojo
de pesca, visto logo de manhã ir para a pesca. Até aqui, não há
nada que o incrimine. O facto de ele
dormir no quarto do lado esquerdo, frente ao da vítima, não serve para o
incriminar, pois estando a dormir, não era obrigado a ouvir seja o que fosse. A. PASTOR Este sim o
culpado, como a seguir veremos: Diz que foi de
carro ao cinema, que terminou às 23H30. Veio logo para
casa onde chegou à MEIA-NOITE exacta. Demorou, pois 30
minutos a fazer esse percurso. Ora aqui está o
pormenor que o incrimina, pois como o inspector que
mora junto do cinema demorou (de carro) apenas 10 minutos, isto diz-nos que
ele demorou mais 20 minutos que o inspector, o que
não se justifica, e nos diz que não foi ao cinema, o que o incrimina. É um pormenor da
sua culpabilidade. (2 pontos) A janela da sala
da vítima estava localizada ao fundo da mesma, em frente da porta de entrada
e estava escancarada, estando a secretária no meio da sala. Junto da janela, o
inspector pôde observar a figura que a vítima
apresentava, olhos arregalados o que aliado ao vento que entrava pela janela, lhe batia em cheio na cara, pondo-lhe os cabelos em
alvoroço. Isto diz-nos que a
janela escancarada estava de frente para a vítima, logo a vítima estava de
costas para a porta de entrada. Logo, quando o A.
Pastor diz que mal abriu a porta da sala, deparou com a cabeça da vítima
caída sobre o tampo da secretária, a cara com os olhos arregalados, está a
mentir pois da entrada da porta só podia ver a parte detrás da mesma sentada
à secretária, uma vez, como atrás disse a secretária estar virada para a
janela. É outro pormenor
da sua culpabilidade. (1 ponto) Alem do mais
estando a noite muito ventosa não era viável que a vítima, sentada de frente
para a janela, a tivesse aberta, logo isto diz-nos que a mesma foi deixada
assim pelo assassino para fazer crer que o mesmo teria entrado por ela e
afastar suspeitas dele e demais membros da casa. É, pois outro
pormenor que o incrimina. (1 ponto) Alem do mais, a
vítima se visse alguém a entrar pela janela procuraria defender-se o que não
aconteceu. Logo, não poderia
ser por aí que o assassino teria entrado. O assassino só
podia ser de dentro, logo em face o que atrás foi dito é mais uma prova da
culpabilidade do A. Pastor. (factor de valorização) O facto de, entre
os muitos quadros que estavam na sala, estar apenas UM ligeiramente afastado,
deixando à vista um cofre aberto, não só nos diz que o móbil do crime terá
sido o roubo, mas também que o assassino é de dentro da casa (sabia a
localização do mesmo) o que não seria possível se o assassino viesse de fora,
o que nos diz confirma melhor a sua culpabilidade. (1 ponto) Alem disso, o A.
Pastor, segundo disse, passava muito tempo sozinho com o tio (vítima), muitas
vezes até quase de madrugada, logo tinha toda a disponibilidade para efectuar o crime à vontade. É, pois, outro
pormenor da sua culpabilidade. (factor de
valorização) Presença do
concorrente: (3 pontos) COMENTÁRIO Este problema número 8 é objetivo, não permitindo
grandes interpretações dos factos. Saliente-se que as maiores falhas dos policiaristas estão no facto de explicarem a janela
aberta, e também de explicarem que se tratava de um trabalho interior, por
causa de o assassino saber qual o painel que ocultava o cofre. Na primeira
situação, considerei correto que a janela que estava aberta servia para
simular um roubo feito do exterior e que esta fora aberta pelo assassino. Mesmo assim ainda houve muitas falhas, pois nem
todos focaram a existência dos 4 elementos: a) diferença no tempo de viagem do
inspetor e de A. Pastor; b) impossibilidade de visualizar os olhos da vítima
a partir da porta; c) trabalho feito por alguém de dentro da casa, que tinha
conhecimento de onde estava o cofre; d) explicação da janela aberta. Foram poucos, os concorrentes que erraram a
indicação do assassino, mesmo assim ainda foram oito aqueles que indicaram um
criminoso errado. Quanto à classificação de As Melhores, foram considerados, prioritariamente, os aspectos indicados pelo autor do problema, Faria, e para desempate outros pormenores que não foram focados pelo autor. |
©
DANIEL FALCÃO |
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