Convívio 14º Convívio “Mistério… Policiário” (Marinha Grande) Data 26 de Dezembro de 1976 |
14º Convívio “Mistério… Policiário” (Marinha Grande) [26 de Dezembro de 1976] In Mundo de Aventuras, nº 180 – 10 de Março de 1977 Marinha
Grande – Um Convívio em que houve convívio Marinha Grande, quase 13
horas de um belo domingo de sol. Quando parei à porta do «Snack» Convívio ia
perfeitamente convencido de ir mergulhar em mais uma almoçarada de amigos, em
que se come bem e se bebe melhor, se discutem problemas, se diz até para o
mês que vem e se reentra no carro!... É o costume! Mesmo assim todos sabemos
que vale a pena. Um amigo vale sempre a pena. Quando são vários os amigos a
reencontrar vale várias vezes a pena! Cheguei. Fui o último… mas
cheguei. Lá estava o Vítor Hugo, sempre impecável (e para mais hoje, como
anfitrião!), os pais – D. Fulana e Cicrano, ambos Beltra(n)o
de apelido, velhos amigos de há muitos anos (o Cicrano
é mesmo um «doloroso» amigo, pois foi a único pessoa que conseguiu o milagre
de me arrancar 2 – dentes – 2!). Estavam também o Anagran
e o Zéal (ambos da «cidade» capital do vidro) e os
estrangeirados… Quem eram? O «Sete», com a sua camisola castanha de gola
alta, o Durandal, e mais o seu cachimbo de fumaça
intelectual, O Gráfico, o Detective Misterioso e o
seu flamejante casaco de pescador (de copos!) vermelho e branco que deu o ar
mundano e «à la mode» à reunião, o Pal que fala baixinho e é baixinha, o Delgas
que até é delgado, o Ubro Hmet
que tem um raio de um pseudónimo que eu nunca sei como se escreve e é o
grande rival do meu «sócio» Hal Foster
na classificação anual do Especial (puxa, que eu hoje estou com veia
poética!), estava o Carlos Duarte que só bebe laranjada (credo! Trata-te,
rapaz!) e estavam o super-sónico Johnny Hazard e a sua hospedeira de bordo Paraíso, carregados de
rebentos aeronáuticos por todos os lados e estava, salvo erro, a filha do
Vítor Hugo. Também estava um «rapazinho» de bigode, bom bebedor que dá pelo
nome de Mabuse! Quando cheguei, houve
vários milhares de milhões de abraços e passámos à sessão de fotografias (e
eu com uma sede de 200 quilómetros!). O «Sete» foi o realizador desta fita e
desata a fazer bonecos com aquela máquina diabólica que raramente tem rolo e
frequentemente estraga fotografias… Foi bonito! Comovente e
familiar, direi mesmo! Em seguida, seguiu-se,
seguidamente, o almoço! Finalmente! Um certo sector «beirão» (o Misterioso, o
Mabuse e… não digo, por vergonha) atacaram
desesperadamente o inimigo – na ocasião uma sopinha, uns bifinhos, umas lulas
e uns objectos esguios com um líquido colorido de
que eu não sei o nome. Atacaram e venceram. Tiveram algumas perdas, é certo
(de lucidez, claro) mas venceram. Estavam as coisas neste pé
quando lhes deu para a ternura e começaram a invocar os ausentes! Que não
tinham sabido, que não tinham tido transporte, etc… Perdoaram a todos mas não
ao Jartur nem ao M. Lima. É que estes fazem sempre
uma falta dos diabos. Sobretudo porque quando não vem o M. Lima não se bebe
do verde!... E isso é grave. Sobretudo para o M. Lima que lá não está, porque
os outros sempre se vão safando com o maduro! Estávamos ao café,
não-solo, quando o Vítor Hugo anuncia que íamos todos para caso dele em S.
Pedro de Muel e começa a correr a «boca» (altamente divisionista, aliás) de
que havia um problema a resolver de tarde! Que problema! Eu ainda pensei que
os ares do pinhal e a maresia aclarassem os espíritos e a malta pudesse actuar em conformidade. Qual o quê! Chega o pessoal
todo a S. Pedro, abancamos em casa do Vítor
Hugo e desata tudo o falar a sério.
Banda desenhada para aqui, copos para ali, Policiário para aqui, copos para ali, Convívios para aqui, copos para ali… Estão a
ver o esquema! Eis senão quando alguém se lembra que eu havia de fazer a acta da reunião. Aí… eu engasguei-me (estava a respirar,
naquele momento!). Fui democraticamente obrigado a aceitar e para entrar em
forma lá fui comendo umas chouriças, uns salgadinhos, umas conservas, um pão
quentinho, tudo acompanhado com um produto novo, recém-aparecido no mercado e
que se chama H2O PÉ. Não me perguntem o que é… Mas lá que é bom, isso é! Ora, assim sendo, vou
cumprir a missão e sumariar os aspectos focados
nesta mesa rectangular, baptizada
pela Plataforma de S. Pedro de Moel: – O Vítor Hugo agradeceu à
multa toda e disse qual o objectivo da Tertúlia da
Marinha ao organizar o Convívio nestes moldes – fugir à rotina e à formação
de pequenos grupinhos e dar a todos a oportunidade de falar de modo a que
todos ouçam. – Em seguida falámos do
«nosso» Torneio «Primeiras Buscas…». Criticámos algumas coisas… A principal
foi o facto de os Testes de Cultura Geral se estarem a transformar em
autênticas adivinhas. Realmente é triste que, na caça aos pontos perdidos por
outros concorrentes, se recorra a livros escritos em francês e, o que é mais
grave, se cometam erros de lesa-cultura geral em certas perguntas. Um
exemplo? O Modelo de Goya para as «majas»… É preciso fazer notar a toda a gente que a Duquesa de
Alba não é uma figura historicamente provada e há mesmo tratados que negam a
sua existência. Para obstar a estes inconvenientes foi proposto que o autor
de um teste fosse classificado apenas com o máximo de pontos atingidos pelos
concorrentes acertantes. – Os problemas policiários
devem ser escritos com o cuidado necessário para conduzir apenas a uma
solução e todos os problemas necessários à resposta devem lá estar. – Porque não um conjunto de
regras a que todos os testes e todos os problemas policiais devem obedecer? – Foi exarado um protesto
pela não comparência de ninguém da «Agência Portuguesa de Revistas» e
especialmente do «Mundo de Aventuras», à excepção
do «Sete». – O «Sete» teve
oportunidade de esclarecer o critério que preside à atribuição das «Menções
Honrosas». Para ele não basta escrever 11 páginas num problema. É preciso que
o solucionista seja regular e consiga, sem precisar das 11 páginas, dizer o
que quer de um modo que todos percebam e se distinga das outras respostas! – Hipótese o ponderar um Problema de
Cruzadas (que vale, por exemplo, 180 pontos), não pode ser integrado num
torneio de testes que, todos juntos, não somam esses 180 pontos! Logo – um
torneio só de cruzadas e um torneio só de testes! E mais, muito mais, haveria
a dizer. Só que o espaço é tão pouco! Foi algo de positivo esta troca de
opiniões e esperamos que, com a discussão dos outros leitores, tenhamos
contribuído para melhorar um pouco mais a nossa secção. Não quero terminar
sem referir que o tal problema apareceu. Era uma obra-prima do Anagran e do Zeal. Um mistério
de sombras chinesas que talvez o «Sete» consiga publicar e que terá, vão ver!, o maior interesse! Aliás, o Zeal
é um «truta» no desenho. Se vissem as caricaturas que ele distribuiu no fim,
a alguns presentes! Não houve prémios. O prémio
foi aquela maravilhosa convivência que nos leva, certamente, a não perder o
III Convívio na Marinha Grande. Nós e vós… não tenho dúvidas! Uma última
palavra (os últimos são os primeiros) aos organizadores – Parabéns. Foram o
máximo! Aos pais do Vítor Hugo o nosso bem-haja pela maneira indescritível
corno nos fizeram sentir em nossa casa na sua própria casa. E pronto! Já chega de
conversa. Até ao próximo Convívio, «aquele abraço» do
ZÉ 26 de Dezembro,
na Marinha Grande, com um belo dia de sol. À entrada do «Convívio», antes do
almoço e do convívio, da esquerda para a direita: Zé;
Ubro Hmet; Paraíso e seus 3 filhos; Pal; Cicrano; Filha do Vítor Hugo; Fulana; Durandal, Carlos Duarte; Mabuse; Detective Misterioso;
Delgas; Vítor
Hugo; Johnny Hazard; O Gráfico e, mal se percebendo, o Amagran + O
Convívio Marinhense – Visto pelo Mabuse
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DANIEL FALCÃO |
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