ARQUIVO M. LIMA

REPORTAGENS DOS CONVÍVIOS

 

 

Convívio

II Convívio Policiário de Abrantes

 

Data

24 de Abril de 1977

 

 

 

 

II Convívio Policiário de Abrantes

[24 de Abril de 1977]

In Mundo de Aventuras, nº 189 – 12 de Maio de 1977

E foi o II de Abrantes… Esplêndido domingo cheio de sol, alegria e tudo a correr pelo melhor. A Tertúlia Abrantina teve à sua volta perto de três dezenas de amigos! Melhor: contando com os «miúdos» – aqueles que um dia mais tarde hão-de constituir uma outra vaga… – estiveram à mesa 34 convivas!!!

Nomes?... Pois não me custa nada… Simplesmente, ficou algures a relação feita no decorrer do almoço… Um pedido: agradeço que ma enviem!

Mas vamos ver se consigo chegar aos trinta e quatro… Do Porto, estavam: Jartur, M. Lima e Padre António… Da Marinha Grande: D. Celeste, Vítor Hugo e o filho de ambos… De Lisboa, e no carro do Sobral (Almada), seguiram mais os seguintes: Magalhães, Delgas e Dr. Acaso com o filho do Sobral… No carro do Mabuse, seguiram: Detective Invisível, Carlos Duarte, Ubro Hmet e Satanás.

Até aqui já estão 16… Só falta a outra metade… e

De Lisboa e no comboio, seguiram: Pal, Detective Misterioso, Apuleius, La Salette, a filhinha de ambos e… (a que todo o mundo estava a desejar que nascesse em Abrantes, para a «malta» lá ficar… Era uma desculpa…), Belém Valente, O Gráfico e «Sete»

Da Tertúlia Abrantina, recordamo-nos de: Jomape, Zé-Maria, Johnny Hazard e Paraíso com dois dos filhos de ambos… Rapsag e a sua noiva

Estava ainda o Batman e… mais um de quem não recordo o nome. Estiveram também, por momentos, e connosco, o Henrique, ido de Lisboa, com os pais.

Do que foi, outros irão escrever…

Para já, e pelo extraordinário convívio de um domingo inteiro, acabando lá em baixo, no Rossio, para cá da estação, naquele delicioso chouriço assado… e bem regado!, muito para além das 21 horas (!...), um grande abraço a envolver toda a Tertúlia Abrantina com um muito obrigado! Bem hajam, amigos! Foi, na verdade, um Convívio! Um domingo bem passado!

SETE

 

In Mundo de Aventuras, nº 197 – 7 de Julho de 1977

UM GATO É UM GATO… E UM CONVÍVIO É UM CONVÍVIO

IN «LIVRO DAS CITAÇÕES PERDIDAS» – DO AUTOR

O CONVÍVIO DOS «MÁXIMOS»

OU O MÁXIMO DOS CONVÍVIOS

Como sempre tem acontecido àqueles que com toda a sua vontade participam na família policiária-bandófila, muitos estiveram caídos em Abrantes… Convém frisar desde já que Abrantes tem sido dos poucos lugares onde os Convívios do «Mundo de Aventuras» / «Mistério… Policiário» não têm caído na pérfida inoperância e incompetência… Isto acontece porque desde uma escolha de restaurante à pressa – em dois ou três minutos – até um silêncio cúmplice dos organizadores, tudo se tem passado noutros locais…

O que aqui estou a dizer, mais do que um ataque pessoal e directo a múltiplas pessoas, pretende ser uma chamada de atenção – que aliás parece impor-se.

Vendo especificamente algumas das causas do que se tem passado: comecemos pelo que a que se têm restringido muitos dos convívios: encher a mula; chegamos a uma terra, falamos disto e daquilo e toca a pôr a alcofa às orelhas – contra mim próprio falo – ao almoço, depois ao lanche e por aí fora, isto sem que na maioria dos casos se chegue a distinguir almoço de lanche ou de jantar. Muitas vezes, talvez por um estado de espírito particular, me lembrou o filme «A Grande Farra» – «Il Faut Manger, Il Faut Manger».

Um outro acontecimento já tradicional são os testes e problemas. Já nos aconteceu serem-nos postos como «tampa» para não comermos mais – estamos em austeridade… Já no-los deram após início da digestão, compreensível, mas contraproducente já que nesta altura a capacidade de raciocínio está temporariamente reduzida. No entanto os problemas são sempre indispensáveis.

Apesar do encontro e permuta de opiniões e pessoas, que parece ser a principal função dos convívios, estes têm pecado por uma falta de dinamização. Não é raro ver elementos a olhar para o ar… É natural que as ideias, muitas vezes, se façam omitir; em todo o caso existe sempre uma saída que vai desde o fazer valer os recursos naturais de cada região até organizar campeonatos de berlinde (!?!).

Havia presenças que eram habituais nos convívios, para onde foram, porque fazer sentir a sua presença?

Os convívios deviam renovar-se um após outro, fazer sentir que a idade de uma coisa não a deve fazer perigar. Que idade deve significar maturidade e não saturação. Há que fazer dos convívios o símbolo de mais de 10 000 leitores bandófilos, e mais de 1000 policiários concorrentes.

Ninguém olvide que a estagnação é o primeiro passo para a morte!...

 

Os três com mais presenças nos Convívios?... Talvez…

Jartur, Detective Misterioso e Vítor Hugo

 

As gloriosas produções «SETE DE ESPADAS» apresentam a

«SUPER-PRODUÇÃO» «CONVÍVIO EM ABRANTES» (Variação II)

Filme mudo (pois precisa de legendas) em várias bobinas.

Gracioso acompanhamento musical da Grande Orquestra Policiária.

I BOBINA

(Som de música ao estilo anos 20/30, tocada numa rotação superior à normal)

«SETE DE ESPADAS» E OS «SETE MAGNÍFICOS»

Chego aos Restauradores, à espera da gosma de uma boleia do Sobral – tal como no ano passado… Chega o Sobral no seu «Cadillac» e, há gente a mais! Mas eis que vejo passar pelo passeio público da Avenida da Liberdade uma charrette… Mando-a parar e sigo para Santa Apolónia: o trem deveria partir às 8.30 horas… e já eram 8.15 horas!

Santa Apolónia 8.25 horas: reúno-me aos restantes 6 magníficos: Detective Misterioso, O Gráfico, Apuleius + La Salette = Sónia e Pal; e claro «Sete de Espadas»!

II BOBINA

(Como fundo o som que se costuma ouvir nos enterros na Sicília e Grécia (tradicionais))

UMA VIAGEM NOS TRENS ÚLTIMO MODELO DA C.P.

A C. P. para variar havia dado uma informação errada (se não fossem estes pequenos aliciantes que seria do imprevisto da aventura?!). Por várias vezes se havia inquirido a que horas haveria comboio para Abrantes, por várias vezes nos haviam dito: às 8.30 h.

Por azar o comboio era às 7.30 h. Resultado: apanhou-se o «Expresso» das 8.50 h. directo para o Entroncamento.

Havia que matar o tempo para fazer horas. Matámos todos o «bicho», estava tudo em jejum…

III BOBINA

The tornado» em «Telstar»)

ENTRONCAMENTO – DO TELEFONEMA E A ESPERA

Estando no Entroncamento, havia que improvisar. Eis que se procura um café e o «Sete», corajosamente, direi mesmo heroicamente, tenta fazer um telefonema. As meninas, ora porque estivessem a ler a «Crónica Feminina», ora porque estivessem a «coser» na casaca dos vizinhos – à boa moda portuguesa – demoraram só meia hora a receber o pedido da chamada… A outra meia hora foi para fazer a ligação… Pouco depois, estilo gincana, Johnny Hazard e Zé-Maria apareciam nas suas máquinas…

 

«Há sempre uma fonte desconhecida que espera por nós…»

Na «fonte» do Entroncamento… Aguardando transporte

 

IV BOBINA

(Um tema de Waldo de los Rios, o argentino/espanhol…)

ABRANTES

Não sem que antes se tivesse ido ver meia dúzia de tipos em cuecas atrás de uma bola (geralmente chama-se-lhe «Futebol») viu-se um golo ou dois e pouco depois eis-nos em Abrantes.

Já todos estavam em Abrantes, no café do costume, vindos do Norte, Sul, Centro, Oeste, Este, aquém e além-mar; todos minha gente,

Uma coisa interessante, embora não se tratasse de um convívio ecuménico, até um padre esteve presente. Aliás, progressista como poucos: coleccionador de banda desenhada e de notas de 20 escudos, e não só…

Após vermos quem estava e não estava e o bate-papo que se iria prolongar, eis que fomos para o local do almoço.

V BOBINA

(Carga da Cavalaria Rusticana, e mastigar; depois o chilrear da Natureza…)

ALMOÇO E AÇAMBARCADORES

 O almoço, como seria de esperar – o ano passado já havia sido o mesmo –, foi bem servido.

No que me diz respeito só repeti uma vez os filetes e duas o cabrito – não estava com grande apetite… O teste e as Cruzadas interpretadas, após sorteio entre os totalistas, foram açambarcados pelo Carlos Duarte. Também após o almoço o Jartur abriu uma vez mais o porta-bagagens, repleto de banda desenhada e eis outro açambarcador: Vítor Hugo, que agarrou num montão de «Cavaleiros Andantes» e meteu tudo no seu carro…

Este ano, à falta de lojas abertas – tal como no convívio do ano transacto – onde fôssemos buscar revistas, o Jartur substituiu-as, e bem. Estava a ver que no fim ia vender o carro aos bocados…

Ao estilo de passeio dominical de quem vai de Lisboa até Sintra e volta, nós fomos até ao Castelo – fechado – e ao jardim-miradouro que perto existe.

 

Nas mãos do Jomape, o «Caso Morel»… enquanto o Detective Invisível (que paradoxo!...)

saúda a aguardente, sob as vistas do Mabuse

 

VI BOBINA

(Som de cantar à desgarrada – muita gente há já alegre)

PETISCANDO

Uma pinga, bacalhau assado e chouriço eis a continuação do programa… Muitos foram-se embora a meio… Isto aconteceu numa adega já conhecida dos convívios e em especial da Tertúlia Abrantina. Ali permanecemos umas horinhas falando disto e daquilo…

VII BOBINA

(«Adeus ó terra

Adeus linda terra

Que me vou embora…»)

NA DESPEDIDA

Já na estação, cerca das 22 horas, eis que o Detective Misterioso, de fato domingueiro, havia manchado a camisola branca com a bela pinga… A preocupação atormentava-o, e se chegasse a casa e a patroa lhe olhasse para a camisola?... Levaria com o rolo da massa? !... Mas eis que surgiu uma ideia: voltar a camisola! E voltou mesmo… Mas a vítima é sempre O Gráfico: «Diz que eu é que sou a vítima, que tenho de levar o Misterioso até ao outro lado».

Mas tudo acaba bem, quando tudo fica bem!

Chegados a Lisboa cerca das 24 horas rumámos todos a casa. Um dia que se havia passado muito bem e em que só se podia agradecer a todos por nos terem aturado, e por tudo o resto.

Uma alegria, mais uma e grande, ficava connosco: La Salette vai dar-nos dentro em pouco mais um jovem policiário; mais um ser que vai entrar na Família Policiária!

Não mencionei os nomes dos presentes pois omitiria de certeza a maioria, muito embora no meu espírito todos estejam presentes (e bem)!

BELÉM VALENTE  

© DANIEL FALCÃO