ARQUIVO M. LIMA

REPORTAGENS DOS CONVÍVIOS

 

 

Convívio

III Convívio Policiário da Marinha Grande

 

Data

18 de Dezembro de 1977

 

 

 

 

III Convívio Policiário da Marinha Grande

[18 de Dezembro de 1977]

In Mundo de Aventuras, nº 237 – 13 de Abril de 1978

O Grande Convívio da Marinha Grande

Reportagem de UBRO HMET

Por estranho que pareça, para mim o convívio começou na estação do Rossio! É que desta vez, três «traidores» abandonaram a equipa do carro do Mabuse, que partia só no domingo… Se podíamos ter dois dias de convívio porque não aproveitá-los? E assim lá estávamos, no sábado, o Carlos Duarte, o Satanás e eu, a apanhar o comboio para… Torres Vedras! Não, não me enganei no convívio que estou a relatar: nós íamos a Torres Vedras apanhar a boleia do Durandal (Reparem só… Já está tão viciado nos convívios, que até os troca pelo dia do aniversário do casamento!...). A viagem (já no carro do Durandal) foi fértil em curvas e em emocionantes relatos de «aventuras passadas»… (então o Satanás, nisso é um especialista!...). Chegámos ao primeiro local de encontro combinado: Nazaré. Lá estavam o «Sete», o Detective Misterioso e o Medeiros, seu colega de trabalho já nosso conhecido do convívio de Torres Vedras. Estranhou-se ausência dos habituais convivas Pal e O Gráfico… Depois de devidamente «chagados» pelos propagandistas rivais dos restaurantes locais (só lhes faltou arrastar-nos à força!), acabámos por optar por um restaurante mais pacato, onde decorreu o almoço. Esperou-se mais do famoso peixe da Nazaré… Para o Medeiros… fica como a terra onde o obrigaram a comer sem beber! Não sei se embirraram connosco, mas não quiseram servir o tal «branco, geladinho» que tinha sido pedido… Fica na história!

Chegámos, por fim, ao verdadeiro local do convívio: S. Pedro de Moel. O primeiro dos «da casa» que encontrámos foi o Zé: abraço para aqui, abraço para acolá, e ficámos num café ao pé da praia. Tenho a impressão que nesse dia falámos de tudo! De latim (!) a Cruzadas, passando por Policiário, Futebol e sei lá que mais… Sobretudo, houve «paleio». Aliás, para que servem os convívios?

Não queria deixar de pôr um epíteto ao Vítor Hugo: o rei dos anfitriões! De uma vivenda ao nosso dispor, aos mais refinados «comes e bebes», tudo ele forneceu! Aqui fica expresso o nosso agradecimento, a si e a toda a sua família. O também já disse que para o ano a sua casa em S. Pedro já estará pronta para nos receber. Demos lá uma saltada, onde cumprimentámos a sua família. O próximo convívio em S. Pedro de Moel, promete!...

Fomos jantar a um restaurante perto de S. Pedro, que não era mau, mas do género de só trazer o prato quando a sopa já estava digerida… Como não podia deixar de ser, à noite houve cartas: jogou-se «king» (ouviu-se muito a expressão «maldito rei de copas!...»), sueca, e o tal jogo muito esquisito já referido noutra reportagem… Só que desta vez o tinha-me lançado «mau-olhado»!.. _ E há lá um «menino» chamado Durandal que deve ter muito «azar aos amores»… ou o provérbio está errado! O Amagran e o Zeal também ali apareceram, e participaram nas cartadas. O que foi chato, mesmo chato, foi ninguém ter querido jogar o «montinho» ou o «sete-e-meio» com o Medeiros! Foi o castigo de estar tão falador… Só visto…

Depois de um sono reparador (3 horas, no meu caso), era altura de prosseguir o convívio. Chegaram no carro do Mabuse, o Detective Invisível, o Delgas (que eu tive o prazer de conhecer), e o próprio Mabuse, é claro. Apareceram ainda o Jomara, o Apuleius, esposa (La Salette) e filha (Sónia). O «pessoal» do dia anterior por lá andava (peço desculpa se me esqueci de alguém). Verificámos que o tempo não quis alinhar na futebolada que estava planeada: choveu que se fartou, de noite, e o campo (até campo tínhamos!) não estava operacional… Antes seria jogar pólo-aquático! Foi uma pena: já se planeavam hipóteses de constituição de equipas, como «Lisboa contra o resto do mundo», etc., e quase todos estavam equipados. Fica para a próxima.

No que me diz respeito, o almoço foi de se lhe tirar o chapéu. Não faltou um teste, nem a oferta de uma «Cronologia Mundial da Banda Desenhada do Século XVIII à Actualidade», muito interessante e em continuação. Lamento não ter anotado qual o vencedor do teste, mas nessa altura ainda não tinha sido «designado voluntário» para fazer esta reportagem… Parte da tarde foi preenchida por uma reunião, na vivenda do Vítor Hugo, em que se falou de banda desenhada, Policiário, etc. Eu sei, eu sei que fiz um esboço de uma acta… Só que não sei onde ele pára. Vou ter de confiar na memória: entre, estou certo, outros assuntos, falou-se do «Clube Português de Banda Desenhada», que parece ameaçar tornar-se o «Clube Lisboeta de Banda Desenhada», por falta de contacto com os elementos de outras localidades; lamentou-se a rara comparência aos convívios de um elemento do «Mundo de Aventuras»; sugeriu-se ao «Sete» que, se possível, passasse a levar para os convívios publicações da «Agência Portuguesa de Revistas», onde não faltarão interessados; aliás, porque é que o «pessoal» dos «fanzines» que se publicam por Portugal fora, de banda desenhada e outros assuntos, não aparece nos convívios, à semelhança do que faz de vez em quando «A Prancheta»? Teriam uma excelente oportunidade de divulgação. Peço desculpa da tosca acta. Creio ter referido os assuntos principais focados.

Enquanto isso, as equipas rivais já começavam às turras… Uma delas afirma lutar por colocar os cinco elementos nos cinco primeiros lugares, e por todos os prémios da semana… Outra, mais modesta (ou é só para disfarçar?), já se satisfaria com um terceiro lugar, e um ou outro prémio da semana… Vejam lá se descobrem quais elas são: a primeira, tinha presentes dois elementos, e a segunda, quatro. Só lhes falta andarem às «dentadas»… (No fundo são mais os abraços!).

E foram os abraços. Chegou-se ao fim. Agradecimentos, despedidas e… a espera do próximo (é que já há quem não possa passar sem o seu convívio mensal). Foi o regresso a casa, ainda ele convívio.

Que esta prosa não lhes tenha desgostado, são os meus votos.

 

 

A Marinha Grande está, de facto, aqui representada. Mas vejamos, da esquerda para a direita: de «careca» brilhante, o Medeiros, que conversa com o Detective Invisível (…que mal se vê…); logo seguido de Amagrin (que, pelos vistos, tanto ele como os restantes, estão pretos na palavra do Jomara); a mãe do anfitrião, Fulana; na sua frente o Carlos Duarte; à esquerda a La Salette; de «branco», o Satanás e a «fugir da fotografia», o Jomara

 

A cabeça do Satanás; Henrique, filho do Vítor Hugo, de costas; Ubro Hmet; Delgas; ; Medeiros e Detective Misterioso

© DANIEL FALCÃO