Convívio Convívio Policiário de Abrantes Data 1979 Publicação Mundo de Aventuras, nº 337 20 de Março de 1980 |
Convívio Policiário de Abrantes [1979] Reportagem de PAL O dia
estava lindo, mas nos anteriores tinha chovido imenso e por isso todos
pensámos que não haveria muito frio e não fomos muito agasalhados. E como o
encontro com o Durandal
fora combinado para o Campo Grande, lá estávamos todos três – «Sete», Pal e Detective Misterioso – esperando por ele e pela Ifta, mesmo à beira da estrada
onde o vento era (sem exagero) quase ciclónico e o frio uma verdadeira
calamidade ao ponto de sermos recolhidos pelo «Mercedes», quase transformados
em geladinhos «Rajá». E isto durante 60 minutos de espera (que dito desta
maneira, sempre parece mais tempo do que dizer 1 hora!); quando, ah! Milagres
dos Milagres, ei-lo que chega!! O tão desejado,
mesmo não se chamando Sebastião, nem a manhã ser de nevoeiro… Reprimendas,
desculpas, justificações, foi o que se ouviu durante alguns quilómetros
dentro daquele «Mercedes» papa-léguas. E isto até que a música mudou. Mas
sabem o que aconteceu, aquilo que fez o Durandal chegar com tanto
atraso? Partindo de Torres Vedras, e depois de muito andar, acabou por
encontrar a estrada fechada por causa da chuva; deu meia volta, regressou à
origem e seguiu por outro caminho em melhores condições, até que finalmente
nos apareceu. Então, chegámos todos ao segundo acto
do.drama: ficámos encalhados numa bicha de carros,
carrinhos e carroças, porque, lá muito ao longe, dois dos ditos sequiosos de afecto, resolveram dar um grande «beijo» e toda a gente
teve de esperar o pronto-socorro. Fartos
de esperar, e como o Durandal
já estava treinado em arrepiar caminho, deu meia volta (que drama que foi!) e
eis-nos a andar para trás, a tentar apanhar outra estrada sem atritos. Mas
esta… oh, desgraça!... não
tinha bicha, mas tinha buracos; buracos cheios de água, o que nos pareceu
estarmos na região dos mil lagos. Mais um pouco e estávamos praticamente
«navegando»! Só quem
já viu os filmes do «007», pode avaliar como foi bela aquela transformação do
carro em barco, mesmo sem carregar num botão!!, e
nós com água por todos os lados, menos por um, que era lá dentro, onde as
duas passageiras eram as únicas com coragem de confessar o medo que tinham de
cair num buraco mais fundo e lá ficar! Mas há
mais, mais e pior! Fazia
calor, nós agasalhados, as janelas fechadas – isto porque os ruídos
exteriores perturbam a condução do Durandal (parece que ele só gosta de «ruídos interiores»!?!!) ; e então, eis senão quando, o Detective Misterioso, que já suava como um
estivador em dia de chegada de qualquer cargueiro, pede ao Durandal para
parar um pouco. Parámos e ele saiu, agarrando-se à porta mal aberta. A Ifta também
saiu, para ele passar para o banco da frente. Como eu ia ao lado do Detective Misterioso, percebi que havia algo
de estranho e quando vi a cara dele, passar por todas as cores do arco-íris e
ficar-se no verde, agarrei-lhe num braço, tudo isto em precária posição e não
consegui aguentá-lo porque ele resvalou e estendeu-se ao comprido; saltaram
os óculos, a Ifta
parecia uma estátua do museu do Louvre (isto significa, uma estátua bonita) e
eu estarrecida ao ver uma cara verde a olhar para mim. Os
outros dois cavalheiros estavam a leste do grande drama esperando que o Detective Misterioso tomasse ar suficiente e
conversando na maior das calmas!... O Detective Misterioso desmaiara! Eu
queria acordá-lo, apanhar os óculos, dar vida à estátua, chamar a atenção dos
outros, mas só consegui apanhar os óculos e dar-lhe pancadas na cara e dizer:
«Acorde, acorde!!...». Parece-me
que o «acorde, acorde», só fez efeito na «estátua» que acordou naturalmente e
disse ao condutor para não recuar o carro, pois a cabeça do Detective Misterioso estava juntinha da roda e
por fim o desmaiado acordou também, dizendo ter tido a sensação de lhe
fazerem «festas» na cara. Que descaramento! As minhas pancadas não foram
propriamente bofetões (deviam ter sido, mas eu tive medo das consequências!!...); mas festas!!;
com franqueza, já é descaramento!!! ! E assim foi. Mas não ficámos por aqui. Mais
adiante, depois de passarmos por Arripiado (nós é
que íamas mesmo arripiadinhos!)
ao atravessar ima ponte, vimos muita gente junta, o parapeito rebentado – e
se discutíssimos aqui «A Morte na Ponte»? – e lá em baixo, embora não o víssemos, disseram ter caído
um automóvel. E terminou o drama. E
felizmente, sem mais problemas, chegámos ao nosso
destino, bem a tempo dos nossos amigos, que já desesperavam de nos ver, terem
dado início ao almoço que tinha como entrada uns belos passarinhos fritos que
o Johnny Hazard
caçara na véspera. Trocámos cumprimentos, contámos a nossa
odisseia, almoçámos e resolvemos um enigma topográfico, um enigma
tipográfico, tudo isto para desenferrujar cinzentas (onde é que eu já ouvi
isto?) e os premiados foram a Ifta com o enigma topográfico, o Sobral, com o enigma tipográfico, e o Detective Misterioso no combinado. Notou-se a falta de muitos que, mais ou
menos sempre apareciam. Que é feito de vocês? Tivemos o Johnny Hazard que foi o organizador,
mais o Zé Maria; a Paraíso e os seus três herdeiros; o «Sete de Espadas», Durandal, Detective Misterioso, Ifta, Pal, Magalhães e as duas filhas, o Jomape, Ricky Lake, Batman, o Vítor Hugo e Fulana, o Sobral e o filho, a Salette e o Apuleius. Foi um
convívio numa linda cidade, maneirinho, aconchegado e com boa camaradagem
como é costume. O «Restaurante Tiborna»,
além de servir bem, ofereceu esferográficas com o nome da casa a todos os
presentes. E assim
foi mais um. No próximo, lá estaremos. Para todos, presentes e ausentes, um
abraço amigo. PAL |
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©
DANIEL FALCÃO |
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