MISTÉRIO E AVENTURA

Publicação: “A Vida Mundial Ilustrada”

Data: 18 de Janeiro de 1945

 

 

 

 

1º CONCURSO MENSAL

 

PROBLEMA Nº 2

 

O ROUBO DAS JÓIAS

Autor: O Lobo Solitário

 

Depois de ter examinado o cofre e o escritório da residência de D. Alvares de Meneses, donde tinham desaparecido as jóias de família, avaliadas em mais de dois mil contos, cujo herdeiro era o único sobrinho Gabriel – o inspector Marques fez um ligeiro apontamento da sala e da saleta contígua.

De seguida, informou-se melhor acerca do que acontecera. Interrogou os dois criados da casa, Francisco e Daniel.

Francisco, o mais velho, disse logo:

– Sim, senhor, o sobrinho de D. Alvares chegou cá há dois dias e partiu inesperadamente esta madrugada. Do resto não sei. Dormi toda a noite.

Daniel, porém, que se deitara mais tarde, apresentou outros pormenores:

– Antes de subir, ouvi uma grande discussão entre o sr. D. Alvares e o sobrinho. Falavam em voz alta e irada, e por isso ouvi tudo o que disseram. O senhor Gabriel queria que o tio lhe emprestasse umas dezenas de contos. O sr. D. Alvares recusou. Então, o senhor Gabriel acusou-o de... uns certos negócios ilegais e pediu para ver as jóias. Depois, daí a bocado, apagou-se a luz eléctrica e não houve luz até de manhã. Assim, não chegaram a abrir o cofre! E, cada um se retirou para o seu quarto.

Por sua vez, D. Alvares de Meneses declarou solenemente:

– É tudo verdade, o que os meus criados disseram... Apenas devo ajuntar que perto das cinco horas da manhã acordei com o toque de uma campainha eléctrica ligada ao cofre e situada de propósito no meu quarto. Levantei-me e, pé ante pé, dirigi-me para o escritório, não utilizando luz alguma, pois não queria dar nas vistas. Às apalpadelas verifiquei que o cofre estava aberto. Não fora arrombado, pois as letras do segredo estavam absolutamente certas... E meu sobrinho conhecia esse segredo. Constatei também que corria um ar frio na sala. Vinha da janela, aberta de par em par. A noite estava muito escura. Corri logo a procurar o meu sobrinho. Não o encontrei. Partira... inesperadamente! De maneira que...

O inspector Marques interrompeu-o:

– Os criados são de confiança?

D. Alvares de Meneses encolheu os ombros.

– São!... Mas... dois mil contos podem tentar um santo...

Nessa mesma tarde, Gabriel, o sobrinho de D. Alvares, foi capturado. Apresentou logo um álibi, jurando a sua inocência. Como o tio não lhe tivesse emprestado o dinheiro, partira no comboio das cinco menos dez a fim de se poder despedir ainda dum amigo que saíra de Lisboa, às onze, a bordo do “Quanza”.

Depois de reflectir, o inspector Marques encontrou a solução e procedeu imediatamente.

 

 

QUESTIONÁRIO:

1º – Quem foi acusado pelo inspector?

2º – Qual a prova principal de acusação?

3º – Houve cúmplices no roubo das jóias? Quem? Porquê?

4º – Qual deve ter sido o raciocínio do inspector?

 

© DANIEL FALCÃO