Publicação: “A Vida Mundial Ilustrada” Data: |
2º
CONCURSO MENSAL SOLUÇÃO DO PROBLEMA Nº 1 A ESTRANHA MORTE DE FERNANDO FARIA Autor: Natércia Leite 1º – As
declarações do criado foram falsas. Se o patrão tivesse estado tanto tempo no
banho, a água estaria fria e não emanaria ainda vapores. Também não podia a
chave tê-lo impedido de espreitar, pois que não se encontrava lá chave
alguma, dada a facilidade com que o detective
Santos abriu a porta. Além disso, se o criado queria fazer supor que o patrão
se suicidara, caía num erro porque a cabeça batendo contra a banheira, ao
ponto de abrir uma profunda brecha na nuca, não viria tombar depois sobre o
peito. 2º –
Nada nos pode levar à conclusão que Fernando Faria não tenha falado verdade.
Há apenas a contradição da hora de saída. Mas, dadas as outras mentiras do
criado, é fácil supor que ele tivesse insinuado uma falsa hora de saída de
Francisco Faria, com intenção mais do que duvidosa... 3º –
Fernando Faria não se suicidou. A ferida profunda que apresentava na nuca,
não poderia ser feita por ele próprio. Além disso, se se tivesse suicidado, o
instrumento de que se servira devia estar bem à vista. 4º – Se
Fernando Faria não se suicidou, havia um criminoso. E o criado devia ter sido
o criado, porque prestara propositadamente falsas declarações. E de facto,
preso, ele confessou o crime. Roubara os documentos e com medo que o patrão
descobrisse, porque já desconfiava dele, aproveitou a zanga havida de manhã,
e matou, para fazer cair as culpas sobre Fernando Faria. Mas, ao mesmo tempo,
receoso de possíveis consequências, quis também fazer acreditar num suicídio.
Porém, o vapor de água e a chave hipotética traíram-no irremediavelmente... |
|
©
DANIEL FALCÃO |
|