ENIGMA

Publicação: “A Vida Mundial Ilustrada”

Data: 25 de Abril de 1946

 

 

 

 

PROBLEMA POLICIÁRIO

 

A MORTE VISITOU A TORRE

Autor: Leiria Dias

 

Na torre do castelo, junto ao carrilhão, aparecera o cadáver de um homem.

Tratava-se de Carlos Mesquita, carrilhanor de nomeada.

Junto de si, uma cadeira tombada e uma pistola, à qual se apurou pertencer a bala que o matara.

O Inspector, mal chegou ao local, chamado pelo guarda do castelo, começou por fazer uma análise minuciosa ao acanhado recinto da torre, onde o pobre homem fora assassinado. E dizemos assassinado porque o tiro mortal dado na nuca, não deixava sombras de dúvidas sobre o acto criminoso.

Alguém matara o desafortunado músico, deixando ao pé do cadáver a arma, no intuito irrisório de simular um suicídio.

Além da cadeira tombada e do relógio do morto parado nas 13 horas, que decerto saltara do bolso com a queda do corpo, nada mais o Inspector encontrou digno de assinalar.

Restava, para o raciocínio final e estudo do problema, ouvir o guarda do castelo.

Eis o seu depoimento:

«O sr. Carlos chegou ao castelo pelas 12 horas e, depois de me cumprimentar, pegou numa cadeira e encaminhou-se para a torre, onde disse ir ensaiar alguns números do seu vasto reportório, com vistas a uma próxima exibição.

Mais tarde, aí pelas 13 horas e meia, dispus-me a ir almoçar e quis avisar o sr. Mesquita, mas de um sítio do terraço do 1º andar, de onde se vê a torre, reparei no sr. Mesquita, sentado, tocando o carrilhão, e não o quis interromper. Desci e afastei-me, mas ao chegar próximo da porta de saída, ouvi qualquer coisa que me pareceu um tiro.

Assustado, retrocedi, e caminhei apressadamente para a torre, indo encontrar o sr. Mesquita morto.

Foi então que chamei a polícia. Não sei mais nada.»

No rosto do Inspector parecia bailar já aquele sorriso tradutor de mais uma vitória.

Apenas disse:

– Há nas suas declarações umas “coisas” que não estão certas. Você me explicará isso melhor. Considere-se preso.

 

Pergunta-se:

1 –   Porque prendeu o Inspector o guarda?

2 –   Como lhe parece que o caso se tenha passado?

 

© DANIEL FALCÃO