CLUBE  DE  DETECTIVES

 

MUNDO DOS PASSATEMPOS

 

 

Solução de:

 

O 13º CASO

Autor: Sete de Espadas

(Solução apresentada por Avlis e Snitram)

 

Tudo se passou num arruamento de terra encharcada, mole. Havia várias pegadas nos dos sentidos, não havendo sinais de luta.

No entanto, a descrição de Karter aponta para luta entre dois homens: “Um volta-se rápido, agacha-se, atacando; defendendo-se, o outro desvia-se. Um braço ergue-se, rápido. Volta a descer. Um tiro soa e o corpo cai com um baque sobre a terra mole”.

Ele mente e procura lançar as suspeitas sobre Melvyn.

O arruamento em questão ficava dentro do perímetro da “Vivenda Dália”, com esta enquadrada por ruas. O corpo da vítima estava a cerca de 100 metros da porta principal e a poucos metros da porta do fundo do jardim. Depois, ainda havia as ruas circundando o local. Numa delas, longe, num 1º andar, Karter viu a cena, naquela manhã cinzenta, por entre arbusto. E acusa o colega de todos os intervenientes terem o mesmo físico, as mesmas gabardinas cinzentas e até os mesmos sapatos. Farda do estabelecimento de ensino que todos frequentavam?

De notar ainda que a vítima tinha perto dos pés um chapéu cinzento, que estaria na cabeça na altura do confronto, dificultando o reconhecimento.

Da sua descrição da luta depreende-se que os antagonistas estariam frente a frente.

No entanto, no tiro, a curta distância, chamusca os cabelos, a bala penetra obliquamente, de trás para a frente, um pouco acima do occipital e sai junto ao maxilar inferior. A vítima estaria de costas e agarrada pelo seu algoz, pois não caiu para a frente mas sim de costas.

Karter é o criminoso. Aquela luta que ele diz ter visto alteraria por completo, na terra mole, as pegadas nos dois sentidos, tornando-as irregulares, espezinhadas, desfeitas. Nada disso aconteceu.

A mentira de Thompson é irrelevante: “Que saíra da aula às 10 horas”. Afinal, faltara à dita aula. Se o estabelecimento de ensino se situava a 500 metros, ele vinha pacatamente em sentido contrário e esbarrara com Karter pouco depois das 10 horas (hora da morte da vítima), saltava à vista que, por um qualquer motivo, não fora à aula. Ainda há dúvidas? Olhem-lhe para os sapatos.

 

{ publicado na secção “Mundo dos passatempos” do jornal “O Almeirinense” em 15 de Agosto de 2007 }

 

 

© DANIEL FALCÃO, 2007