CLUBE  DE  DETECTIVES

 

MUNDO DOS PASSATEMPOS

 

 

VAMPIROS DE PRATA

Autor: Jartur

 

“Vampiros de Prata” era o nome da heróica esquadrilha que se exibia naquelas manobras militares, efectuadas numa extensa região montanhosa…

 Durante a manhã, no decurso dos exercícios, os aparelhos supersónicos sulcaram o céu em todas as direcções, desenhando, a velocidades incríveis, as mais arriscadas acrobacias.

 Incapazes de dar valor às suas próprias vidas, os pilotos lamentaram sinceramente a morte do sargento Barradas, cuja causa foi atribuída à temeridade dos jovens aviadores.

 O corpo caíra da alta pedreira, quase verticalmente, parcialmente despedaçado, junto à base da elevação de onde se despenhara.

Como é costume fazer-se nestes casos, foi aberto um inquérito para tentar apurar as causas do sucedido. Com os depoimentos das testemunhas oculares, elaborou-se o respectivo processo, de modo a encontrar-se a quem (ou a que) atribuir as responsabilidades do acidente.

O cabo Félix, única pessoa que no momento do desastre se encontrava próximo do sargento Barradas, afirmara aos inquiridores:

– Nós estávamos a planear o itinerário para o exercício da tarde, quando ouvi o ruído dos jactos. Voltei-me imediatamente e, ao aperceber-me de que eles vinham na nossa direcção, no máximo da velocidade e a pequena altura, atirei-me ao solo, gritando ao sargento que fizesse o mesmo. Ele, porém, não deve ter ouvido a minha advertência e… foi projectado no abismo...

Por sua vez, o major J. Ramos, comandante da esquadrilha, declarara:

– Efectivamente, nós picámos várias vezes, na velocidade máxima, sobre o sítio da pedreira, mas retomávamos altura sempre no momento conveniente, de modo a não fazer perigar a nossa própria vida ou a de qualquer pessoa que se encontrasse no solo. É muito estranho, pois, que o militar possa ter sido projectado pelo sopro de algum dos nossos aparelhos…

 

 Quinze dias depois, em Tribunal Militar, foi o caso dado por encerrado, tendo-se concluído que…

 

{ publicado na secção “Mundo dos passatempos” do jornal “O Almeirinense” em 15 de Julho de 2007 } 

 

 

© DANIEL FALCÃO, 2007