Publicação: “O Almeirinense”

Data: 15 de Janeiro de 2010

 

 

Torneio A. Raposo

 

 

 

 

TORNEIO A. RAPOSO

 

SOLUÇÃO DO PROBLEMA Nº 5

 

UM, DOIS, TRÊS… E ERA UMA VEZ

Autor: M. Constantino

 

Serei breve. Não sou decifrador e apresento uma solução concreta, onde assentam – espero – todos os elementos do enigma. Põe-se a  questão: quem matou quem? Não se  andará longe de se concluir que a ambição matou a   amizade. A morte mais dura!

Entre o bolo único e a necessidade de divisão do mesmo, todos esperariam uma ocasião, que não era fácil no ambiente da cidade, tanto mais que todos usavam disfarces e não se encontravam sem  protecção.

Sérgio deu o mote! Com o objectivo de ir buscar o almoço e já preparado antecipadamente, levou Alcino consigo, deixou cair no cimento algo como uma bombinha de S. João e deixou-se  cair, apertando o tornozelo com um lenço, onde rebentou um  pequeno saco de  tinta (onde  Alcino vê “sangue”) e pede-lhe para ir buscar auxílio junto de Aleixo, que já deixara o telemóvel na bancada, onde Alcino, talvez por sugestão, deixou igualmente  o seu. Depois, na hesitação deste último, indicou-lhe o caminho errado, para que se perdesse na floresta. Entretanto, levantou-se, dirigiu-se ao edifício, utilizou a chave (que mandara fazer, quando lhe entregou as três que estavam na bancada), entrou e, de  surpresa, matou Aleixo, usando as luvas  de  um operário. Largou a chave e luvas. Voltou ao cenário onde  se fizera  ferido, disparou a arma (enrolada no lenço, para não deixar impressões digitais) sobre a coxa, de modo a não ferir muito; mas  a posição da perna enganou-o – esfacelou a artéria, o que lhe provocaria a morte. Entretanto, para completar o seu plano, atirou a arma para a vala próxima.

São detectáveis vários erros de  Sérgio: 1º Só ele poderia ter uma quarta chave, pois, dos três, era o único que acompanhara a obra (e excluímos, por ilógico, alguém de fora); 2º Quando se diz atingido junto de Alcino, apertava  o tornozelo e  este  tiro verdadeiro foi na coxa; 3º Não havia decorrido tempo suficiente para, após o ruído do suposto tiro, ele ter tirado o lenço do bolso, enrolado no tornozelo e para o lenço se apresentar já ensanguentado; 4º Não era realmente sangue  que  tinha no lenço, mas tinta, à base de fucsina e álcool; 5º A posição do tiro  é de cima   para baixo, já  que a bala fica no chão, junto ao corpo. Naturalmente que a  polícia, para além da mão suja de sangue, deveria ter  encontrado nela sinais de pólvora; se o fez, não é dito, mas  é uma avaliação para  o decifrador.

Duas mortes explicadas.

Quanto à terceira, a explosão que mata Alcino, é uma especialidade de Aleixo, que deixa, aliás, bem evidente a marca de denúncia, nos sapatos com vestígios de cimento – os  veículos, ao chegarem, atravessaram cimento húmido, no que ele não reparou, pois Sérgio levou-os por um caminho empedrado até à porta do edifício e não temos conhecimento de que voltassem a sair. Aproveitou a ausência dos sócios para  proceder à execução de um deles... que nem deve ter sabido de que morte morreu.

© DANIEL FALCÃO