DESAFIOS

POLICIÁRIOS

TORNEIO DOS ASES

Prova nº 16

 

 

TESTEMUNHO COMPLICADO

Autor: Paulo

 

O agente Narciso Morais olhou a testemunha que tinha à sua frente. Era o empregado de mesa do hotel onde se dera o crime. A testemunha mostrava estar um pouco nervosa e cheia de vontade de falar.

– Como é que se chama?

– Luís Jorge Campos Rodrigues.

Narciso Morais fez uns rabiscos no papel à sua frente.

– Pode então descrever o que se passou ontem à noite, na sala de jantar do hotel onde o senhor trabalha.

– Ó senhor agente, foi uma grande confusão! Todos eles eram clientes habituais do hotel. De tempos a tempos, reuniam-se lá para jantar. Também havia um par de casais diferentes, que às vezes passava por lá… e de certeza que foi essa a causa do crime. Eu sempre pensei que aquilo um dia acabava mal. Então a esposa de um deles era amante do marido de uma das suas amigas! Estas coisas dão sempre para o torto.

– Ontem à noite fui eu que servi aquela mesa. Era uma mesa redonda onde se sentaram os quatro casais, ou melhor, as oito pessoas.

– Comecei por servir a sra. Carlota que estava sentada à direita do marido da sra. Maria. Estava com um vestido vermelho. Se a juntássemos com a esposa do sr. Firmino, que tinha um vestido verde, parecia a bandeira nacional. Esta que eu disse agora estava mesmo à direita do sr. Faustino. Mas olhe que nem faltava o amarelo para a bandeira. Mesmo à direita do sr. Firmino, ficou a dona Olga, com um lindo vestido amarelo. Olhe que era amarelo, mas era lindo. Depois havia a sra. Celeste, que é esquerdina, o que me faz sempre confusão ao servi-la, sentada à direita do marido da sra. Carlota.

– No segundo prato, comecei por servir a senhora que estava à direita do sr. Cesário, e que era a esposa do senhor Faustino. Estava com um lindo vestido azul. Sabe que, pelas conversas que nós escutamos, já tinha percebido que ela era uma grande adepta do Futebol Clube do Porto.

– Parecia estar tudo calmo, quando em dado momento se ouviram as vozes a elevarem-se, e depois um tiro. Olhei para a mesa e vi o marido da sra. Olga com uma arma na mão, enquanto o marido da sra. Celeste estava tombado sobre a mesa com um tiro na cabeça. Aquilo era só sangue.

Narciso Morais passou a mão pela cabeça, a enxugar um imaginário suor que não existia. Valia-lhe conhecer já o caso, se não nunca perceberia quem era casado com quem, quem tinha morrido, e quem tinha sido o assassino. Já não era a primeira vez que tinha uma testemunha daquelas pela frente. Teria que começar de novo, fazendo as perguntas certas para que algo pudesse ficar registado.

Narciso Morais vai ter que ouvir novamente a testemunha, mas quem tiver lido o que está escrito atrás, já não tem dúvidas.

Escolha de entre as hipóteses que se seguem qual é a verdadeira.

 

A – Rodrigo é o assassino e Firmino a vítima.

B – Faustino é o assassino e Cesário a vítima.

C – Cesário é o assassino e Rodrigo a vítima.

D – Firmino é o assassino e Faustino a vítima.

 

{ publicado na secção “Policiário” do jornal “Público” de 28 de Junho de 1998 }

 

SOLUÇÃO

 

Desafios policiários de PAULO

 

 

© DANIEL FALCÃO, 2005