|
CLUBE DE DETECTIVES |
TORNEIO
RÁPIDAS POLICIÁRIAS 1993 Prova nº 1
– Problema nº 2 |
||
|
O INSPECTOR FIDALGO E O JOGO DE BASQUETEBOL Autor:
Insp. Fidalgo
Era
um dia como outro qualquer, com sol e calor, mas, para o Inspector Fidalgo,
havia alguma coisa de diferente no ar. Era o grande dia do seu sobrinho, um
rapagão de quase dois metros de altura, que jogava aí mesmo… Nas alturas!
Naquela terra pequena, o clube de basquetebol era uma espécie de instituição,
fazendo convergir ao pavilhão verdadeiras multidões, tendo em consideração,
naturalmente, a dimensão da terra. E
era o grande dia porque o jogo que iam disputar teria honras de transmissão
pela televisão, em directo! Daí a grande azáfama e o grande nervoso que a
todos atacava, desde aos jogadores aos técnicos e público À
frente da televisão, o Inspector Fidalgo ia delirando com os principais
lances e, embora achasse que o sobrinho não estava brilhante, longe disso, a
verdade é que também não estava desastrado de todo! Mas
a carga psicológica foi fazendo das suas e, a pouco e pouco, a sua equipa
estava a perder o avanço que fora angariando. E foi quase sem surpresa para
ninguém que, a cinco segundos do final, a equipa do seu sobrinho perdia por
três pontos, tornando quase impossível a recuperação. Cinco
segundos para terminar, o sobrinho com a bola nas mãos e… Um enorme estrondo
desvia a atenção do inspector do seu receptor, correndo em direcção à janela,
a tempo de observar que um tipo qualquer está a tentar assaltar uma senhora,
tendo disparado para o ar, na tentativa de assustar as pessoas que se
juntaram… O
inspector sabe como agir nestas circunstâncias e uma meia hora depois tudo
estava arrumado e resolvido, com o meliante preso e o conflito sanado… Mas o
Inspector Fidalgo ficou sem o fim do jogo, mais do que previsivelmente ganho
pelos adversários do seu sobrinho. Foi
então que o telefone soou e, do outro lado, uma voz eufórica anunciava o
impossível… – Ganhámos, tio… Viu o jogo? Viu bem a minha
jogada final… – Não pude ver, pá, estive ocupado… Conta lá o
que aconteceu nos cinco segundos finais, que foi o que não consegui ver… – Ora, tio, foram todos meus… Ninguém pôs a mão
na bola, nem da minha equipa nem dos outros, apenas houve um jogador a tocar
na bola: EU! Estás a ouvir, tio, foi a minha noite!... – A quantos pontos estavam do adversário? – Estávamos a três pontos deles e sem que mais
ninguém tocasse na bola, estás a ouvir, sem que mais nenhum jogador pusesse
um só dedo na bola… Este menino, zás, virou o resultado e ganhámos por um
ponto!... – Mas… Estás a brincar comigo… Como é que
podias fazer… – Desculpa, tio, mas não posso estar com mais
explicações; telefonei-te porque sempre me deste o teu apoio, mesmo quando eu
falhava totalmente… Agora, neste momento de euforia, vou sair com a
Sandrinha… Sabes, a moça de quem sempre gostei e que não me passava cartão…
Não há dúvidas, triunfar é meio caminho para outras vitórias… Estás a
entender… Adeus tio… – Mas… Adeus… O
inspector estava siderado… O puto estava, certamente a “pintar”, mas para
quê? Para enganar quem? A – O puto “pintou” a história ao saber que o tio
não vira o jogo até ao fim, porque a jogada que afirma ter executado não era
possível. B – Pode ter executado a jogada, mas nunca
somaria os pontos suficientes para ganhar a partida. C – Pode ter executado a jogada e ganho o jogo,
porque isso era possível e viável. D – Mentiu descaradamente, porque em cinco
segundo não se pode anular três pontos de diferença, ganhando a partida sem
prolongamento, sem que a bola passe pelo menos pelas mãos de um adversário. { publicado na secção “Policiário” do jornal “Público” de 24 de Janeiro de 1993 } { re-publicado na secção “Policiário” do jornal “Público” de 2 de Setembro de 2007 } |
|
||
© DANIEL FALCÃO, 2005-07 |
||||