CLUBE DE DETECTIVES |
I TORNEIO
“O LIDADOR… das CINZENTAS” Prova nº 5 |
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Solução de: O MISTÉRIO DO PUNHAL DE OURO Autor:
M. Constantino Quem
tinha acesso ao punhal? Morais, já que trazia a chave pendurada ao pescoço. Eu,
chefe de segurança, tinha-o visto mas faltava-me a chave. Eva nem sequer
tinha conhecimento da sua existência. Mas, Morais não tinha necessidade de
apagar as impressões digitais no estojo. A seu favor
(a reacção pela morte de Diniz poderia ser um disfarce!) conta o álibi
fornecido pelo pessoal do Hospital e mais: sendo ele o criminoso não tinha
necessidade de deixar a arma no corpo da vítima, uma vez que sabia que eu a
reconheceria. Quem
mais estaria em condições de conhecer, efectivamente, a existência da arma?
Certamente, Eva. E neste caso justificava-se que apagasse as impressões
digitais, já que era suposto não conhecer o segredo. É o
peixe a desafiar o gato: quando o marido adormecia após o jantar, por cansaço
ou droga (esta última é uma hipótese, quando se sabe a conduta de Eva e a sua
qualificação profissional), via a chave ao desabotoar a camisa e,
naturalmente, um dia espreitou o estojo. Viu e calou. Quando
apareceu Diniz, reconheceu-o. O mais certo era este querer fazer chantagem.
Teriam sido casados dada a referência de bigamia. Naquele
dia convenceu-a a ir ter com ele. Foi, mas prevenida, já que os telefonemas
constantes levaram-na a tomar providências. Diniz arranjou o chocolate, seu
vício desde a doença curada com esse produto (fórmula de Zacuto
Lusitano), acto que só por si define a quem se destinava, pois não é vulgar
oferecer-se essa bebida a um estranho, o comum é o café, chá ou bebidas
alcoólicas. Eva
não lhe tocara, antes, retribui com um golpe de punhal que Diniz ampara com o
braço mas que atinge o pescoço, atordoado dá tempo para que lhe seja espetada
a arma no peito. Não se importa de deixar o punhal, o marido será acusado,
pois o próprio ignora que ela conhece o segredo. É
um golpe de génio: deixar o calorífero junto ao corpo, para manter o corpo
quente, assim como deixar o carro a trabalhar até esgotar a gasolina (partiu
o tampo para aparentar a suspeita de roubo e a falta do líquido não parecer
estranha), “chauffage” aberta para situar a chegada
de Diniz mais tarde, quando estava protegida com as paredes do quarto. É
claro que do ponto de vista científico, a banana que a vítima comeu apontava
outra alternativa para a hora da morte, mas ninguém nos diz que não teria
comido uma banana às cinco horas da manhã. Dois
vestígios são provas cabais: a tinta – vermelho escuro de cádmio – encontrada
no braço do morto, é tinta de pintar quadros, por sinal a tinta adequada a
retratar uma maça “vila bella”, caída da gabardina
(que parecia camuflagem) que Eva envergava; a mesma gabardina que não me lembrei
de verificar na casa de Morais e que mandei buscar, pois ao perceber pela
autópsia que a vítima esguichara bastante sangue, a gabardina devia estar
manchada (e estava) de mais um vermelho entre outros vermelhos, que a
criminosa não notara. Tive
que soltar o trio, claro, não antes de saber que Celso, nesse próprio dia,
enquanto esperava por Eva, teve ocasião de dar uma volta pela casa à procura
de dinheiro e, inadvertidamente, deixou uma impressão digital no estojo. É
tudo e o mais que o leitor apurar. { publicado no boletim “O LIDADOR… das CINZENTAS” nº 15 de Maio de 2005 } |
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© DANIEL FALCÃO, 2005 |
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