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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 21 EFEMÉRIDES
– Dia 21 de Janeiro Israel Zangwill (1864-1926) –
Nasce em Londres. No campo policiário é famoso por um único romance The Big Bow Mystery, publicado em
1891. É um romance histórico pelo tema, o primeiro crime impossível ou de
quarto fechado. A narrativa é de estilo livre, vivo, com certa dose de humor
e sobretudo engenhosa. Israel Zangwill abre caminho
temático para mais de um milhar de escritores, alguns em repetição do tema,
que testaram os seus métodos. Desde a primeira edição este livro nunca deixou
de ser publicado, e em diversas línguas. The Big Bow Mystery é também adaptado ao cinema com diferentes
títulos: The Perfect Crime
(1928) um filme com som parcial, The Crime Doctor (1934) e The Verdict, uma versão film noir de 1946 dirigido por Don Siegel. Em Portugal The Big Bow Mystery foi editado
pela primeira vez em 1979 por duas editoras Amigos do Livro e Círculo de
Leitores com o título Crime Impossível.
Mais recentemente, em 1991, pela Livros do Brasil i o nº 522 da Colecção Vampiro. UM
TEMA – FICÇÃO - REALIDADE APARENTE A primeira narrativa
em que o crime é cometido em quarto fechado é precisamente a primeira
narrativa policiária (1841), com a devida ressalva, por não estar em causa um
assassínio humano. Depois de Poe houve um desenvolvimento notável nos métodos
usados nos enredos de quarto fechado: Le Fanu com Ghost Stories and Tales of Mystery (1851), Aldrich com Out of His Head
(1861), Zangwill com o já referido The Big Bow Mystery, Leroux com Le Mystère de la Chambre Jaune
(1907)… até ao rei de todos eles John Dickson Carr/Carter Dickson. Seria de
pensar que os limites da engenhosidade metal e criativa estivessem esgotados,
contudo verificamos que é infinita. Há sempre novos argumentos, novos truques
e variações sobre o tema garantidamente inesgotável. A imaginação
fecunda dos escritores não deixa de nos surpreender. O crime em quarto
fechado – mais tarde estender-se-ia a praias desertas e áreas geladas sem
pegadas – é sempre uma impossibilidade coberta por um subterfúgio, porquanto
é inaceitável admitir a consumação de um crime no cenário de um quarto, ou
qualquer outro recinto, inteiramente fechado e sem meios de comunicação com o
exterior. Ainda que se saiba à partida que o crime em quarto fechado é
fisicamente impossível face à habilidade do escritor revela-se uma realidade
praticável. Afastam-se os
alçapões, os esconderijos ou saídas secretas tão do agrado dos escritores do
gótico, e também os mecanismos ou engenhos ocultos que disparam por acção inadvertida da vítima, ficamos pelos métodos
inteligentes, verdadeiros passos de magia entre o possível e o impossível. Algumas
hipóteses das várias encontradas: a) A vítima é
atingida mortalmente antes de se entrar no quarto (para se proteger), o
agressor tem tempo de atirar com a arma para dentro do quarto antes de este
se fechar; ocasionalmente passa por um suicídio, tudo depende do ferimento e
da arma utilizada; b) É mesmo um
suicídio. A vítima, por razões pessoais simula um crime ou trata-se de um
acidente que as circunstâncias apontam para crime; c) A morte é
executada no momento em que o quarto é aberto – princípio de Zangwill, depende da oportunidade e preparação do
criminoso; d) O crime foi
executado no quarto e o assassino sai e tranca a porta. Há diversos métodos
para o efeito, desde a manipulação de um simples fio, até outros mais
complicados. e) Gás, telefone electrificado, etc. Não nos
alonguemos na resenha, o sabor da leitura sobrepõe-se a qualquer esquema. E
não se fica pelo assassínio em quarto fechado, também o roubo é referido e
com que mestria. Estes casos exemplificam o recurso ao subterfúgio nas
possíveis narrativas de quarto fechado, mas também a vida real caprichosa nos
dá exemplos a referenciar … (ver post MISTÉRIO
QUARTO FECHADO – Realidade Vivida) M. Constantino In Policiário de
Bolso,
21 de Janeiro de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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