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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 47 EFEMÉRIDES – Dia 16 de Fevereiro Desmond Cory (1928-2001) –
Pseudónimo de Shaun Lloyd McCarthy que nasce em Lancing, Sussex, Inglaterra. Estuda na Steyning Grammar
School e em St
Peter's College, Oxford. Serve nos Royal Marines.
Combina a carreira de escritor com a carreira académica de professor
universitário em vários países Espanha, Suíça, Chipre, Qatar e Bahrein etc.
Autor policiário cria os personagens Mr Dee, Johnny Fedora, Lindy Grey, John Dobie e MrPilgrim, escreve um total de 35 romances de mistério/detective e espionagem. Publica ainda 4 colectâneas de contos curtos, 1 peça de ficção científica
para a rádio e 2 livros de mistério para jovens. O primeiro romance é Secret Ministry
(1951) protagonizado por Johnny Fedora, seguido de Begin, Murderer, do mesmo ano, com Lindy Grey. Em Portugal
estão publicados: Onda de Choque (1967), nº 18 Colecção Espionagem, Dêagá O Tesouro Nazi (1970), nº 54 Colecção Espionagem, Dêagá Os Mortos Vivos (1970), nº 57 Colecção Espionagem, Dêagá TEMA – FICÇÃO CIENTÍFICA – SUPERPOVOAÇÃO Regista-se que
o nosso globo terrestre tinha no ano de 1950 uma população de 2556000053
habitantes, cinquenta anos depois sobe para 6082966429. Nesta expectativa o
crescimento indefinido da população é tema de preocupação/actividade
por parte dos escritores de ficção científica. Os profetas da desgraça clamam
que a fome é a ruína universal do meio ambiente, advogam que a população da
terra não pode manter-se, sendo preciso reduzir o índice de natalidade,
através de produtos químicos sem efeitos secundários ou outro procedimento
social. Os imaginativos autores encontram sempre alternativas para conter a
corrida célere dos cavaleiros do Apocalipse. É verdade que no conhecimento
presente nenhum dos mundos do sistema solar é habitável, excepto
a terra. Mas uma vez mais a ficção defende a implantação de órgãos para viver
noutros mundos possíveis de albergar ou viver debaixo de células aí
adaptadas, ou no subsolo, onde se estabeleceriam condições similares às da
terra. Quimera naturalmente para a actualidade. Enquanto este
velho lugar de nascimento e sepultura puder suportar o futuro, e até quando,
parece urgente encarar o problema, ou pelo menos indagar seriamente: para
onde vamos? ANATOMIA
DO CRIME – DESCONFIANÇA Extracto do conto OS
CEGOS de Luís Jardim, Brasil-1946 É a terrível
suspeita que enche o pai estúpido de ódio provocado contra o infeliz. Joaquim
levantou a cabeça e olhou o cego Umbelino. Os seus ouvidos guardavam a
expressão da mulher do tio. E na cabeça a expressão reproduzia-se como um eco
de gota em gota; filho de gato é gatinho; filho de cego é ceguinho. De súbito, sem
se dominar, empurrado por uma força estranha, Joaquim pulou em cima de
Umbelino, agarrando-o pelo pescoço. O cego estrebuchou com um berro medonho.
O menino assombrou-se e abriu ao choro. O velho Borges
levantou-se de um pulo e gritou para o afilhado, dando-lhe murros nas costas. – Atrevido dos
diabos, larga esse desgraçado, Tu não me respeitas, não, condenado? Apóstrofes
terríveis soltam da boca do velho. – Um homem que
bate num cego é capaz de espancar Nosso Senhor! Deus me perdoe mas eu acabo
por te excomungar, se não te mato. O vaqueiro
confessa então a sua desconfiança. Ele “malda que aquela marmota” não é seu
filho. Porquê? Porque eu não sou cego e ele é… O velho,
porém, tem a noção das coisas. – O Divino é
grande! O Divino é grande! Tu lembras-te de teu pai, Joaquim? – Não me
lembro, não, padrinho. A mãe dizia-me que ele morreu quando eu tinha… coisa
de um ano. E se tu vives
maldando que esse menino não é teu filho só porque é cego e tu não és, como é
que tu não nasceste cotó, sendo teu pai aleijado de
nascença? Joaquim contudo não se rende. A obsessão pode
mais do que o seu respeito pelo padrinho e tio Umbelino, sentindo que algo de
terrível o ameaça, acabe de fugir, não sabe para
onde; ele miserável, que não tem olhos para si como para os outros, apenas os
olhos do instinto. Joaquim não se apieda. Põe o punha à cinta e cai o mundo.
Onde o cego vá, ele o alcançará… M. Constantino In Policiário de
Bolso,
16 de Fevereiro de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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