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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 57 EFEMÉRIDES – Dia 26 de Fevereiro Jack Ritchie (1922-1983) – John George Reitci
nasce em Milwaukee,
Wisconsin, EUA. Alista-se no exército americano na 2ª guerra mundial e é colocado nas
ilhas Kwajalein no Pacifico Central. É aqui que
descobre a ficção policiária. Regressa a casa no final da guerra e como não
quer dedicar-se à profissão de alfaiate como o pai, decide viver da escrita
de contos. Vê o seu primeiro trabalho Always The Season, publicado em
1953 no New York Daily News.
Nas três décadas seguintes contribui com centenas de short stories para revistas especializadas em ficção: Alfred Hitchock's Mystery Magazine, Ellery Queen's Mystery Magazine e Manhunt. Com várias adaptações ao grande e ao pequeno
ecrã, os contos de Jack Richie abarcam uma
diversidade de géneros: mistério, suspense, thriller, quarto fechado, vampiros etc. São escritos com o mínimo
de palavras, mas os personagens são bem caracterizados como Henry Turnbuckle, um detective
idiossincrático ou o vampiro, detective particular,
chamado Cardula, anagrama de Dracula.
Jack Ritchie recebe
um Edgar Award para best short story em 1982 com The Absence of Emily. O seu único
romance Tiger Island é publicado postumamente em
1987. Gabrielle Lord (1946) – Gabrielle Craig Lord nasce em Sydney, Austrália. Especialista em literatura vitoriana, é considerada a rainha do crime no seu país. Começa a
escrever aos 30 anos, em especial na área do chamado thriller psicológico
cria as séries Gemma Lincoln, Jack McCain e Conspiracy 365. Esta última é destinada à juventude e
desdobra-se em 13 volumes, 12 com o nome de cada um dos meses do ano e um
último com o título Revenge
(2011). A editora Contraponto tem vindo a publicar esta série da escritora. Em 2002 Gabrielle Lord recebe um Ned Kelly Award para a Best Crime Novel., prémio atribuído pela Crime Writers Association of Australia e em 2003 é
distinguida com o Davitt Award,
a melhor escritora de crime australiana, por Baby Did a Bad Bad Thing. Elizabeth George (1949) – Susan
Elizabeth George nasce em Warren, Ohio, EUA. É uma
autora de romances policiários, enquadrados na categoria de suspense
psicológico. O seu primeiro livro A
Great Deliverance (1988) recebe o é triplamente
premiado: com o Anthony Award, e com o Agatha Award para Best First Novel nos EUA e com
o Grand Prix de Littérature Policière em
França. O livro Well-Schooled in Murder
(1990) é galardoado com o prestigioso prémio alemão MIMI 1990. Cria o Inspector Thomas Lynley da Scotland Yard e a Sargento Detective
Barbara Havers. A BBC adaptou à televisão a série The Inspector Lynley Mysteries. Elizabeth
George é uma escritora reconhecida internacionalmente e as suas obras têm
sido também publicadas em Portugal. O Policiário de Bolso voltará a esta
autora. TEMA – LITERATURA POLICIÁRIA – TESTEMUNHO COMO VI O ROMANCE POLICIÁRIO Assinado por J. Sousa, que pertenceu ou pertencia
à PJ este texto chegou até nós através do saudoso colega Inspector
Saldanha, entre os documentos com vista a um Manual Policial, jamais
concluído. Ao abraçar a carreira policial, intuitivamente,
devorei alguns romances ou novelas policiais, convencido de que, na vida
real, as ciências criminais, as técnicas e tácticas
de investigação ali explanadas seriam um manancial de conhecimentos quase
infalíveis ou, pelo menos, um frutuoso contributo na investigação criminal. A
breve trecho, porém, veio o desencanto, a desilusão! Com efeito, na minha
então débil inteligência crítica e instintiva, como diria Fernando Pessoa,
entendi que o romance policial me apontava falhas, já que o enredo não
correspondia sequer a uma especulação da realidade. Também é certo que,
então, nem sempre cuidei na escolha e, daí, que os romances a que tive
acesso, normalmente os mais económicos, me parecessem despidos de interesse,
quer no tocante à sua estrutura: espaço, tempo, personagens e acção; tudo uma série de actos
previamente estudados onde o crime e a investigação se confundiam com o
acidente ocasional; quer mesmo quanto à parte específica da literatura que,
para mim, muito deixava a desejar, resultando quase todos eles em história
folhetinesca ou vulgar literatura de cordel. Por outro lado, ainda na minha óptica de então, o “investigador particular”, o “detective” – o herói de história – partia para a
decifração dos enigmas com uma tal visão superadora, mesmo irreverente para
com as instituições, que deixava o pobre polícia da lei amesquinhado e
boquiaberto: de um mero indício arranjava prova irrefutável; as testemunhas
surgiam abundantes e espontâneas; as portas abriam-se para as mais incríveis
diligências; e, finalmente, o suspeito era de imediato identificado e
localizado. Dadas as conclusões evidentes, logo este se confessava culpado.
Enfim um happy end. Dessa
maneira, como já se referiu, nasceu a desmotivação e as horas de lazer foram
orientadas noutros sentidos. De realçar, todavia, que de tudo quanto se leu,
depois de sedimentado ou até esquecido, algo permaneceu no subconsciente que,
em tempo oportuno, frutificou não só do ponto de vista cultural como também
no campo profissional. E tanto assim é que, mais tarde, quando a prole adrede
me ofereceu, em festas de ano, alguns romances policiais, houve como que uma
“refontalizacão”, um voltar à fonte, ao princípio,
mas, desta vez, foi à luz de um espírito mais amadurecido que se fez a sua
leitura. Então, sim, os
romances policiais seduziram-me como a outros milhões de leitores. Em face do
exposto, esta singular introdução que compilei, aliás pouco lisonjeira ou
quiçá incoerente, não pretende, como é óbvio, minimizar o romance ou a novela
policial, mas, pelo contrário, estimular a sua leitura, alertando contudo os
novéis leitores para as falhas e reacções
apontadas, tendo em conta que tais romances fomentam o mito policial e
favorecem a confusão entre o imaginário e o real, bem como ainda será uma
chamada de atenção para o que já alguém referiu: “a novela policial impõe-se,
desde que se cuide de dois factores; por um lado,
da determinação da inteligência do investigador; por outro, da determinação
psicológica do criminoso”. M. Constantino In Policiário de
Bolso,
26 de Fevereiro de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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