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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 103 EFEMÉRIDES – Dia 12 de Abril Scott Turow (1949) – Nasce
em Chicaco EUA. Advogado, escritor e editor é autor
de nove bestsellers,
traduzidos mais de 25 línguas e com vendas estimadas em 25 milhões de
exemplares em todo o mundo. Tem romances adaptados ao cinema e a duas mini-séries para televisão. Os seus livros recebem vários
prémios literários incluindo o Time Magazine's Best Work of
Fiction em 1999 para Personal Injuries, o Heartland Prize em 2003 para Reversible Errors, e o Robert F. Kennedy Book Award em 2004 para Ultimate Punishment.
Ordinary Heroes é o
único livro que não faz parte da série Kindle County, local imaginário criado pelo autor. Em Portugal
estão editados todos os livros do escritor com excepção
de The Laws Of Our Fathers
(1996). 1 – Presumível Inocente, em 1988, Nº28 Colecção Novos Continentes, Editorial Presença na; em 2002, Nº59 Colecção
Contemporânea, Publicações Europa-América. Título Original: Presumed Innocent
(1987) 2 – O Peso da Prova (1991), Nº48 Colecção Novos Continentes, Editorial Presença. Título
Original: The Burden of Proof (1990) 3 – Danos Pessoais (2001), Nº42 Colecção Contemporânea, Publicações Europa-América.
Título Original: Personal Injuries (1999) 4 – Erros Reversíveis (2003), Nº83 Colecção Contemporânea, Publicações Europa-América.
Título Original: Reversible Errors
(2002) 5 – Declarado Culpado (2004) Nº105 Colecção Contemporânea, Publicações Europa-América.
Título Original: Pleading Guilty
(1993) 6 – O Medo dos Bravos (2006) Nº131 Colecção Contemporânea, Publicações Europa-América.
Título Original: Ordinary Heroes
(2005) 7 – Juiz Por Um Fio (2008) Nº151 Colecção Contemporânea, Publicações Europa-América.
Título Original: Limitations
(2006) 8 – Inocente (2011), Nº Colecção Contemporânea, Publicações Europa-América.
Título Original: Innocent
(2010). Nota: este livro é a continuação do primeiro livro do autor. TEMA – FICÇÃO CIENTÍFICA TRANSMUTAÇÃO = INFERNO – Conto de Hélia Tinha medo. Um medo horrível! Nunca mais fora senhora da minha vontade e o
facto corroera lentamente o meu sistema nervoso. Bom, mas talvez seja melhor contar-lhes… Há muitos dias, já lhes perdera o conto, estava
eu num pequeno bar tomando uma bebida, quando a “coisa” aconteceu. A frequência era composta de jovens mais ou menos
barulhentos que iam acompanhando a música com o estalar dos dedos. Eu
insensivelmente também o fazia. De facto o ritmo batido por um conjunto de
negros era subjugante. Comecei a sentir-me entorpecer. Mantinha os olhos
abertos, os dedos marcando o compasso mas o cérebro ia ficando vazio. Era uma
sensação estranha mas não de todo desagradável. De súbito senti chamarem-me. Voltei
instintivamente a cabeça. Novo apelo. Um arrepio percorreu-me o corpo. Era
isso! Eu senti chamarem-me! SENTIA… não OUVIA !
Senti-me mal e pegando no copo emborquei o liquido
que restava. Devia ter adormecido e sonhado. Não havia outra explicação. Subitamente uma gargalhada estoirou-me na cabeça.
Pulei apavorada porém naquele ambiente por muito estranho que pudesse ser o
comportamento de uma pessoa, nunca ninguém reparava. Uma voz soou dentro de mim: – Olá, não tenhas medo. Não precisas falar pois
capto com facilidade todos os teus pensamentos. – MAS QUEM ÉS TU? – Muito e nada. – ISSO NÃO É RESPOSTA. – Vocês, os da Terra estão demasiado atrasados
para compreenderem. – MAS TU NÃO ÉS DA TERRA? SERÁ QUE… – Não, não sou um marciano! Podes estar
descansada. E nova gargalhada ecoou no meu cérebro aturdido. – Bem, vou tentar explicar-te. Procedo de um
distante planeta situado na 10ª galáxia. Fui o primeiro do meu CLAN a tentar
a TRANSMUTAÇÃO. Sai-me bem e eis-me instalado em ti. – E POR QUANTO TEMPO? – Ah! Ah! Isso é que tem graça! A TRANSMUTAÇÃO
foi obtida unilateralmente, isto é, em linguagem corrente, uma viagem apenas
com bilhete de ida. Outra pergunta formulada por mim: – DE QUE MATÉRIA SÃO FEITOS? – Somos apenas espírito defendido por matéria impalpável
e invisível mas cuja existência pode ser provada a vocês monstrozinhos
materialistas. – IDIOTA! E TU O QUE ÉS? UM FANTASMA RIDÍCULO E
ESTÚPIDO! A vibração cerebral chicoteou furiosa: – Não voltes a insultar-me senão… – SENÃO O QUÊ? ESTARÁS CONVENCIDO QUE ME VAIS
DOMINAR? – Pobre pateta! Queres ver como já não és dona da
tua vontade? Queres? E repentinamente vi-me a mim própria afastando os
copos, a minha mão direita enroscar-se no gargalo da garrafa e num golpe saco
parti-la contra os bordos da mesa. Depois… depois passei um a um os dedos
pelas arestas aguçadas, picando-os até sangrarem. Doíam-me horrivelmente mas
não consegui parar. Só Quando ELE ORDENOU é que suspendi com tão macabra
tarefa. As lágrimas corriam-me pelo rosto. Senti-me mal e
atabalhoadamente envolvi os dedos num lenço e saí cambaleando. Isto foi apenas o início do meu longo tormento.
Aquela mente que se instalara junto à minha, dominando-a a seu belo prazer,
punha-me louca. Um dia decidi compilar numa agenda, as escassas
descobertas acerca do meu incómodo “hóspede”. Durante duas horas diárias, o
meu trabalho cerebral ficava livre de qualquer interferência e depreendi que
se tratava de uma espécie de repouso. Era nesses períodos que eu podia pensar
e agir livremente. Comecei então um treino diário e Intenso para a criação de
uma barreira mental. Eu sabia que seria o único meio talvez, de me libertar
de tão estranha escravidão. E ao fim de alguns meses, senti-me apta a opor-me
à terrível vontade. Deitei-me sobre a cama esperando que o seu período de
letargo terminasse. Relaxei os músculos, fechei os olhos, e concentrei-me no
vazio absoluto. Senti de repente ELE chamar-me. Dominei
totalmente qualquer reflexo cerebral. Continuei em relax absoluto reduzindo
ao mínimo as funções vitais. ELE chamava cada vez mais longe. A barreira
mental fortalece e expande-se vitoriosamente. Um prolongado suspiro ecoou-me
no cérebro. Depois, mais nada. O tiquetaque do relógio soou tranquilo. Esperei
mais uns segundos e levantei-me. Respirei fundo. Estava livre! LIVRE!!! E à noite, seguindo não sei que impulso, fui ao pequeno bar frequentado por jovens e desgrenhados
artistas. E ao insensivelmente marcar o ritmo com os dedos, lembrei-me das
minúsculas cicatrizes que os adornavam. Sim, ELE era material impalpável mas provara-me a
sua existência. Eu é que não saberia nunca prová-la ao mundo !!! M.
Constantino In Policiário de
Bolso,
12 de Abril de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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