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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 108 EFEMÉRIDES – Dia 17 de Abril Julius Fast (1919-2008) – Nasce em Manhattan, New York, EUA. É um autor
muito versátil, com livros publicados sobre vários temas. No campo da
literatura de ficção e policiária edita em 1944 Out Of This World, uma colectânea de
contos de ficção científica e o primeiro romance que escreve, Watchful At Night (1945), recebe em 1946 o primeiro Edgar Award Best Novel atribuído a um
autor pelo Mystery Writers
of America. O 3º livro, Walk In Shadow
(1947) também editado com o título Down Through The Night
é também muito elogiado pelos críticos. Julius Fast escreve ainda os seguintes livros policiários: The Bright Face Of Danger (1946), A Model For Murder (1956) And Then Murder (1959) – também
editado com o título Street of Fear e The League Of Grey-Eyed Women (1969). TEMA – CONTO SÓ OS CRIADORES SOUBERAM De Joaquim Paulo De tal infortúnio
e sofrimento ninguém soube! Não foram conseguidas testemunhas, nem ninguém
ficou para contar, senão eu e Deus! Eu, porque fui o criador, e Deus, porque
é o Criador… Nestas
andanças pelo mundo, muitos nascem com sorte sem que para isso tenham mexido
a mais pequena palha. A outros, de vidas e
sentimentos amparados pelas mais perfeitas normas da honestidade, quase tudo
de mal se lhes chega, preenchendo-lhes a vida de sofrimentos e azares
imerecidos! E foi o que aconteceu naquela pobre família! Há tempos, o
pai, foi encontrado num silvedo, trespassado por
tiro mortal disparado nunca se soube por quem, nem porquê! A mãe ficou com
três filhos menores, o que a obrigava a dobrados trabalhos e canseiras. Por
isso estava magra e doente, quase no limite das suas forças. Praticamente
desamparada, sujeita a tantas privações, resolveu ganhar coragem para se
decidir. E, desesperada, sem atentar na pequenina luz de aviso que ainda
bruxuleava na sua abalada consciência, decidiu-se mesmo. Era uma manhã
fria que provocava dores não só ao seu corpo debilitado, mas pior ainda, na
sua pobre alma onde imperava angústia e medo. Olhou os
filhos ainda adormecidos. Aconchegou-os com ternura. Creio que chorou.
Depois, foi ao encontro da má sorte que, não sei porquê, a esperava… Passados dois
a três dias, apareceu morta, hirta pelo ar gelado da época. Perto do si,
aconchegada ao peito, tinha uma côdea ressequida que a desesperante
necessidade transformara numa ilusória boa refeição, para que os seus filhos
escapassem à morte. E por isso, a estrangulá-la estavam agora os arames
cruéis duma ratoeira assassina. No ninho da
vela oliveira do meu quintal, os três passaritos enegrecidos não eram mais
que simples cadáveres enegrecidos por milhares de formigas devoradoras. E, de
tudo isto, ninguém até hoje veio a saber, além de mim e de Deus! De mim
porque fui o criador deste pequeno conto, e de Deus porque Ele é o Criador… TEMA – LITERATURA POLICIÁRIA DETECTIVES DO OCULTO (3) Harry Dickson é um dos mais conhecidos protagonistas da
literatura policiária. Mais detective no visível do
que no oculto, não desdenha a participação nesta última modalidade. Criação
de Raymundus Joannes de Kremer (1887-1964), mais conhecido por Jean Ray ou John Flanders – autor e
iniciador de uma escola franco-belga do fantástico, verdadeiro génio do
absurdo capaz de misturar no mesmo texto humor e horror – personagem
protagonista de, pelo menos e nada menos, noventa e nove novelas e quarenta
contos, misto de Sherlock Holmes e Nick Carter, é herói, sempre acompanhado do fiel e
intrépido ajudante Tom Wills, mais querido dos
belgas franceses e holandeses, que o levarem para a tela, televisão e banda
desenhada. Jules de Grandin, criação de Seabury Quinn (também conhecido por Jerome
Burke (1839-1969), ostenta o troféu, entre todos os
investigadores do oculto, para o número de casos resolvidos, noventa e tês.
Noventa e três casos fantasmagóricos, um tanto folhetinescos e reunidos em The Adventures of Jules de Grandin, The Casebook of Jules Grandin, The Hellfire Files of Jules de Grandin, The Skeleton Closet of Jules Grandin e The Devil’s Bride, todos constantes de contos e The Horror Chambers
of Jules Grandin, um
romance. Jules é um
médico francês, rude, de linguagem malcriada o jeito gesticulante,
grande conhecedor e apreciador de um bom copo, que saboreia com o requinte e
um dito de Rebelais: “O bom vinho é
a alma viva da uva, e o bom champanhe o espírito vivo do vinho.” Faz-se
acompanhar do fiel Dr. Trowbridge, por vezes
(poucas) o protagonista. É versado em egiptologia, forte em medicina legal,
mistura o latim com o francês e adora exibir-se à volta de um mistério do
sobrenatural. Não se esgotam
nos referenciados, aqueles cuja profissão ou simples gosto pelo oculto, se
insere na investigação do insólito, forçoso é porém reconhecer os limites
deste trabalho. Citam-se para
pista dos mais interessados, o petulante e mesmo odioso Moris
Klaw, que em diversas ocasiões descobre fantasmas
em causas naturais, como atribui a estas um carácter fantasmagórico,
personagem de Sax Rohmer, famoso criador do
identicamente célebre Fu-Machu. Neils Orsen, o escandinavo
científico e imparcial, uma criação de Dennis Wheatley; O Juiz Pursuivant, de um pouco conhecido Gana T. Field; Solar Pon, o imperturbável o educadíssimo comedor de amendoins,
um Sherlock Holmes do real e do sobrenatural, da
autoria de August Derleth;
Teddy Verano, de Maurice Limat, mais James Bond do que
Sherlock Holmes, mas que não desdenha meter-se na
área do fantasmagórico; e o mais recente recruta da espécie, criação de Brian Lumley, Titus Crow, que foi conselheiro
em matéria de ocultismo, do Ministério da Guerra Britânico e aceitou
posteriormente emprego como bibliotecário do mago Julian Cartairs,
onde encontra uma verdadeira mina de conhecimento do tema a juntar a um
talento insuperável na investigação do oculto, e constitui uma figura nobre a
encerrar esta resenha. M.
Constantino In Policiário de
Bolso,
17 de Abril de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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