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(21.Abril.1925 – 30.Novembro.2019) |
CALEIDOSCÓPIO 107 EFEMÉRIDES – Dia 16 de Abril Forest Fickling (1925-1998) –
Forest E. “Skip” Flicking nasce em Long Beach,
Califórnia, EUA. Forest Fickling
e a mulher Gloria adoptam o pseudónimo G.G. Fickling e criam uma das primeiras mulheres detective particular da ficção policiária popular. Honey West, sedutora
e terrível, é a protagonista de 11 romances policiários, mais tarde
adaptados ao cinema e televisão. Em Portugal estão publicados: 1 – Honey na Teia Negra (1964), Nº2 Colecção Rififi, Editora Íbis.
Título Original (?) 2 – Honey em Carne Viva (1965), Nº15 Colecção Rififi, Editora Íbis.
Título Original: Honey In The Flesh (1959) TEMA – CRIME E HISTÓRIA MATTOS LOBO, O ÚLTIMO ENFORCADO Em 14 de Abril
de 1842, Francisco de Mattos Lobo, o último condenado
à morte em Portugal, pagou com a vida o assassínio de sua tia Adelaide
Pereira da Costa, dos filhos desta e seus primos Emídio e Júlia, bem como da
criada Narcisa de Jesus, perpetuados na noite de 25/26 de Junho do ano
anterior. Francisco não tinha cadastro, nunca cobiçara bens alheios e era
tido como pessoa bem educada em saudável ambiente
familiar, com bons valores financeiros, não havendo quem quer que fosse
suspeitar que pudesse cometer tais actos de
violência. Na noite em questão visitara a tia, a quem pediu autorização para
dormir ali durante alguns dias pois estava só devido ao falecimento da sua
criada. Segundo parece apaixonara-se pela prima Júlia e ia questionar a tia
pelo seu consentimento no namoro e casamento. Daí que pedisse à tia para o
acompanhar à sala para terem uma pequena conversa mas, pouco depois
ouviram-se gritos desesperados de Adelaide aos quais acudiu a criada e depois
o primo Emídio. A última a chegar foi Júlia e o primo aguardava-a com três
cadáveres, as duas mulheres esfaqueadas e o rapaz estrangulado com roupa de
cama. Júlia ainda tentou fugir, mas foi atingida com uma facada no pescoço e
outras no ventre. Nem uma pequena cadela escapou à acção
do criminoso que, face aos seus latidos, foi atirada pela janela. Alertada a guarda
municipal que entrou na habitação para encontrar a babara carnificina.
Miraculosamente Júlia ainda vivia e indicou o nome do criminoso, contudo não
resistiu aos ferimentos, apesar de prontamente assistida. Mattos Lobo procurado, começou
por negar. Porém confrontado com a denúncia de Júlia acabou por confessar ser
o autor da tragédia. Foi julgado e condenado ao enforcamento. No dia
referido, 14 de Abril de 1842, da execução da sentença, redigiu uma carta a
pedir perdão aos pais, confirmando que fora a paixão pela prima Júlia que o
perdera. Cumprido o trajecto, ordenado pelo juiz, de rodear por todas as
frentes a casa da tragédia, foi levado em cortejo até ao cais do Tejo, local
habitual das execuções em Lisboa. Aí o padre que o assistia, depois de algumas
palavras de conforto, teve uma apoplexia e morreu junto ao cadafalso onde
minutos depois o assassino ficou dependurado no laço da corda da justiça. Foi a última
pena de morte em Portugal; não voltou a ser aplicada. TEMA – LITERATURA POLICIÁRIA DETECTIVES DO OCULTO (2) Ele próprio um
estudioso do ocultismo, Sir Arthur Conan Doyle (1859 -1930), criador da figura do grande detective de Baker Street, é
igualmente o pai do Professor George Edward Challenger,
cientista e investigador de muitos mundos, incluindo os perdidos e o dos
ectoplasmas. Uma enorme
barba negra eriçada, olhos cinzentos, grandes mãos de gorila, num corpo
musculado, considera-se a si próprio “modestamente”, como o “maior homem de
ciência entre os vivos” e o “último homem no mundo a quem se pode enganar”.
Conhece a magia oriental como o ocultismo ocidental e os seus procedimentos
fazem dele um incrível decifrador de fenómenos igualmente incríveis,
secundado por um “Watson” – não podia faltar! – que
dá pelo nome de Edward Malone, jornalista e seu
cronista. Obra de referencial The Prof. Challenger Stories –
recolha póstuma de 1952. John Silence, cujas investigações foram reunidas, em 1908, num
livro famoso John Silence
Physican Extraordinary,
de um também famoso e extraordinário tradicional escritor de fantasia e
terror, Algernon Blackwood
(1869-1951) e, seja qualquer óptica que se encare,
o genuíno detective do oculto, o Sherlock Holmes do mundo psíquico. Podia ser considerado um
excêntrico, um rico por acidente e médico pari vocação, mas era, sem dúvida,
uma nobreza de alma inigualável, um médico muito peculiar… não possuía
consultório, não tinha registo de doentes, nem recebia remuneração. Do outro lado
desta personalidade e prática existia o homem com especial atracção, pelos casos inusuais de natureza intangível,
esquiva e complicada que se poderia denominar, com propriedade, de natureza
psíquica — daí toda a gente o conhecer por Doutor Psíquico. Nunca
necessitava de recorrer aos elementares mistérios da adivinhação. Não era
clarividente, bem entendido – o verdadeiro poder é raro – mas possuía uma
forte capacidade de previsão, resultado de um treino mental e espiritual. A
chave do seu método seguro e extraordinário assentava no conhecimento. As
coisas sem importância, nas suas mãos, tornavam-se significativas. Aprende a
pensar – dizia – e terás aprendido a utilizar – poder, desde as suas fontes. Com cerca de
quarenta anos, delgado, alto, olhos brilhantes e expressivos, brilhantes de
saber e auto-confiança, rosto onde se reflectia o selo da paz, este é o homem que para a
solução e explicação do invisível aplica os mais modernos métodos e técnicas pseudo-científicas. Da imaginação
fantástica e enigmática de William Hope Hodgson (1877-1918), nasceu um dos mais notáveis detectives do oculto: Carnacki,
cujos casos foram reunidos no volume Carnacki, The Ghost Finder. Na sua morada Çheyne Walk, Chesea, bem instalado, com o cachimbo entre os dentes,
gostava de contar os seus casos aos amigos, Arkright,
Jessop, Taylor e Hodgson,
(o autor). Na sua
especialidade, segundo a própria classificação, eram os casos que tinham
relação directa com o sobrenatural, que lhe interessavam.
Muitos fenómenos desta natureza foram por ele resolvidos: a história da
habitação cinzenta em que três, pessoas haviam sido estranguladas há cento e
cinquenta anos e onde eram constantes durante a noite as batidas violentas
numa porta por um punho invisível; a porta, que mesmo fechada à chave, era atravessada tranquilamente por fantasma; ou a
extraordinária experiência de, em épocas díspares, cinco moças casadoiras
terem sido eliminadas do grupo dos vivos, sempre com fartes dúvidas quanto à
causa – apesar de aparentemente naturais, antecedendo estes factos um forte
relincho de um cavalo invisível e o ruído de um coche fantasma. Carnacki é de facto um exemplo puro do detective do género, profundo conhecedor da prática e
teoria científica da magia, e ao mesmo tempo um homem satisfeito e que se
deleita com as suas aventuras. (Continua) M.
Constantino In Policiário de
Bolso,
16 de Abril de 2012
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© DANIEL FALCÃO |
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