Data: 13 de Maio de 2006 Torneio Clube de
Detectives |
TORNEIO CLUBE DE DETECTIVES EPISÓDIO Nº 1 O ENIGMA DO GUARDA-CHUVA DESAPARECIDO Autor: Daniel Falcão Quando acordei,
naquela manhã de sábado, tive imediatamente a sensação que algo especial me
iria acontecer. Não me peçam que explique racionalmente o que realmente
senti, porque não sou capaz. Essa mesma sensação perseguiu-me durante toda a
manhã, sem que eu conseguisse divisar até onde ela me levaria. No entanto, a
manhã decorreu com normalidade e nada de relevante aconteceu. O momento especial
estava reservado para a parte da tarde. Tal como fora previamente combinado
com o meu grupo de amigos, pouco passava das duas e meia quando nos dirigimos
à Quinta da Caverneira, onde iria realizar-se uma palestra intitulada “O
detective que há em cada um de nós”. Assim que tomara conhecimento da
palestra e porque achei o título muito cativante, tratei logo de arregimentar
um grupo de amigos para me acompanharem. Se bem que nem todos tenham cedido
imediatamente, a minha vontade acabou por ultrapassar todos os obstáculos. Foi no preciso
momento em que transpus a porta de entrada que a vi. Os seus olhos verdes
ficaram, por escassos segundos, fixos nos meus. Julgo que os nossos olhos se
afastaram exactamente ao mesmo tempo, embora a sua imagem tenha perdurado na
minha memória por mais tempo. Quem seria aquela bonita rapariga? Como viera
ali parar? Quando voltei a
olhar para o sítio onde a vira antes, ela já havia desaparecido. Teria sido
uma miragem? Seria a minha fértil imaginação a pregar-me uma partida? A mim,
que sempre sonhara com um momento daqueles? Não, não era uma
miragem. A rapariga era bem real, pois lá estava ela sentada numa das
cadeiras da parte central do auditório. Sentei-me na última fila, onde podia
estar atento à palestra e, simultaneamente, observá-la. Embora, de vez em
quando, os meus olhos se dirigissem para um local específico na parte central
do auditório, centrei a minha atenção no senhor que estava a falar. Dizia
ele: «(…) Imaginem a
situação seguinte: A professora de inglês participou ao director de turma o
desaparecimento do seu guarda-chuva, que ela havia colocado, após entrar na
sala de aula, encostado à parede junto à porta de entrada. Ela sabia que três
dos seus alunos tinham por hábito pregar algumas partidas aos colegas e
desconfiava que naquele dia, muito possivelmente, a tinham escolhido como
alvo das suas brincadeiras. O director da turma
ficou incumbido de averiguar, junto dos três alunos suspeitos, se algum deles
fora o autor daquela brincadeira inocente. Chamou-os ao seu gabinete e,
estando os três sentados à sua frente, atirou a seguinte pergunta: “Quem foi
o malandro que, ontem de manhã, levou para casa, sem querer, um guarda-chuva
que não lhe pertence?” Os rapazes
entreolharam-se, sorridentes, assim que o director de turma se calou. Nenhum
deles parecia querer ser o primeiro a responder. Até que o Vítor se decidiu:
“Professor, eu ontem levei para casa o mesmo guarda-chuva que de lá trouxera.
Se alguém disser que me viu pegar num guarda-chuva, tem toda a razão. Só que,
tratava-se do guarda-chuva da minha mãe.” Depois do colega,
os outros dois lá se decidiram também a responder à pergunta. O segundo foi o
Duarte: “Assim que terminou a aula de inglês, dirigi-me ao sítio onde tinha
colocado o meu guarda-chuva, peguei nele e saí. Não toquei em mais nenhum
guarda-chuva.” Seguiu-se o Guilherme: “Eu não toquei em nenhum guarda-chuva.
Por acaso, ontem nem sequer trouxe guarda-chuva para a escola e muito menos
levei qualquer guarda-chuva para casa.” Como devem
imaginar, depois de os escutar, chegara a vez do director da turma sorrir… Algum de vós quer
dar a sua opinião sobre esta situação que acabei de vos expor?» O inevitável
silêncio em momentos como este, fez-se naturalmente sentir. Uma certa
vergonha tolhe sempre as pessoas. Até que, calma e discretamente, um braço se
ergueu. “Levante-se, se faz favor, e diga-me o seu nome.” Ela levantou-se e
sou capaz de jurar que, por escassos centésimos de segundo, os seus olhos
estiveram voltados na minha direcção: “Chamo-me Bruna!” “Muito bem Bruna,
não se intimide com o auditório e apresente a sua opinião.” DESAFIO AO LEITOR: O leitor, tal como
a Bruna, também tem uma opinião sobre quem pode ter levado para casa,
inadvertidamente!, o guarda-chuva da professora. A – O Vítor. B – O Duarte. C – O Guilherme. D – Nenhum dos
três. |
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DANIEL FALCÃO |
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