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TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO

“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975-2025)

PROBLEMA Nº 8

A ESTREIA DO INSPECTOR FARIA

Autor: Faria

Era meia-noite, encontrava-me a arrumar uns livros, para me ir deitar, quando soa o malfadado telefone, sempre inoportuno.

Levanto o auscultador, e ouço uma voz muito aflita:

– Venha depressa, inspector, acabo de deparar com o meu tio morto.

Tomo nota da morada da vítima, pensando ao mesmo tempo:

«Que chatice, logo à esta hora da noite é que se lembram dos assassínios». Saio imediatamente de casa, pego no automóvel (que por sinal ainda não está pago…) e abalo na direcção da morada indicada. A noite estava muito ventosa, o que me forçou a levar os vidros do carro todos fechados.

Passados dez minutos, estava na morada, uma sumptuosa mansão pertencente ao milionário sr. Lucas Pancrácio.

Saio do automóvel, toco à campainha, e sou recebido pelo indivíduo do telefonema, sr. A. Pastor, sobrinho da vítima.

Fui de imediato conduzido ao compartimento onde a vítima foi encontrada, localizado no rés-do-chão direito.

Depois de me certificar pelo A. Pastor que nada no compartimento tinha sido mexido, entro no mesmo. Trata-se de uma sala pequena, que além da porta de entrada, apenas tem uma janela grande ao fundo, na direcção da porta.

Ao centro da sala, estava localizada a secretária, e sentado à mesma, com a cabeça tombada sobre o tampo, encontrava-se o milionário.

Junto do corpo, pude notar que a vítima tinha sido estrangulada, certamente com uma linha fina, mas resistente, pois era visível à volta do pescoço, um grande traço fino e profundo.

Dando uma volta pela sala, na busca de indícios, pude notar que a mesma estava cheia de painéis à volta, e é então que reparo que por detrás de um deles, ligeiramente afastado para o lado, se encontrava um cofre de parede, aberto, o que me fez antever que o móbil do crime tinha sido o dinheiro...

A janela estava toda escancarada… Aproximo-me dela, a ver se notava alguma coisa, ao mesmo tempo que dizia para comigo:

«Certamente terá sido por ali que o assassino escapou, depois de cometer o assassínio e sacar a massa…»

Olho através dela, mas com a escuridão da noite, nada se via.

Viro-me novamente para a sala, e dali pude observar mais uma vez a triste figura que a vítima apresentava, olhos arregalados, o que aliado ao vento que entrava na sala e lhe batia em cheio na cara, pondo-lhe os cabelos em alvoroço, o tornavam horroroso.

Feitas estas observações, viro-me para o A. Pastor e pergunto-lhe:

– Tem alguma ideia de quem tenha sido o assassino?

– Não, francamente, não tenho, inspector. – replicou A. Pastor.

– Além de você, quem mais está em casa? – continuo a perguntar.

– Estão o meu primo Carneiro e a minha prima Lucília, que chegaram hoje, por volta das 20 horas, para passarem aqui as férias.

– Chame-os, preciso de proceder a um interrogatório.

O primeiro a ser interrogado foi Lucília, que disse:

– Estive a ver televisão até 23 horas, mas como o programa estava a ser ruim, recolhi ao meu quarto, deitando-me a ler uma obra muito interessante, intitulada «O Estrangulador de Boston», que aliás já tinha visto em cinema. Cerca das 23 horas e 30 minutos fechei a luz e adormeci profundamente. Não dei por nada.

O segundo a ser interrogado foi Carneiro, que disse:

– Estive também a ver televisão, mas recolhi mais cedo ao meu quarto, cerca das 22 horas e 30 minutos, pois tinha de preparar o meu estojo de pesca, os carretos e as linhas, visto tencionar, logo de madrugada, ir praticar o meu desporto favorito. Adormeci por volta das 23 horas e 15 minutos. Não dei por nada.

A propósito, pergunto:

– Em que parte da casa dorme?

– Durmo no rés-do-chão esquerdo – replicou Carneiro. – Porquê, inspector?

– Por nada. Não tem importância – respondi.

Foi a vez de A. Pastor, que disse:

– Eram 21 horas exactas quando saí de casa, peguei no automóvel e fui ao cinema.

– Tem graça – replico eu –, veja só o meu descuido, sou um amante fervoroso de cinema, moro junto ao edifício do cinema, mas atrasei-me de tal maneira que quando dei por mim, já o filme tinha começado.

Acabei por perder um filme que tinha bastante empenho em ver. Mas deixemos o palavreado, continuemos com o interrogatório.

– Pois como ia dizendo, inspector, fui ao cinema. Eram 23 horas e 30 minutos, precisas, quando o mesmo acabou. Vim logo para casa, onde cheguei à meia-noite exacta. Como sempre faço nas noites em que saio, dirigi-me ao compartimento onde o meu tio costumava estar sempre a trabalhar até altas horas da noite, para lhe perguntar se queria algo de mim, muitas vezes era forçado a estar com ele até quase de madrugada...

Abri a porta da sala, e deparei com o meu tio com a cabeça caída sobre o tampo da secretária, a cara com os olhos todos arregalados, e, pensei logo que ali havia algo que não estava bem… Entrei na sala, aproximei-me do meu tio, e deparei que o mesmo tinha sido assassinado. Telefonei imediatamente para si, inspector, e o resto já o senhor sabe.

– É deveras um caso intrincado – disse eu. – A propósito, costuma estar mais alguém em casa? – pergunto.

– Costuma estar também o mordomo – respondeu A. Pastor, mas hoje é o seu dia de folga, pelo que não esteve em casa durante todo o dia.

Quer que o mande chamar, inspector?

– Não vale a pena, já sei quem foi o assassino…

 

– Quem foi o assassino? (2 pontos).

– Porquê? Explique convenientemente (8 pontos).

 

 

As propostas de solução devem ser enviadas até ao dia 31 de Agosto para apaginadosenigmas@gmail.com.

OU:

– Por mão própria, directamente e pessoalmente a “Paulo”, onde quer que o encontrem;

– Via CTT para Luís Manuel Felizardo Rodrigues, Praceta Bartolomeu Constantino, 14, 2º Esq., Feijó 2810–032 Almada.

 

 

© DANIEL FALCÃO