Publicação: “Audiência Grande Porto” Data: 1 de Junho de 2017 Torneio Policiário 2017 Problemas
|
TORNEIO
POLICIÁRIO 2017 SOLUÇÃO DO PROBLEMA Nº 3 MORTE NA BANHEIRA Autor: Inspetor Boavida O
telefonema do subchefe Pinguinhas para a Polícia Judiciária indicia desde
logo que se está perante um caso de homicídio, uma vez que em situações desta
natureza o protocolo determina que seja comunicado o caso àquela autoridade
policial, que tem a competência para conduzir as correspondentes
investigações. Note-se também que a brecha existente na cabeça da vítima não
podia ter sido provocada por um acidente, já que nesse caso a cabeça não
estaria caída sobre o peito, mas sim tombada para trás sobre o local onde a
pancada teria acontecido, uma vez que a morte fora instantânea. Por outro
lado, a porta estava fechada à chave (sem que esta estivesse na fechadura) e
o subchefe Pinguinhas não encontrou nada de relevante fora do seu sítio
natural; logo, a chave não estava no interior da casa de banho, pelo que não
restava dúvidas de que fora chaveada por fora. Faltava
saber quem teria cometido o crime. Não há quaisquer indícios claros de que a
mulher da vítima e o irmão estejam envolvidos no homicídio, mesmo que as
recorrentes discussões entre eles tenham por motivo razões muito fortes. Já
quanto à criada não se pode dizer o mesmo. A criada
telefonou para a esquadra duas horas depois de o engenheiro Barbosa Ramos se
ter dirigido para o seu habitual banho de imersão matinal, por ela preparado,
alegando que este não respondia ao seu chamamento. Quando o subchefe
Pinguinhas chegou a casa do engenheiro teve de utilizar uma das suas “chaves
de trabalho” para conseguir abrir a porta do quarto de banho, o que só seria
possível – sublinhe-se – se a chave daquela dependência não estivesse na
fechadura. E depois de lá entrar deparou-se com os vapores da água, quando já
haviam passado duas horas depois de o banho se ter iniciado. E, o que é mais
estranho, a água presente na banheira estava fria!… Estranho é ainda o facto
de não se verificar a existência de vestígios de sangue na água do banho, o
que significa que a vítima não fora morta quando estava na banheira, sendo lá
colocada posteriormente. Perante
estes indícios, Pinguinhas concluiu que a criada “roliça” (forte, com força
suficiente para o sentar na banheira!) terá assassinado o engenheiro, após a
saída da mulher e seu irmão, atingindo-o na cabeça com um objeto contundente,
que terá escondido algures. Para o subchefe, a criada, antes de telefonar
para a polícia, terá procedido à limpeza de marcas que pudessem revelar mais
do que a preparação do banho durante a sua presença no quarto de banho,
período durante o qual terá tido necessidade de abrir uma torneira de água
quente do lavatório (o que provocou os vapores que Pinguinhas encontrou….),
esquecendo-se, porém, de deixar sangue na água (fria!) da banheira. E, por
último, fechou a porta do quarto de banho à chave, dando-lhe depois sumiço. Não se
sabe qual terá sido o móbil do crime, mas não se estranhará que a
investigação venha a apurar que a “apetecível” criada vivia um romance com o
patrão, situação da qual ela terá retirado alguns dividendos ainda por descortinar
ou… que terá provocado uma crise de ciúmes que acabaria por se revelar fatal
para o engenheiro. Este eventual relacionamento amoroso entre patrão e criada
explicará a facilidade com que ela entrou no quarto de banho para o
assassinar e as discussões recorrentes do engenheiro Barbosa Ramos com o
irmão e a mulher… por ciúmes. |
||||||||||||||||
©
DANIEL FALCÃO |
|