Blogue: O Local do Crime Data: 5 de Junho de 2019 Torneio “Solução à Vista!”
– 2019 Provas
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TORNEIO
“SOLUÇÃO À VISTA!” – 2019 PROVA Nº 1 ABÍLIO VAI À BOLA Autor: Daniel Gomes O agente
Abílio nunca foi um grande apreciador de futebol, tanto como espectador ou
como praticante. É certo que chegou a dar alguns toques na bola quando era
miúdo, mas com a idade foi perdendo o gosto pelas peladinhas entre amigos e
há muito que não entra sequer num estádio de futebol. Mas hoje é um dia muito
especial. O clube da sua terra natal conseguiu ultrapassar várias
eliminatórias da Taça de Portugal e recebe agora, no seu velhinho estádio,
uma das grandes equipas do futebol luso. O jogo começou há poucos minutos e
ainda está muita gente a entrar no estádio, que se encontra quase à pinha. O
ruído é ensurdecedor. As bandeiras agitam-se. O povo grita. (…) A equipa
da casa está a ser completamente esmagada por um ataque demolidor da turma adversária,
que a remete totalmente para o seu meio campo. Porém, miraculosamente, a bola
não entra. Bolas na trave já foram mais de dez! O guarda-redes defende tudo.
Com os pés, com os ombros, com a cabeça, com as mãos abertas e de punhos de
cerrados. O ponta-de-lança dos visitantes acabou agora mesmo de cabecear para
o canto superior direito da baliza e o guardião foi lá desviar a bola com a
ponta dos dedos, deixando a sua claque em delírio. Os cânticos não cessam.
Abílio também está eufórico. Tenta falar com os seus parceiros do lado, mas
mal se ouve. E grita: Quanto falta para o intervalo? (…) Ouve-se
o apito do árbitro e as equipas rumam então aos balneários, no meio de um
coro de assobios, vaias e insultos. Nem a mãe do juiz de campo escapa à
frustração dos adeptos da turma visitante! O agente Abílio aproveita a pausa
na partida para se refrescar com uma garrafa de água fresca. A seu lado, um
rapaz da terra comenta o jogo com vários amigos e afirma que a sua equipa tem
de ganhar, nem que seja preciso invadir o campo. Um sujeito mais velho
acerca-se dos jovens e pede-lhes contenção, apesar de perceber a importância
da passagem à próxima eliminatória da Taça para os cofres do clube,
defendendo porém que a verdade desportiva deve ser preservada. (…) O jogo
recomeça e tudo volta a ser como antes, com a equipa visitante a massacrar a
turma adversária, com todos os jogadores dentro do meio campo dos locais, à
exceção do guarda-redes contrário. As boas jogadas junto à baliza sucedem-se
mas a bola não entra, por intervenção direta dos defesas ou por qualquer
capricho dos deuses do futebol. Os cruzamentos em chuveirinho para a pequena
área repetem-se e o resultado dos cabeceamentos terminam invariavelmente na
barra, nos postes ou nas mãos do guardião. Os remates rasteiros, a meia
altura, com mais ou menos efeitos, de trivela ou em arco, têm sempre o mesmo
desfecho. E as redes mantêm-se invioladas! (…) Passaram
mais de quarenta e cinco minutos e tudo se mantém inalterado, como até aqui.
A bola é rematada já dentro da pequena área e só não entra por um qualquer
milagre, que só os crentes podem explicar, e acaba invariavelmente nas mãos
do guarda-redes da casa. Este levanta-se, com esforço, vê um seu companheiro
de equipa completamente isolado, não existindo qualquer jogador entre ele e o
guarda-redes adversário, e lança-lhe a bola com as forças que lhe restam. A
receção do atacante não é a melhor, mas, a custo, lá consegue dominar a bola.
E depois de uma correria desenfreada, faz um belo chapéu ao guarda-redes, que
se encontra adiantado, anichando-se a bola nas redes. Instala-se
um tremendo sururu, com as claques defendendo pontos de vista opostos,
perante a hesitação manifesta do árbitro. Os adeptos da equipa da casa gritam
“golo”, a plenos pulmões, pulam e agitam bandeiras e cachecóis. Os apoiantes
da turma adversária clamam esbaforidos por “fora de jogo”. E o juiz da
partida mantém-se indeciso, desnorteado, sem saber o que fazer. O árbitro
toma finalmente a decisão acertada, o que faz com que os ânimos se exaltem ainda
mais, acabando quase tudo à pancada nas bancadas. E só não há invasão de
campo porque o agente Abílio, apoiado por colegas da GNR
local, salta para o relvado e evita várias tentativas nesse sentido. O que
decidiu, afinal, o árbitro? A –
Invalidou o golo. B –
Invalidou o golo e puniu o atacante com cartão amarelo. C –
Validou o golo. D –
Validou o golo e puniu o guarda-redes com cartão amarelo. DESAFIO
AO LEITOR: O que se
pede é que o leitor não se limite a indicar a alínea que considera certa, mas
que justifique a sua escolha através de relatório o mais circunstanciado
possível. |
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DANIEL FALCÃO |
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