Publicação: “A Vida Mundial Ilustrada” Data: 1 de Fevereiro de 1945 |
1º
CONCURSO MENSAL PROBLEMA Nº 4 O CRIME DO JOGADOR Autor: Artur Varatojo Nessa noite,
Ricardo Emílio, o conhecido detective, teve pela
frente um dos seus casos mais interessantes e, simultaneamente, de mais
difícil resolução, não só devido à complexidade do próprio caso, como também
ao ambiente sórdido em que se passara. Fora
assassinado no “Salão-Bar”, taberna de horríveis tradições, João Carvalho, “O
Má Vida”, jogador e batoteiro com péssima fama entre os companheiros. Ricardo
Emílio entrou no “Salão-Bar”, ouviu as declarações prestadas pelos
assistentes, ordenou que ninguém saísse dali, sobretudo os companheiros de
jogo de “O Má Vida”, e dirigiu-se para a mesa larga, onde apenas restavam o
cadáver de João Carvalho caído de bruços sobre o tampo, cartas e os cinzeiros
com as marcas do jogo. Então
Ricardo Emílio traçou um rápido “cróquis” da mesa,
com tudo o que nela se encontrava. F.
Lugar de cada jogador; D. Cinzeiro para fichas; C. Cartas para jogar; O.
Fichas no centro da mesa; X. Marca de um copo de vinho; B.
Resto de um baralho de cartas; A. Corpo do assassinado. Depois,
registou os apontamentos principais das declarações conseguidas ao cabo de
apertados interrogatórios. Primeiro
– João Carvalho, “O Má Vida”, fora assassinado com dois tiros no estômago. Segundo
– Contrariamente ao que era habitual nos jogos do “Salão-Bar”, “O Má Vida”
nessa noite não tivera por parceiros nem “O Lagartixa” nem “O Chico Saloio”. Terceiro
– Um dos jogadores era canhoto. Outro, o Mário da Ermida era maneta. Quarto –
Segundo as declarações do “Gonçalo Miúdo”, criado do “Salão-Bar”, todos os
que já haviam recebido jogo tinham as cartas seguras numa das mãos
precisamente quando soaram as duas detonações. Quinto –
Carlos Damião, quando Ricardo Emílio o interrogou acerca da falta de duas
balas no seu revólver, explicou que tivera uma rixa ao cair da tarde, e que
descarregara então os dois tiros. Além disso, exibiu o pulso direito,
quebrado por uma bala durante a rixa, o que o impossibilitava de fazer
qualquer movimento com aquela mão. Todos os outros confirmaram as suas
declarações. Sexto –
“O Chico Saloio” guardava as marcas dos seus parceiros, que eram “O
Lagartixa” e Carlos Damião. Sétimo –
“O Lagartixa” tornara-se suspeito no decorrer do jogo, pois tão depressa
segredava com “O Má Vida” como com “O Maneta”. No momento em que soaram os
tiros, ele contava, na palma da mão, as escassas marcas, recentemente ganhas,
antes de as entregar à guarda do “Chico Saloio”. Oitavo –
Um dos jogadores estava a beber no momento das detonações, e apanhara um tão
grande susto que se engasgara com o vinho. Depois
de saber que os jogadores dessa noite tinham sido João Carvalho, “O Má-Vida”,
“O Lagartixa”, “O Chico Saloio”, Carlos Damião, o Mário da Ermida e um
espanhol chamado Gonzalez – Ricardo Emílio conseguiu chegar à solução do
mistério de “O Crime do Jogador”. QUESTIONÁRIO: 1º –
Qual a disposição dos jogadores, indicando os respectivos
lugares? Porquê? 2º –
Qual dos jogadores era canhoto? Porquê? 3º –
Qual dos jogadores estava a beber? Porquê? 4º – Quem
foi o assassino de “O Má-Vida”? Porquê? |
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© DANIEL FALCÃO |
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