CLUBE  DE  DETECTIVES

 

TORNEIO RÁPIDAS POLICIÁRIAS 1994

Prova nº 4

 

 

ENIGMA AO ENTARDECER

Autor: O Falcão

 

Poucos minutos tinham passado desde o momento em que Jorge Direito saíra do seu gabinete, até chegar defronte daquela magnífica moradia pertencente ao eng. Eduardo Dias.

A saída abrupta do detective devia-se a um telefonema feito pela mulher do engenheiro. Esta encontrara o corpo do marido, sem vida, no escritório.

Por outro lado, como tinha prometido à sua mulher estar em casa às sete horas, tinha menos de uma hora para resolver aquele caso.

Aproximou-se da entrada e tocou à campainha. A porta foi aberta pelo secretário particular do engenheiro, tendo o detective vislumbrado de imediato, por trás deste, a viúva chorosa.

Tendo-se identificado, o detective foi acompanhado pelos dois até ao local do crime. O escritório ficava fora da casa principal. Tratava-se de um pequeno pavilhão, afastado cerca de três dezenas de metros.

Chegados ao local, entraram. A vítima encontrava-se sentada na cadeira, com a cabeça sobre a secretária. O braço esquerdo pendia ao longo do corpo, enquanto o braço direito se quedara sobre a secretária. De imediato, um pormenor chamou a atenção do detective. Na mão direita, entre os dedos crispados, encontrava-se um pedaço de papel amarfanhado. Na cabeça havia uma miscelânea de sangue e cabelos, em consonância com os vestígios semelhantes que se podiam ver na estatueta que se encontrava sobre a secretária.

Alguém mexeu em alguma coisa? – perguntou o detective, enquanto tentava tirar o papel da mão da vítima, com alguma dificuldade, sem o rasgar.

Não – respondeu a senhora. – Depois de ter encontrado o corpo, telefonei à polícia e fiquei à espera lá em casa.

E o senhor? Não veio cá espreitar depois de a senhora ter encontrado o corpo? – perguntou Jorge Direito ao secretário.

Não, senhor. Tinha chegado a casa segundos antes do sr. detective. Quando tocaram à campainha, estava a senhora a contar-me o que sucedera.

Enquanto escutava, o detective aproveitou para ler o papel encontrado na mão do morto. Tratava-se de um cartão de visita de um tal eng. Nuno Silva.

Quando viu pela última vez com vida o seu patrão?

Foi poucos minutos antes das duas da tarde. Dirigi-me aqui, ao escritório, para lhe trazer a correspondência do dia. Não o voltei a ver, pois tinha pedido uma dispensa para estar tarde. O sr. engenheiro não colocou qualquer obstáculo a esse pedido, pois precisava de se dedicar exclusivamente, e sem ser interrompido, a um novo projecto – respondeu o secretário.

Muito bem! O nome Nuno Silva é-lhe familiar? – perguntou ainda o detective.

O eng. Nuno Silva? É familiar, sim. Nos últimos dias, tinha contactos frequentes com o sr. engenheiro, devido ao tal projecto. Mas havia um grande desacordo entre eles.

E a senhora? Quando viu pela última vez o seu marido com vida?

Como o Eduardo não tinha aparecido em casa, desde que saíra depois do almoço, dirigi-me ao escritório para lhe perguntar se lhe apetecia comer qualquer coisa, pois já eram quase cinco e um quarto. Disse-me que não lhe apetecia nada e que estava à espera do eng. Nuno Silva. Vim então para casa. Ao entrar reparei que o eng. Nuno Silva acabara de chegar e dirigia-se para o escritório do meu marido. Por volta das seis horas, quando voltei ao escritório para saber se tudo estava a correr bem, encontrei o meu marido neste estado – respondeu a mulher da vítima, recomeçando a soluçar.

Jorge direito verificou que no escritório tudo se encontrava no seu lugar. A janela aberta, situada por trás da secretária, chamou-lhe a atenção, pois o tempo estava ligeiramente fresco.

Satisfeito com o que tinha visto e escutado, o detective Jorge Direito afastou-se do local do crime, deixando espaço para os seus colegas continuarem o trabalho.

Nesse instante, reparou num automóvel, que aparecera a uma velocidade para além da permitida e que estacionava. De lá saíu um indivíduo, com um aspecto assustado, rosto muito vermelho, transpirando por todos os lados, que se dirigiu ao grupo em que se encontrava o detective.

É o eng. Nuno Silva – exclamou a dona da casa.

O detective, olhando para o relógio, verificou que não ia conseguir chegar a tempo ao seu importante encontro.

 

E pronto! Sem terem conhecimento das declarações do eng. Nuno Silva, o que acham? O eng. Eduardo Dias foi assassinado…

 

A     Pelo secretário particular.

B     Pela mulher.

C     Pelo eng. Nuno Silva.

D     Por qualquer outra pessoa.

 

{ publicado na secção “Policiário” do jornal “Público” de 30 de Janeiro de 1994 }

 

SOLUÇÃO

 

 

© DANIEL FALCÃO, 2005