Autor Data 23 de Janeiro de 1994 Secção Policiário [134] Competição Torneio Rápidas Policiárias
1994 Prova nº 3 Publicação Público |
UMA REUNIÃO DE AMIGOS Abílio Como estava chuvosa aquela
noite de terça-feira. No entanto, o mês de Janeiro nem tinha sido muito
chuvoso. O João, o Pedro, o Quim e o Miguel, um grupo de amigos cá do bairro,
tinham decidido que nessa noite não se iriam reunir no lugar do costume (o
café do bairro), mas sim em casa daquele último. Como eram entusiastas do
Policiário, decidiram fazer um passatempo. Naquela noite, a nova estação de
televisão privada transmitia um novo episódio de uma série policial muito
conhecida. Combinaram então, após o primeiro intervalo, fazer uma aposta
sobre quem seria o assassino do episódio desta noite, dado que de um crime se
tratava. O anfitrião distribuiu
cafés e copos de uísque e lá se acomodaram a assistir ao episódio.
Infelizmente, o temporal que se fazia sentir provocava efeitos nefastos na
transmissão. A imagem não estava muito nítida e só se conseguia ver a preto e
branco. Chegado ao primeiro
intervalo, o anfitrião tomou a palavra: – Bom, meus amigos, vamos
às apostas. Eu cá, penso que ainda não foram revelados todos os pormenores necessários,
mas… inclino-me para o jardineiro. – Eu não tenho prestado
muita atenção ao episódio, pois tenho estado aqui a ver os teus discos novos –
disse o João. – Contudo, aposto no rapaz da camisola verde. – Quem? – perguntou o
Pedro. – Aquele suspeito de óculos
– respondeu o João. – O Richard?!... Estás
louco! É óbvio que o assassino é o Holmes – afirmou o Pedro. – E tu, Quim, quem pensas
que foi? – inquiriu o Miguel. – Olha, eu também não tenho
prestado muita atenção ao desenrolar dos acontecimentos, pois tenho estado
aqui a ver os teus discos com o João – afirmou o Quim. – Aliás tens aqui umas
músicas óptimas, depois emprestas-me alguns, está bem? Bom, mas já agora,
para isto ter piada, aposto na outra suspeita, a Susan. A acção do episódio
desenrolou-se, e após mais um intervalo, chegou-se ao final, verificando-se
que o assassino foi o Richard. – Este fulano tem uma sorte
dos diabos – disse o Pedro. – É verdade! – afirmou o
Quim. – E nem sequer estava com muita atenção. – Sim, concordo que o João
tem muita sorte – exclamou o anfitrião. – Contudo, penso que ele hoje nos
enganou. Vá lá, João, confessa… E agora, caro leitor,
lanço-lhe eu o desafio. O João fez ou não batota? Será culpado ou inocente da
acusação do Miguel. Eis as hipóteses: A – O João é inocente, pois
o mais natural é que até ao primeiro intervalo não estivessem identificados
todos os pormenores necessários para a resolução do caso, e como tal ele terá
acertado por mero acaso. B – O João é culpado, pois,
nas condições descritas, ele não poderia ter identificado o assassino daquela
forma. C – O João é inocente, pois
estava distraído a ver os discos do Miguel e só acertou no assassino porque
tinha uma grande sorte. D – O João é culpado,
porque fingiu estar distraído com os discos. |
|
© DANIEL FALCÃO |
||
|
|