Autor Data 1 de Novembro de 2006 Secção Competição Prova nº 1 Publicação O Almeirinense |
MORTO! A. Cláudio O
esplêndido Ford do detective Scott percorria a
curta distância que separava a sua habitação do palacete do milionário Leon
Turner que, segundo a chamada telefónica que havia recebido, há poucos
minutos, tinha aparecido morto, na sua residência. O
dia aparecia formoso e prometedor, em contraste com os anteriores, que tinham
estado tempestuosos, chovendo ininterruptamente e trovejando bastante. A acção benéfica daquele sol radioso passava despercebida
na mente de Scott, que, naquela altura, trabalhava activamente. Dentro
em pouco encontrava-se na frente de um largo portão de ferro, que tratou de
transpor, internando-se pela mata que aparecia antes de se chegar ao
palacete. Inadvertidamente,
Scott encontrou sob o seu olhar, à direita, dentro de um canteiro, um pedaço
de tecido que, maquinalmente, guardou. Um homem sem libré estava ao portão.
Scott perguntou-lhe se estava alguém em casa e explicou a sua vinda ali. O detective notou que o homem levava, repetidas vezes, a
mão, em forma de concha, ao ouvido. Seguindo-o,
Scott encontrou-se num quarto, onde estava o cadáver do milionário, ficando,
depois, só. Um rápido olhar para o corpo, que se encontrava deitado de bruços
sobre a cama, com uma pequena brecha no crânio, e um revólver caído no chão,
bastaram para que Scott pusesse o seu cérebro matemático em actividade. No mesmo momento verificou se o bocado de
tecido que tinha encontrado coincidia com qualquer peça de vestuário do
morto. De facto, na algibeira esquerda do casaco, faltava um bocado. Chegou à
porta e chamou as únicas pessoas que coabitavam com o milionário – dois
sobrinhos (os únicos parentes) e três criados, dos quais, naquela altura só
um se encontrava, substituindo o mordomo. Scott
chamou um dos primeiros, que se adiantou e disse: –
Eu nada sei que possa resolver este enigma, pois cheguei hoje de Itália onde
tinha ido em visita de estudo. Scott
olhou, depois, para o segundo, que contava mais quatro anos que seu irmão: –
Meu tio já há muito tempo que se encontrava preocupado, não sei porquê;
talvez negócios ou o seu estado de saúde. Passava as noites em claro e,
muitas vezes, ouvia-o falar alto. O nosso médico recomendou-lhe ter o maior
sossego e ir, de vez em quando, dar uns passeios pela mata. Ontem, fui com
ele dar uma volta, quando se sentiu, subitamente, mal disposto. Disse para
regressarmos e… Scott
interrompeu: – Este bocado de fazenda… o que significa? –
Ah!… isso foi quando regressávamos e, como ele
cambaleava, prendeu-se o casaco num ramo e rasgou-se. Hoje de manhã, como estranhava
não aparecer, vim até ao quarto e presenciei este espectáculo
horrível. Pobre tio! Talvez previsse o fim próximo e, não querendo dar mais
trabalho, suicidou-se! Scott
ouviu com atenção toda a narrativa de Stanley Turner. Meditou, por momentos, e,
por fim, disse: –
Já sei o que sucedeu! Qual
o seu parecer, caro leitor? |
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© DANIEL FALCÃO |
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