Autor

A. Cláudio

 

Data

1 de Novembro de 2006

 

Secção

Mundo dos Passatempos [17]

 

Competição

Torneio "Os Sete Magníficos"

Prova nº 1

 

Publicação

O Almeirinense

 

 

MORTO!

A. Cláudio

 

O esplêndido Ford do detective Scott percorria a curta distância que separava a sua habitação do palacete do milionário Leon Turner que, segundo a chamada telefónica que havia recebido, há poucos minutos, tinha aparecido morto, na sua residência.

O dia aparecia formoso e prometedor, em contraste com os anteriores, que tinham estado tempestuosos, chovendo ininterruptamente e trovejando bastante. A acção benéfica daquele sol radioso passava despercebida na mente de Scott, que, naquela altura, trabalhava activamente.

Dentro em pouco encontrava-se na frente de um largo portão de ferro, que tratou de transpor, internando-se pela mata que aparecia antes de se chegar ao palacete.

Inadvertidamente, Scott encontrou sob o seu olhar, à direita, dentro de um canteiro, um pedaço de tecido que, maquinalmente, guardou. Um homem sem libré estava ao portão. Scott perguntou-lhe se estava alguém em casa e explicou a sua vinda ali. O detective notou que o homem levava, repetidas vezes, a mão, em forma de concha, ao ouvido.

Seguindo-o, Scott encontrou-se num quarto, onde estava o cadáver do milionário, ficando, depois, só. Um rápido olhar para o corpo, que se encontrava deitado de bruços sobre a cama, com uma pequena brecha no crânio, e um revólver caído no chão, bastaram para que Scott pusesse o seu cérebro matemático em actividade. No mesmo momento verificou se o bocado de tecido que tinha encontrado coincidia com qualquer peça de vestuário do morto. De facto, na algibeira esquerda do casaco, faltava um bocado. Chegou à porta e chamou as únicas pessoas que coabitavam com o milionário – dois sobrinhos (os únicos parentes) e três criados, dos quais, naquela altura só um se encontrava, substituindo o mordomo.

Scott chamou um dos primeiros, que se adiantou e disse:

– Eu nada sei que possa resolver este enigma, pois cheguei hoje de Itália onde tinha ido em visita de estudo.

Scott olhou, depois, para o segundo, que contava mais quatro anos que seu irmão:

– Meu tio já há muito tempo que se encontrava preocupado, não sei porquê; talvez negócios ou o seu estado de saúde. Passava as noites em claro e, muitas vezes, ouvia-o falar alto. O nosso médico recomendou-lhe ter o maior sossego e ir, de vez em quando, dar uns passeios pela mata. Ontem, fui com ele dar uma volta, quando se sentiu, subitamente, mal disposto. Disse para regressarmos e

Scott interrompeu: – Este bocado de fazenda… o que significa?

– Ah!… isso foi quando regressávamos e, como ele cambaleava, prendeu-se o casaco num ramo e rasgou-se. Hoje de manhã, como estranhava não aparecer, vim até ao quarto e presenciei este espectáculo horrível. Pobre tio! Talvez previsse o fim próximo e, não querendo dar mais trabalho, suicidou-se!

Scott ouviu com atenção toda a narrativa de Stanley Turner. Meditou, por momentos, e, por fim, disse:

– Já sei o que sucedeu!

 

Qual o seu parecer, caro leitor?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO