Autor

A. Cláudio

 

Data

15 de Outubro de 2016

 

Secção

O Desafio dos Enigmas [10]

 

Publicação

Novo Audiência

 

 

MORTO!

A. Cláudio

 

O esplêndido Ford do detetive Scott percorria a curta distância que separava a sua habitação do palacete do milionário Leon Turner que, segundo a chamada telefónica que havia recebido, há poucos minutos, tinha aparecido morto, na sua residência.

O dia aparecia formoso e prometedor, em contraste com os anteriores, que tinham estado tempestuosos, chovendo ininterruptamente e trovejando bastante. A ação benéfica daquele sol radioso passava despercebida na mente de Scott, que, naquela altura, trabalhava ativamente. Dentro em pouco encontrava- se na frente de um largo portão de ferro, que tratou de transpor, internando-se pela mata que aparecia antes de se chegar ao palacete.

Inadvertidamente, Scott encontrou sob o seu olhar, à direita, dentro de um canteiro, um pedaço de tecido que, maquinalmente, guardou. Um homem sem libré estava ao portão. Scott perguntou-lhe se estava alguém em casa e explicou a sua vinda ali. O detetive notou que o homem levava, repetidas vezes, a mão, em forma de concha, ao ouvido.

Seguindo-o, Scott encontrou- -se num quarto, onde estava o cadáver do milionário, ficando, depois, só. Um rápido olhar para o corpo, que se encontrava deitado de bruços sobre a cama, com uma pequena brecha no crânio, e um revólver caído no chão, bastaram para que Scott pusesse o seu cérebro matemático em atividade. No mesmo momento verificou se o bocado de tecido que tinha encontrado coincidia com qualquer peça de vestuário do morto. De facto, na algibeira esquerda do casaco, faltava um bocado. Chegou à porta e chamou as únicas pessoas que coabitavam com o milionário – dois sobrinhos (os únicos parentes) e três criados, dos quais, naquela altura só um se encontrava, substituindo o mordomo.

Scott chamou um dos primeiros, que se adiantou e disse:

– Eu nada sei que possa resolver este enigma, pois cheguei hoje de Itália onde tinha ido em visita de estudo.

Scott olhou, depois, para o segundo, que contava mais quatro anos que seu irmão:

– Meu tio já há muito tempo que se encontrava preocupado, não sei porquê; talvez negócios ou o seu estado de saúde. Passava as noites em claro e, muitas vezes, ouvia- -o falar alto. O nosso médico recomendou-lhe ter o maior sossego e ir, de vez em quando, dar una passeios pela mata. Ontem, fui com ele dar uma volta, quando se sentiu, subitamente, mal disposto. Disse para regressarmos e

Scott interrompeu: - Este bocado de fazenda… o que significa?

– Ah!... isso foi quando regressávamos e, como ele cambaleava, prendeu-se o casaco num ramo e rasgou-se. Hoje de manhã, como estranhava não aparecer, vim até ao quarto e presenciei este espetáculo horrível. Pobre tio! Talvez previsse o fim próximo e, não querendo dar mais trabalho, suicidou-se!

Scott ouviu com atenção toda a narrativa de Stanley Turner. Meditou, por momentos, e, por fim, disse:

– Já sei o que sucedeu!   

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO