Autor Data 28 de Abril de 1977 Secção Mistério... Policiário [111] Publicação Mundo de Aventuras [187] |
A IMPOSSIBILIDADE… Acnavart Na
sacristia, à frente do idoso padre Luís, encontrava-se um jovem casal. –
Como lhe dizíamos, sr, padre Luís – explicava o
rapaz – queríamos casar dia 22 e, se possível, na parte da manhã, antes do
meio-dia. –
Meu filhos… Para o dia 22 de Janeiro, antes do
meio-dia, parece-me que vai ser um pouco difícil… Mas eu vou já verificar isso.
É só um instante. E
o bom do padre Luís começou a vasculhar por entre os vários montões de
papelada que juncavam a sua secretária, de mistura com jornais de vários
formatos e recortes de jornais, o livrinho de apontamentos onde inscrevia
todos os afazeres para os dias mais próximos. –
Ah!... Cá está ele… – disse, erguendo um livrinho de capa preta, coçada e de
folhas muitas delas dobradas aos cantos. – Ora hoje são… Hoje são… –
Hoje são quinze, senhor padre Luís… – ajudou o noivo a aclarar aquela
possível amnésia lacunar… –
Pois… É isso… Quinze! Molhando
o dedo indicador o padre Luís começou a virar as páginas uma por uma… –
Dia vinte e dois… Foi o que disseram, não foi?...
Deixa cá ver-te… Ah! Cá está! Oh!... É impossível, meu
filhos… Ora olhem! – e mostrou-lhes apontando
com o dedo: – Dia vinte e dois, logo de manhãzinha missa às sete horas e meia…
Depois, a partir das oito e meia, uma procissão que durará aí umas três horas
e, finalmente, às onze e meia, um funeral. – E voltando-se, contristado, para
o casalinho: – E vocês sabem como são os funerais. Não é chegar e andar! Como
acabam de ver tenho o tempo todo ocupado para este dia vinte e dois antes do meio-dia…
– e olhando-os por cima dos óculos: – E se fosse na parte da tarde?... O
casalinho olhou-se e respondeu a noiva: –
Multo obrigada, sr. padre
Luís… Nós vamos pensar nisso e depois avisamo-lo. Já
cá fora, o noivo pára, volta-se para a jovem e
exclama: –
Esta é boa! Há duas coisas fundamentais para… – E pegando-lhe no braço: –
Anda, vamos explicar ao padre Luís que… 1
– Que pretenderia explicar o noivo? 2
– Que seriam aquelas «duas coisas fundamentais» a que se referira? |
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© DANIEL FALCÃO |
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