Autor

A. Coelho

 

Data

21 de Abril de 1977

 

Secção

Mistério... Policiário [110]

 

Publicação

Mundo de Aventuras [186]

 

 

Solução de:

CRIME NA MANSÃO

A. Coelho

 

1 – Foi o mordomo quem matou o conde…

2 – Esta afirmação deve-se ao facto de o mordomo ter dito que dera corda ao relógio às 20 horas e 20 minutos… quando, precisamente a essa hora, nós verificamos que os ponteiros estão exatamente em cima dos buracos por onde entra a chave para dar a corda… o que tornaria essa entrada impossível!...

 

Solução apresentada por Sportinguista

TrrimTrrím

A campainha do telefone tocou com toda a força.

Encontrava-me nesse momento no meu habitual banho de chuveiro e embrulhei-me apressadamente na toalha…

– «Quem será o chato!...»

– Quem fala? – perguntei bastante aborrecido.

– Sou eu, o Ted… Desculpa incomodar-te, mas houve um crime na mansão do conde de Zurca.

– E quem morreu?...perguntei já algo interessado.

– O próprio Zurca – respondeu Ted, preparando-se para desligar. – Vem já ter comigo se queres o exclusivo do reportagem

Desligou. Vesti-me apressado ruminando no que acabara de ouvir. Um crime logo de manhã, como pequeno-almoço…

Peguei no gravador e corri para a esquadra.

 

Estávamos todos reunidos na grande sala da mansão. Os peritos andavam à volta do corpo procurando impressões digitais e quaisquer outros vestígios do crime na divisão onde o conde aparecera assassinado.

Liguei o gravador…

O meu amigo começou o interrogatório.

O primeiro a falar foi o mordomo, que declarou: – Eram 20 e 20 precisas e estava aqui a dar corda ao relógio grande, quando ouvi o tiro. – Todos olhámos para o relógio e, mentalmente, vimos as 20 e 20… – Corri imediatamente para o sítio donde me pareceu vir o som.

Logo de seguida foi a vez da criada, que afirmou:

– Comecei a lavar a louça às 20 e 15 e, passados alguns minutos, ouvi um tiro, e corri logo para o sítio donde me pareceu vir o som. O mordomo já lá estava… e o senhor conde estava morto…

 

Eu e Ted estávamos a matutar no que nos fora dito, quando reparei que o meu velho amigo olhava fixamente para o grande e imponente relógio da sala…

Subitamente virou-se para o mordomo e disse-lhe:

– Está preso!

O interpelado, espantado, retorquiu:

Preso?... E com que provas, inspector?... Acho que está mas é a precisar de reforma…

Ted, sem lhe dar ouvidos, chamou um dos seus agentes a quem ordenou:

– Acompanhe este homem para a cela!...

– Mas, eu também não percebei… – exclamei, espantado – Que provas tens contra ele?

– O relógio e a conversa gravada no teu aparelho…

– O relógio?... Explica-te melhor, Ted.

– Meu amigo – continuou Ted –, que horas são agora?...

Olhei para o relógio e respondi:

– Vinte e uma e cinco minutos.

– Certamente… Agora repara: vou atrasá-lo e colocá-lo novamente nas 20 e 20…

– Oh!... Já percebi! – exclamei, após ter assistido aos movimentos. – Já vi onde queres chegar… É evidente que o mordomo mentiu e não estava a dar corda a este relógio às 20 e 20, porque os ponteiros, nesse momento, tapavam as entradas da chave…

– Excelente dedução, meu caro – respondeu-me com um sorriso a vincar-lhe os lábios. – E se fôssemos beber um café?...

– Com todo o gosto… Mas não gozes comigo, pois foste tu que me encaminhaste para o raciocínio que querias que eu fizesse… Aliás, quando o mordomo falou e nós olhamos paro o grande relógio, vimos uma coisa… e quando, há pouco,  tu rodaste os ponteiros até às tais 20 e 20… Vimos outra: os buracos da chave ficaram tapados!

Peguei no gravador e abalámos para a tasca mais próxima.

© DANIEL FALCÃO