Autor

A. C. R.

 

Data

13 de Abril de 2012

 

Secção

Correio Policial [28]

 

Publicação

Correio do Ribatejo

 

 

A TABERNA DOS PESCADORES

A. C. R.

 

Era uma taberna característica, daquelas só frequentadas por pescadores. Dentro cheirava a bafio e a vinho azedo. A um canto, umas redes dependuradas na tentativa infrutífera de amenizar o ambiente.

No meio do compartimento, perto do balcão, uma mesa e algumas cadeiras. E, como centro de toda a cena, um corpo, sentado numa daquelas cadeiras, tombado sobre a mesa. Um dos braços pendia em direcção ao chão e o outro, o direito, colocado sobre o tampo da mesa, tinha perto de si um copo com um resto de vinho tinto.

Quem observasse com cuidado o corpo da vítima – com o trajo inconfundível dos pescadores – notaria que no seu peito se achava cravada uma navalha. O sangue brotava abundantemente do ferimento mortal manchando a camisa de xadrez e as calças de cotim da vítima. No chão uma poça vermelha.

O taberneiro, segundo as suas próprias palavras, fora a única testemunha do caso.

– Eles eram dois. Entraram já a discutir. Este mandou que lhe deitasse um copo de vinho. Assim fiz enquanto eles continuavam a regatear. Ao que me pareceu, a questão era devida a uns dinheiros emprestados. A certa altura, quando este estava a beber, o outro puxou da navalha e cravou-lha no peito. Fiquei espantado com a rapidez do sucedido e quando dei por mim já o patife tinha desaparecido… Não toquei em nada.

 

O caso fica por aqui. E é tão fácil, tão fácil, que o observador atento não precisava de mais para tirar conclusões. Vamos a isso?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO