Autor Data 23 de Setembro de 1976 Secção Competição Prova nº 3 Publicação Mundo de Aventuras [156] |
Solução de: ACONTECEU NO BANHO… Agatha 1.a
– Crime. 2.a
– Se a mulher fizesse um golpe tão profundo no pulso, a mão correspondente
ficaria inutilizada e não poderia fazer um golpe semelhante no outro pulso. Por
outro lado, ela não poderia ter segurado a faca com a boca e não há dados
para outra qualquer hipótese. COMENTÁRIO por M. Lima O
autor, (porquê um pseudónimo feminino?) ao querer mascarar de suicídio, o
crime, está mesmo a apontar para aquilo que é, fazendo lembrar o avestruz, que
querendo esconder-se dos seus inimigos, esconde apenas a cabeça, deixando
todo o corpo (que não é pequeno), a descoberto. O
que fará uma pessoa suicidar-se logo após a chegada de uma festa? Que se conste,
(pelo menos o autor não faz referência) não havia incompatibilidade, não
houve zanga, nada que fizesse a senhora suicidar-se e para mais com uma faca
de cozinha, o que revelaria um estado de desespero total, pois o normal, (se
é que um suicídio pode considerar-se um caso normal. no caso de uma senhora,
seria o mesmo através de barbitúricos, veneno, já não falando de uma lâmina,
que geralmente existe nos quartos de banho e que, neste caso, (corte dos
pulsos) seria um corte praticamente indolor (assim já poderia golpear os dois
pulsos) e consequentemente uma morte serena por esgotamento sanguíneo. E
como levaria a senhora a faca para o quarto de banho? Não se sabe a localização
das dependências da casa, nem a localização do marido, na altura da saída da
senhora da cozinha, com a faca, (se isto tiveste acontecido) facto que se
tornaria logo suspeito: ainda sobre a faca, em que altura a vítima a iria
buscar? antes ou depois da mudar de roupa? Sim! Não se concebe que uma pessoa
vá tomar banho, no regresso de uma festa, sem mudar de trajo, (que não será o
trajo normal) e neste caso, onde levaria ela a faca para que o marido não visse?
O
autor, deu também uma valente escorregadela quanto
ao horário apresentado: se o inspector, chegou às 2,15 horas e o médico já tinha feito o exame à
morta, isto quer dizer que o referido médico tinha lá chegado antes dessa
hora; suponho que o exame levaria 10 minutos?,
teremos que, contando com os preparativos, ele, o médico, teria chegado por
volta das 2 horas, então porquê dizer que a morte ocorreu entre as 1,30 horta
e as 2,30 horas, se por volta das 2 horas ela já estava morta? Por outro
lado, o marido declarou que tinham voltado cerca da 1,30 hora, e como já
ficou dito, a vítima teria de mudar de roupa para ir tomar banho, quanto
tempo necessitaria ela para essa operação? Sabe-se que senhoras, (honra lhes
seja quanto ao seu vestuário), são bastante cuidadosas e gostam de colocar as
várias peças nos seus lugares; dando para este cuidado, 10 minutos, (tempo
aquém do que julgo necessário) temos que ela teria ido para o quarto de
banho, mais ou menos às 1,40 ou 1,45; como a hora provável da chegada do
médico seria às 2 horas, sobram 15 minutos para o assassínio e esvaimento de
sangue; a vítima ao ver-se assim atacada, devia ter lutado bem, a não ser que
tivesse desmaiado logo, mas mesmo assim, contando com o tempo necessário para
ela ficar exangue, os 15 minutos seriam insuficientes, tendo ter também em
conta que o marido quando telefonou à polícia, a esposa já estava morta, o
que ainda reduz mais o tal período de 15 minutos; a propósito: porquê a preocupação
de chamar a polícia? Não seria mais natural chamar um médico ou uma ambulância?
Por
tudo isto, temos que foi crime, porque: 1.o
– A vítima mesmo que resistisse ao primeiro corte, isto é, não desmaiasse,
não podia cortar o outro pulso, pois que com um cortado, à mão correspondente
ficaria pendente, sem acção, devido ao corte dos músculos
e tendões. 2.o
– Não poderia cortar o 2.o pulso com a faca presa na boca, porque
tinha lá uma esponja, mas mesmo que pudesse agarrar a faca com ela, não teria,
dessa maneira, força para fazer um corte tão profundo. 3.o
– Não consta no relato do caso a possibilidade de a faca estar entalada em
qualquer lugar do quarto de banho. 4.o
– Embora seja um ponto sem muita importância, não é crível que uma pessoa que
se vai suicidar, vá meter uma esponja na boca para não gritar, pois já deve
estar mentalizada para o não fazer. Há
ainda o facto, ventilado por alguns, de a vítima ir tomar banho depois de uma
festa: pois não vejo que o facto tenha importância, pois não sabemos que espécie
de festa foi essa, se comeu ou não comeu, mas, mesmo no caso de ter comido, o
facto carece de importância, uma vez que isso é um factor
de habituação do organismo. (Veja-se o facto de os nadadores de fundo, principalmente
os que atravessam o Canal da Mancha, que são alimentados quando ou enquanto
estão dentro de água). Um
último pormenor, para alguém que o mencionou: o
facto da porta do quarto de banho estar arrombada, carece também de
importância, uma vez que é o próprio assassino que o menciona; depois de
matar a esposa, fecha a porta, arromba-a e coloca a chave na fechadura por
dentro, ou simplesmente atira-a para o chão; (no relato do caso, nada consta
sobre a localização da mesma). E
é tudo o que se me oferece dizer sobre o caso. |
© DANIEL FALCÃO |
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