Autor

Agente J-23

 

Data

22 de Outubro de 1981

 

Secção

Mistério... Policiário [327]

 

Competição

Torneio “Do S. Pedro ao Natal”

Problema nº 6

 

Publicação

Mundo de Aventuras [419]

 

 

UM POSSÍVEL CRIME… NO FUTURO

Agente J-23

 

O Inspector Gomes estava inactivo, em férias ali para os lados de Serpins, e aquela monotonia, por paradoxal, esgotava-lhe os nervos.

Foi assim que começou por imaginar um caso que no futuro ele tivesse que desvendar – apesar de estarmos na segunda quinzena de Julho de 1975… Em suma, começou por imaginar um crime… que ainda não ocorrera!… Mas que poderia muito bem vir a ocorrer! Pegou na caneta e papel do bloco e começou:

«Foi no dia 29 de Outubro»… – estava habituadíssimo a começar assim o seu «roteiro diário»… – «Naquele ano de 1976 ocorreram vários casos, mas ao inspector Gomes apenas interessava o quarto caso/crime daquele ano… E desta vez até parecia que o inspector Gomes estava em frente de um caso bicudo… Grave!… E também mais uma vez, ele teria que «caçar» um criminoso assassino… Quem?… Provavelmente um dos que viviam com a vítima, pois esta fora morta na sua casa. E como tantas vezes acontecera, a pergunta bailava-lhe no cérebro, que os lábios retransmitiam… Quem?… E também como de outras vezes acontecera, apenas o eco lhe respondera…»

«Como tudo parecia levar a circunscrever o caso apenas aos da casa… achou por bem convocar todos os suspeitos que eram, afinal, só três: – a mulher da vítima, o sobrinho e o criado, também motorista…»

«Começou pela mulher…»

– Diga-me, dona Margarida, a que horas encontrou o seu marido morto?

– Foi cerca das 8 horas, quando cheguei da cidade. O nosso carro não funcionava, mas como também não estamos assim muito longe, fui para lá de táxi, depois do almoço e regressei na camioneta das 7, depois de fazer umas compras e lanchar com uma amiga. Quando aqui cheguei, fui logo ao gabinete do meu marido, situado perto da biblioteca e abri a porta… Encontrando o gabinete às escuras, com as cortinas corridas provocando uma escuridão completa, fui então correr as cortinas e deixei a luz do dia invadir o quarto… ao voltar-me, vi o meu marido caído e com um tiro na testa. Verificando que já nada havia a fazer…

«O inspector interrompe e pergunta ao sobrinho da vítima, e sobrinho da viúva por afinidade:

– Onde estava você por volta dessas 8 horas?

– Enterrado num «maple» na biblioteca, a ler «O Caso do Campo de Golfe…

– E não ouviu o tiro?

– Não. As paredes da biblioteca são forradas e não deixam passar o som. Além do mais, estava tudo fechado. Como pode verificar.

– Nem passa o mínimo ruído?

– Bem… Sou capaz de ter ouvido, algo… que me pareceu o ruído de um motor, ou coisa no género…

«Foi nessa altura que o inspector perguntou ao criado-motorista:

– E você… Ouviu o tiro?

– Não, senhor! Estava na garagem a ver se arranjava o motor do automóvel (já fui mecânico, senhor!) e, à distância a que estou, se algum tiro houve, o som não chegou lá…»

 

O inspector pousou então a caneta… Recostou-se… Coçou e espantou um imaginário mosquito atrás da orelha e disse para os seus botões:

– «Está giro!… Escrevi isto a brincar por desfastio e parece-me…

«Pegou nas folhas e leu tudo, de novo…

– «Está escrito sem rigores, nem análises, nem interlocuções técnicas laboratoriais e científicas… também nada se sabe da morte… nem do morto… mas, mesmo assim, pode saber-se qual o criminoso…»

 

Ah, pode?… Então digam vocês:

1 – Quem «é» o criminoso?

2 – Porquê? (Explique convenientemente)

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO