Autor

A. Lacerda

 

Data

9 de Novembro de 1978

 

Secção

Mistério... Policiário [191]

 

Competição

Torneio “M. Lima"

Problema nº 4

 

Publicação

Mundo de Aventuras [267]

 

 

Solução de:

TANTOS SUSPEITOS!...

A. Lacerda

Solução apresentada por Detective Misterioso

1 – O criminoso terá sido Sérvulo Belas, operador dos holofotes.

– Seguindo o raciocínio do inspector, de que só alguém que estivesse num local onde não pudesse ser visto, é que teria sido o criminoso, teremos de incriminar Sérvulo, já que actuando ele com holofotes no varandim, ficava fora da visão dos restantes intervenientes, já que os focos de luz, saídos dos referidos holofotes e que incidia sobre a cena que estava a ser filmada, não permitiriam a quem olhasse para o varandim, ver qualquer movimento do operador de luzes, devido ao encandeamento provocado pelos referidos focos luminosos…

Por outro lado, todos os restantes intervenientes, absorvidos como estavam com a cena a ser filmada, nem sequer olhariam para o varandim dos holofotes…

Vejamos agora que, o realizador, encenador, maquilhadores (dois), assistente de realizador, anotadores (dois), câmaros (dois), se encontravam em locais mais ou menos visíveis uns dos outros, portanto sem hipóteses de dispararem a arma sem serem vistos, ao passo que o operador dos holofotes, trabalhando só e no varandim tinha toda a possibilidade de disparar sem ser visto.

Em relação ao revólver da cena, foi fácil saber que ele não disparara a bala assassina, visto que, trabalhando o tambor da arma, da esquerda para a direita (sentido dos ponteiros do relógio), e porque o tambor tinha um orifício de cartucho (não um cartucho) frente ao cano, para a direita, um outro vazio (orifício) e a seguir a este o cartucho completo com a bala plástica, verifica-se que o criminoso colocou o tambor, da arma com o orifício vazio que se seguia à bala plástica (para a esquerda), pronto a disparar (isto é, no enfiamento do cano), e quando foi disparado em cena (sim, porque o revólver disparou quando Maria Clotilde accionou o gatilho, só que não houve ruído nem saiu a bala porque o tambor a não tinha, e a prova é que não está no tambor nenhum cartucho detonado), o tambor rodou, indo fixar outro orifício, também vazio, em frente do cano, distanciando ainda mais do cão da arma a bala plástica, que ficou agora no terceiro espaço (orifício) a contar do cano.

O motivo que levou o criminoso a proceder assim, deve-se ao facto de na altura do disparo, não serem ouvidos dois sons de tiro, um da arma da cena e outro da arma cio criminoso, o que levaria os presentes a tentar localizar esses sons, visto partirem de locais diferentes, o que, possivelmente, levaria logo à descoberta do criminoso. Sim, porque seria uma grande coincidência os dois disparos serem simultâneos de modo a parecerem um só…

O criminoso aproveitou a ocasião de a arma estar em cima da mesa, já depois de carregada pelo anotador e verificada pelo encenador, para girar o tambor de modo a ficar um orifício vazio frente ao cano, operação que levou poucos segundos a executar…

Quanto ao facto de na arma só aparecerem bem visíveis as impressões digitais de Maria Clotilde, e outras borratadas ao ponto de só serem manchas, acontece por a arma ter passado por muitos mãos, o que levou a borratar as impressões digitais dos vários intervenientes, à medida que a arma andava de mão em mão, ao passo que as de Clotilde são visíveis por ter sido a última pessoa a servir-se da referida arma, e também pelos cuidados do criminoso, que deve ter usado luvas ou algo parecido para evitar as suas impressões.

© DANIEL FALCÃO