Autor

Al-Hain

 

Data

20 de Fevereiro de 2011

 

Secção

Policiário [1022]

 

Competição

Campeonato Nacional e Taça de Portugal – 2011

Prova nº 1 (Parte I)

 

Publicação

Público

 

 

Solução de:

MISTÉRIO NO PARAÍSO

Al-Hain

 

Iniciemos então a solução deste problema – e não há melhor maneira para começar essa tarefa que não seja começando pelo princípio.

Pergunta-se em primeiro lugar quem foi o condenado.

Pelas palavras do estranho ser, cuja estrutura parecia ser a de uma nuvem, conclui-se que o condenado teria sido o espírito do agente da Polícia Militar que na sua vida terrena cometeu muitos crimes quando a sua missão era, na verdade, a protecção dos seus concidadãos.

Esta prática configura um pecado muito mais grave do que o do traficante. O traficante poderia ter sido levado para aquela actividade por dificuldades económicas e/ou outras. O polícia militar aderiu às actividades criminosas por ganância, a qual o levou a trair o seu juramento de fidelidade à causa da justiça e também os seus companheiros.

Segundo ele próprio afirma, estava abrigado poucos metros abaixo do local onde se encontrava o seu colega. Quando a filha deste passou, subindo o morro, disparou sobre ela, que ficou em estado de coma. Ao ver a filha ferida, o pai tentou socorrê-la mas não teve oportunidade para isso pois foi atingido mortalmente pelo colega.

Possivelmente estes factos foram originados por questões de vingança. Por esse motivo, ele foi levado para o Umbral de onde não é possível sair sem que antes sofra o castigo pelas suas acções em vida, se arrependa sinceramente e encontre algum outro espírito disposto a ir buscá-lo porque, sozinho, os espíritos empedernidos que lá vivem como vermes jamais de lá o deixarão sair.

O Umbral o que é?

As histórias que chegam até nós a respeito do Umbral mostram um local de sofrimento como dificilmente podemos imaginar. Para falar mais sobre o assunto e esclarecer alguns pontos, vamos ver o que nos diz o médium e escritor Alceu Costa Filho.

Várias linhas espirituais falam sobre um lugar de trevas, para onde criaturas que desencarnam em situação de muita dor, ódio, suicídio, etc. acabam por ir parar. A palavra Umbral amplamente usada por André Luiz através da psicografia de Chico Xavier, faz parte da linguagem espírita para definir zonas de dor e sofrimento. Definida nos dicionários (Aurélio) como “Limiar da Entrada”, este sempre existiu como consequência natural da mente humana. Na obra Nosso Lar encontramos, nas palavras de Lísias, o seguinte:

“O Umbral começa na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram atravessar as portas dos deveres sagrados a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano de erros numerosos.”

Uma alma pode passar no Umbral o tempo que sua consciência determinar, podendo ir para uma dimensão mais elevada a partir do seu despertar para as verdades eternas. No livro Memórias de um Suicida existe um relato no mínimo tétrico dessa região e dos espíritos que ali habitam. Alguns videntes dizem que quem ali se encontra, muitas vezes não consegue enxergar espíritos consoladores, de tão densos que são os seus corpos etéricos.

Allan Kardec, no seu Livro dos Espíritos (capítulo Ensino Teórico das Sensações dos Espíritos, questão 257), cita:

“Não possuindo órgãos sensitivos, eles podem, livremente, tornar activas ou nulas as suas percepções”. Uma só coisa são obrigados a ouvir: os conselhos dos Espíritos bons. A vista, essa é sempre activa; mas eles podem fazer-se invisíveis uns aos outros. Conforme a categoria que ocupem podem ocultar-se dos que lhes são inferiores, porém não dos que lhes são superiores.

Há quem diga que o Umbral é o pensamento global dos sofredores plasmado no éter próximo à crosta da Terra. Manoel Philomeno de Miranda assim o descreve: “Composta de elementos que me escapavam, eram e são, no entanto, vitalizadas pelas sucessivas ondas mentais dos habitantes do planeta, que de alguma forma sofrem-lhe a condensação perniciosa.”

Muito ainda poderia ser acrescentado mas temo tornar esta solução demasiado longa, pelo que ficamos por aqui.

© DANIEL FALCÃO