Autor Data 6 de Maio de 1982 Secção Mistério... Policiário [352] Competição Torneio
“Dos Reis ao S. Pedro” - 82 Problema nº 8 Publicação Mundo de Aventuras [447] |
DUPLO CRIME Alpha Dauphin No
jardim da mansão Menezes, o inspector Pontes revê
mentalmente os factos que rodearam o assassinato… …
José Maria Vasconcelos Menezes, irmão do dono da casa, estava a passar uns
dias na mansão Menezes. No dia seguinte ao da sua chegada, teve uma espécie
de ameaça de ataque cardíaco a seguir ao almoço. Foi chamado o médico, o Dr.
Travassos, que afirmou tratar-se de coisa ligeira de momento e apenas
receitou alguns medicamentos, aconselhando, no entanto, que o Sr. Menezes
visitasse o seu médico e fizesse exames mais demorados. A esposa do dono da
casa, a D. Rita Menezes, preparava-se para sair e então prontificou-se a
comprar os medicamentos na vila mais próxima… …
Quando regressou a casa, entregou os medicamentos à criada que os devia
ministrar ao seu cunhado… Segundo essa mesma criada, um dos medicamentos, uma
cápsula, estava fora do seu lugar numa «tablete» de cápsulas»…
Portanto, foi essa cápsula que ela deu ao Sr. José Menezes… Pouco depois, o
doente convulsionava-se violentamente e morria… Quando o médico chegou já era
tarde… Este apenas diagnosticou «morte devida a envenenamento por cianeto»… …
Foi chamada a polícia. Concluiu-se que o Sr. Menezes só podia ter sido
envenenado através da cápsula que ingerira… Esta em vez de conter o
medicamento, conteria cianeto… O seu conteúdo
inicial teria sido movido e no seu lugar fora posto o veneno… A autópsia
ajudaria a confirmar. O
farmacêutico que vendera os medicamentos confirmou que, por descuido seu, uma
cápsula saíra do seu invólucro, mas limitara-se a repô-la no seu lugar… Tudo
isso presenciado pela Sra. Menezes… …
A Sra. Menezes afirmou que recebera o embrulho dos medicamentos, pagara, fora
um café ali perto, pedira ao empregado que lhe servisse um chá, fora à casa
de banho e quando voltara à mesa, já o empregado ali tinha o chá… Bebera,
pagara e, à saída do café encontrara um amigo da família, o Sr. Costa, que
também se dirigia à mansão, pois fora convidado pelo marido da Sra. Menezes…
No percurso de automóvel até à mansão, os dois automóveis, visto que a
senhora se deslocara no seu, foram sempre a pouca distância um do outro… A
criada que assistira ao Sr. José Menezes tinha uma testemunha que vira em
como não tocara na cápsula que dera ao doente… Ela abrira o embrulho e dera a
cápsula à vítima na presença de outra criada… Ambas estavam ao serviço
naquela casa há largos anos… No
decurso das investigações, o farmacêutico, Sr. Cias, fora à mansão Menezes a
pedido do inspector Pontes, para verificar os
medicamentos que vendera… Dizendo, mais tarde que tinha um facto a
comunicar-lhe… O
inspector foi «despertado» dos seus pensamentos
pelo Sr. Menezes que se lhe dirigia: –
Vamos para casa, inspector, temos lá um bom café ã nossa
espera Além
do inspector e do Sr. Menezes, também tomaram café,
a dona da casa, o Sr. Costa, o Dr. Travassos e o Sr. Cias. A
própria dona da casa servira o café, e, quando todos se preparavam para o
beber, ouve-se um grande estardalhaço de louça que se quebra… Toda a gente se
volta e vê o velho Frederico, o criado, no chão, e à roda dele uma multidão
de cacos de loiça… O velhote, que transportava um pilha de pratos, caíra,
batera numa pequena mesa em cima da qual estava um lindo jarrão… agora transformado
em cacos! Em cima da mesa estava ainda um frasco de perfume e, num instante,
o ar da sala fica impregnado de perfume caro… Todos os presentes se levantam
e acorrem a ajudar o velhote, excepto a Sra.
Menezes que fica sentada, muito nervosa e afogueada com o susto, abanando-se
com um guardanapo. Pouco
depois, já sentados e após todos terem acabado de beber o café, o Sr. Cias
parece sentir-se mal… cai… convulsiona-se…. e,
apesar da presença de um médico, acaba por morrer. O médico, apenas verifica
que a morte fora devida muito naturalmente a envenenamento por cianeto, quer
pelos sintomas, quer pelo cheiro a amêndoas amargas que era perceptível na boca do morto. O
inspector Pontes manda recolher todas as chávenas
onde beberam o café e, posteriormente vem a saber que apenas uma delas, a do
Sr. Cias, continha vestígios de cianeto… Então
o flácido inspector concluiu que o caso estava
resolvido… Claro que isto é um simples «problema»
mas do que não há dúvida é que, na vida real e com os espaços de tempo necessários,
a história poder-se-ia ter passado mais ou menos como o descrito… Posto isto, apenas nos resta as
sacramentais perguntas: 1
– Quem assassinou o Sr. João Menezes e o Sr. Cias? 2
– Explique convenientemente a sua ou as suas respostas anteriores. |
|
© DANIEL FALCÃO |
||
|
|