Autor

António Paulo Santos

 

Data

24 de Novembro de 1977

 

Secção

Mistério... Policiário [141]

 

Competição

Torneio “Tertúlia Policiária do Palladium"

Problema nº 3

 

Publicação

Mundo de Aventuras [217]

 

 

Solução de:

O POEMA VOADOR!…

António Paulo Santos

Apresentada por Milena

1 – Penso que a culpada foi a tis Dalila.

É certo que tanto Susana como Josefa estiveram na biblioteca… Que qualquer delas poderia ter manchado o papel do «Poema» com os líquidos que manusearam e que, além disso, estariam naturalmente curiosas em saber quem era a «musa» inspiradora… Porém, e desde logo, Susana não poderia ter sido culpada, muito embora aquela ideia de pintar o chorão, fustigado, nesse dia, pela intempérie, não pareça muito corrente… Todavia, se ela foi a primeira a entrar na biblioteca, naquela tarde, não poderia ter largado junto à lareira o «poema»… que se tornou «voador»… uma vez que Josefa ali o não encontrou, dez minutos depois, quando foi limpar a sala e atiçar o fogo, como seria lógico que acontecesse. Também esta, como última presença confessa na salo, não iria cometer a imprudência de ali deixar o «poema»… até, porque, nem ela, nem a primeira, tinham necessidade de se precipitar, fugindo, pois que, tanto uma como outra tinham justificação boa e suficiente para ali se encontrarem!...

Resta-nos a tia Dalila… a única que não confessou ter ali entrado, mas que sem dúvida o fez e que, no temor de ser apanhada espiando, fugiu, precipitadamente, deixando as marcas dos seus dedos, engordurados, bem nítidas, na folha reveladora…

2 – Na verdade, das três matérias mencionadas, só a manteiga poderia ter deixado tal tipo de manchas, brilhantes fugindo para o translúcido… Claro que também é possível, por uma coincidência muito estranha, que qualquer das outras duas mulheres tivesse «espreitado» o «poema» em questão mas, se em tal caso os seus dedos ali deixassem marcas, estas desapareceriam com o tempo, e muito especialmente pela acção do calor intenso a que a folha começou a ser submetida logo que «voou»… Ao contrário daquelas, as manchas da manteiga, com o calor, tornar-se-iam ainda mais vivas e alastradas!

Assim fica incriminada a tia curiosa que, imprevidente, se esquecera de lavar as mãos…

© DANIEL FALCÃO