Autor

Aoj Miuq

 

Data

7 de Novembro de 1999

 

Secção

Policiário [434]

 

Publicação

Público

 

 

Solução de:

CHUVA, DINHEIRO E MORTE

Aoj Miuq

 

1 – O assassino foi Carlos.

2 – O ladrão foi mesmo Carlos.

3 – Os elementos de que me servi são:

a) a falta de álibi dos dois irmãos à hora da morte do sr. Magalhães, que se teria dado às 10 ou 22 horas, conforme o indicava o seu relógio;

b) o aparecimento da pasta na posse do Miguel.

Perante estes dois factos, teremos de excluir um assassino estranho. Por impossibilidade, teremos de excluir também a srª Magalhães;

c) o tempo que levaria a percorrer a distância entre a vila e o local do crime (40 minutos);

d) a chuva que começou a cair às 10h40;

e) o Miguel, quando chegou a casa, às 12h30, não subiu ao seu quarto para mudar de roupa. Vinha enxuto.

Situando a morte do sr. Magalhães às 10h, teremos de ilibar Miguel. Não tivera tempo de ir e vir sem se molhar;

f) as roupas do cadáver estavam completamente encharcadas;

g) os bordas do ferimento estavam arroxados e não havia manchas de sangue no local.

Estes dois elementos fornecem-nos a certeza de que a morte não se deu às 22h. Como não chovera, nem as roupas poderiam estar encharcadas nem os vestígios de sangue seriam lavados.

4 – Sintetizando:

Carlos telefonara ao tio, disfarçando a voz, a convidá-lo para um negócio de diamantes donde obteria bom lucro. O sr. Magalhães, de nada desconfiando, apareceu no local à hora combinada. Carlos, munido da Beretta que havia roubado ao tio dias antes, esperara-o escondido. Abatera-o com dois tiros, verificara se estava morto, tirou-lhe a pasta com o dinheiro e afastou-se. Matou um coelho e regressou. Como não estava ninguém em casa na altura, retirou 140.000$00 para si e subiu ao quarto do irmão, onde deixou a pasta com 10.000$00, para que mais tarde lhe fosse atribuído o crime e em especial para se vingar dele por lhe ter roubado a namorada.

© DANIEL FALCÃO