Autor Data 16 de Abril de 2007 Competição Prova nº 4 Publicação CLUBE DE DETECTIVES |
Solução de: TEMPICOS E OS IRMÃOS SHERIF A. Raposo & Lena O preso na PJ era Hermann Sherif, o europeu,
enquanto o muçulmano actuava em Frankfurt.
Descobre-se isso por duas vias. Um verdadeiro muçulmano não
bebe álcool nem come carne de porco e, por isso, não iria pedir ao carcereiro
uma sandes mista (queijo+ fiambre) e a cervejola. Note-se que, embora se faça
fiambre com carne de peru, este só é servido se for expressamente solicitado. Um verdadeiro muçulmano,
quando faz as suas orações diárias, também sabe orientar-se e dirigir a sua
cabeça para Meca, lugar sagrado dos muçulmanos, que fica a oriente de Lisboa.
Ora no texto diz-se que, naquele fim de tarde, quando o preso se ergueu após
a oração, a sua cara ficou com os quadradinhos desenhados pelo sol que
entrava pela janela gradeada. Isto indica que ele estava voltado mais para os
lados do poente do que do oriente, ao contrário do que um bom e verdadeiro
muçulmano faria. Vê-se que o Hermann não estava
habituado a orientar-se para fazer as orações prescritas pela religião
muçulmana. Mas por que motivo, nos
assaltos, os Sherif se
preocupavam em não deixar qualquer dedada ou resíduo orgânico e,
simultaneamente, pareciam não se importar de abandonar um alicate ou uma
chave de parafusos com as impressões digitais do irmão encarcerado? Bom,
dentro do esquema de um dos gémeos se fazer prender para fornecer um álibi ao
outro, a descoberta do ADN, em qualquer resíduo orgânico atribuível ao
ladrão, levaria à acusação do mano em liberdade. É fácil ver porquê. Eles,
como gémeos monozigóticos, têm o mesmo ADN, que é um aspecto
potencialmente vantajoso para os dois, enquanto delinquentes, por poder conduzir
a alguma indecisão. Contudo, no presente esquema, isso nada ajudaria, visto
ser evidente que, face à descoberta do ADN do larápio, só ao mano em
liberdade podia ser imputada a autoria do assalto. No que respeita às
impressões digitais o problema é diferente. Os gémeos monozigóticos têm
impressões digitais muito semelhantes mas distinguíveis entre si. Deste modo,
o truque das ferramentas marcadas, que eles com certeza trocaram previamente,
tinha em vista baralhar por completo as polícias, que se viam a braços com
uma prova apontada a um indivíduo que, afinal, se encontrava à sua guarda! Convenhamos que os manos Sherif devem ter querido, acima de tudo, troçar da
polícia em geral, uma vez que acrescentaram riscos desnecessários aos bem
preparados assaltos que levaram a cabo. Esqueceram-se de que, para
além dos inevitáveis erros, lhes podia aparecer pela frente um arguto e
matreiro Tempicos, na circunstância representante
de uma plêiade de policiaristas, sempre disposto a
descobrir as mais pequenas falhas. |
© DANIEL FALCÃO |
|
|
|