Autor

A. Raposo & Lena

 

Data

20 de Abril de 2014

 

Secção

Policiário [1185]

 

Competição

Campeonato Nacional e Taça de Portugal – 2014

Prova nº 2 (Parte I)

 

Publicação

Público

 

 

Solução de:

HOJE HÁ PASSARINHOS…

A. Raposo & Lena

 

Neste caso há que definir a geografia da cena e começar a dar o nome aos intérpretes, depois cavalgar-lhes as alcunhas, ler os dados e retirar conclusões.

Sabemos pela narração da história que há 6 actores e mais 2 que são os donos da tasca, a saber Elias e Fatucha.

Ao balcão e de costas para a mesa onde se joga a sueca, Tempicos e o Quim, este por alcunha “o marreco”, devido à escoliose, trincam passarinhos.

Tempicos – que estudava para inspector da Judiciária era também conhecido por “olho vivo”, devido ao seu “olhar perspicaz”, como o texto menciona.

Na jogatina estão os restantes quatro. Sabemos que o Zé (o anafado) foi a vítima da facada e é o “ peida-gadocha”.

O Tó estava a ver a rua – portanto estaria de costas para o balcão e era o “tacanho” que corresponde ao sinónimo de Pinguinhas.

O Manel é o parceiro do Zé. Os outros dois serão o Tozé e o Tó.

O Tozé estará de costas para a rua.

Á direita do Tó podem ficar os parceiros Zé ou Manel, para o caso é indiferente.

Elias tem a sua zona de acção entre o balcão a as pipas. Fatucha anda num “vai-vem” entre a cozinha onde frita os petiscos e os fregueses.

Quando o Zé vai aos lavabos, atravessa o estreito corredor entre pipas e fica fora do alcance visual dos actores, excepto da Fatucha, se ela se encontrar na cozinha, pois os dois locais ficam por perto.

Fatucha gostava e tinha encontro marcado com o Pelintra. O bilhete que Tempicos descobre no seu avental assim o parece indiciar e ela não o destruiu.

Supomos que o Zé deve ter desviado a sua rota ao sair dos lavabos e deve ter entrado na cozinha promovendo algum episódio para além do normal para a época. A faca afiada de cortar as iscas estava ali à beira e foi usada como forma de retribuição pelos afectos. O que ele fez à Fatucha ninguém sabe mas ela não gostou. O Zé “comeu” e não tugiu nem mugiu pois o pai da rapariga estava por ali perto ao balcão e se se queixasse as coisas só podiam piorar para ele.

Nenhum outro personagem poderia ter dado a facada e ele dado a si próprio era humanamente inviável.

Se consultar o Dicionário da Porto Editora (5ª edição) encontrará como sinónimos de Malacueco, espertalhão, de Pinguinhas, tacanho e de Pingarelho pelintra.

Com essa informação e a recolha de dados no problema facilmente pode alinhar todos os nomes e alcunhas dos seis da vida airada:

 

Tempicos – Olho vivo – Olhar perspicaz;

Tó – Pinguinhas – Tacanho;

Zé – Peida-Gadocha – Anafado;

Manel – Malacueco – Espertalhão;

Quim – Marreco – Escoliose;

Tózé – Pingarelho – Pelintra.

 

Tempicos, apesar de, na época, iniciado de detective, resolveu este caso do tempo em que havia o aroma das iscas, com elas, pelas tascas de Lisboa.

Hoje, com a crise, nem iscas, nem elas… nem tascas. 

© DANIEL FALCÃO