Autor Data 12 de Fevereiro de 2017 Secção Policiário [1322] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2017 Prova nº 1 (Parte II) Publicação Público |
TEMPICOS E O TEMPLO DE DELFOS A. Raposo & Lena Dedicado ao “avozinho” Zé de
Viseu Tempicos
espreguiçou-se longamente na rede debaixo da pérgula e continuou a ler a
secção de astrologia do “borda d´água”, leitura entediante para chamar o sono
após o almoço no verão, na sua casa do Algarve, onde o peixinho é fresco
“escalado” e grelhado no carvão de azinho e um vinho verde fresquinho
ajudando a festa. Rapidamente
começou a viajar no tempo entre duas nuvens brancas e fofas e foi dar consigo
na estrada que levava ao Templo de Delfos, de mão dada com uma moça roliça de
fartos e apetitosos seios que segundo o informou viera da Bélgica, de
bicicleta, danada para visitar o campo dos jogos Píticos, na antiga Grécia. Tempicos
sempre sensível aos pedidos feitos por lábios carnudos e gostosos, propôs o
seguinte: –
Primeiro vamos ao Templo de Delfos para eu falar à pitonisa e perguntar-lhe: “Se
há alguém mais sábio, inteligente e ilustre detective que Tempicos?” Depois
duma resposta que considerasse favorável ao seu ego, aviava-lhe um programa… Acontece
que havia muita gente e a coisa demorou até ao pôr-do-sol. Ainda
demos dois dedos de conversa com Sócrates que estava a escrever em parceria com
Platão e Xenofonte, seus amigos, cada um seu capítulo do livro "Vida
atribulada de Sócrates” e o tema estava a dar discussão ao ponto da mulher de
Sócrates aborrecida, fechar o zip das vestes e dar de “frosques” zangada. Tempicos
achou a resposta da pitonisa simpática e manifestou essa alegria à gorducha
belga que com amizade ripostou: – Graças à virgem Maria! Pelo
relógio de pedra do templo verificaram que já tombava a noite e a fome
apertava. Deitaram-se
na relva a comer um pedaço de pão e umas cervejolas de garrafa. E a iniciar
umas brincadeiras de mãos. Que mais não lhes conte. A belga já não queria ir
visitar os jogos Píticos. Preferia os jogos modernos com o especialista ali à
mão, Tempicos, homem que dominava o “savoir-faire” e a difícil arte de agradar
a damas, solteiras, casadas, divorciadas e viúvas. Não era racista! Entusiasmados
resolveram ver se podiam entrar num bacanal ali da zona. Porém o Senado já os
tinha entretanto proibido. Na
falta de melhor Tempicos conhecia uma tasca de um “portuga” e foram lá comer
um divinal bacalhau com batatas a murro. Uma receita que só não conseguia
bater a confecção do seu amigo Zé quando lá ia a casa abifar-lhe umas
vitualhas e bater uns papos sobre as vitórias do Benfica… Entretanto
Tempicos acordou estremunhado e entrou na real. E
em jeito de filósofo afirmou em voz alta: – Como são as coisas. Nos sonhos
tudo existe, vivo ou morto, real ou fantasista, sem lógica, datas certas ou
erradas, personagens, épocas. Acções. Mas
os meus amigos que são exímios observadores certamente contarão todas as
incongruências que este lindo sonho de Tempicos encerra. Coisas que a verdade
histórica desmentiria. Pergunta-se
o número das incongruências: 1
– Dez ou mais; 2
– Máximo nove; 3
– Máximo oito; 4 – Menos de cinco. |
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© DANIEL FALCÃO |
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