Autor

Artur Varatojo

 

Data

14 de Março de 1987

 

Secção

Sábado Policiário [66]

 

Publicação

Diário Popular

 

 

O CRIME DO JOGADOR

Artur Varatojo

Dedicado a Repórter Mistério

Nessa noite, Ricardo Emílio, o conhecido detective, teve pela frente um dos seus casos mais interessantes e, simultaneamente, de mais difícil resolução, não só devido à complexidade do próprio caso como também ao ambiente sórdido em que se passara.

Fora assassinado no Salão-Bar, taberna de horríveis tradições, João Carvalho, «O Má Vida», jogador e batoteiro com péssima fama entre os companheiros.

Ricardo Emílio entrou no Salão-Bar, ouviu as declarações prestadas pelos assistentes, ordenou que ninguém saísse dali, sobretudo os companheiros de jogo de «O Má Vida», e dirigiu-se para a mesa larga, onde apenas restavam o cadáver de João Carvalho, caído de bruços sobre o tampo, cartas e os cinzeiros com as fichas do jogo.

Então, Ricardo Emílio traçou um rápido «croquis» da mesa, com tudo o que nela se encontrava.

 

«Croquis» elaborado por Ricardo Emílio

 

Depois, registou os apontamentos principais das declarações conseguidas ao cabo de apertados interrogatórios.

Primeiro – João Carvalho, «O Má Vida», fora assassinado com dois tiros no estômago.

Segundo – Contrariamente ao que era habitual nos jogos do Salão-Bar, «O Má Vida» nessa noite não tivera por parceiros nem o «Lagartixa» nem o «Chico Saloio».

Terceiro – Um dos jogadores era canhoto. Outro, o Mário Ermida, era maneta.

Quarto – Segundo as declarações do «Gonçalo Miúdo», empregado do Salão-Bar, todos os que já haviam recebido jogo tinham as cartas seguras numa das mãos precisamente quando soaram as duas detonações.

Quinto – Carlos Damião, quando Ricardo Emílio o interrogou acerca da falta de duas balas no seu revólver, explicou que tivera uma rixa, ao cair da tarde, e que descarregara então os dois tiros. Além disso, exibiu o pulso direito, quebrado por uma bala durante a rixa, o que o impossibilitava de fazer qualquer movimento com aquela mão. Todos os outros confirmaram as suas declarações.

Sexto – O «Chico Saloio» guardava as fichas dos seus parceiros, que eram o «Lagartixa» e o Carlos Damião.

Sétimo – O «Lagartixa» tornara-se suspeito no decorrer do jogo, pois tão depressa segredava com «O Má Vida» como com o «Maneta». No momento em que soaram os tiros, ele deixava cair, na palma da mão, as escassas fichas, recentemente ganhas, antes de as entregar à guarda do «Chico Saloio», contando-as.

Oitavo – Um dos jogadores estava a beber no momento das detonações, e apanhara um tão grande susto que se engasgou com o vinho.

Depois de saber que os jogadores dessa noite tinham sido João Carvalho – «O Má Vida» –, o «Lagartixa», o «Chico Saloio», Carlos Damião, Mário da Ermida e um espanhol chamado González, Ricardo Emílio conseguiu chegar à solução do mistério de «O Crime do Jogador».

 

Questionário

1º – Qual a disposição dos jogadores, indicando os respectivos lugares? Porquê?

2º – Qual dos jogadores era canhoto? Porquê?

3º – Qual dos jogadores estava a beber? Porquê?

4º – Quem foi o assassino de «O Má Vida»? Porquê?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO