Autor Data 27 de Junho de 1999 Secção Policiário [415] Publicação Público |
SEITAS EM PORTUGAL Bé Estávamos a 30 de Junho de
1995. Fechado no meu gabinete no edifício da Judiciária, com as persianas
corridas, apenas iluminado pelo candeeiro que se encontrava sobre a secretária,
olhava horrorizado para as notícias publicadas no jornal da manhã: “Pelas
18h, foi lançado de um helicóptero um recipiente contendo uma bactéria
extremamente letal. O resultado foi catastrófico, cerca de 1650 mortos e mais
de dez mil pessoas deram entrada nos hospitais da área de Lisboa para receber
tratamento. “O incidente, reivindicado
pela seita conhecida como Adoradores de Pedro veio na sequência de uma série
de outros atentados do mesmo género, também reivindicados pela mesma seita
poucas horas depois. O primeiro atentado aconteceu quando uma bomba explodiu,
a 26 de Abril, numa loja de produtos religiosos, em Braga, causando três
mortos. O segundo, a 29 de Abril, com a colocação de um dispositivo que
libertou um gás tóxico numa igreja do Porto, vitimando 11 pessoas, enquanto
30 tiveram que ser hospitalizadas. Por último, a 19 de Maio, explodiu um
engenho num cinema de Coimbra, tendo como resultado 42 mortos e 102 feridos,
que receberam tratamento em dois hospitais da área.” Sentado na minha poltrona,
a minha mente deambulava pela sala. Dei comigo a passar com os olhos pelos
objectos colocadas sobre a minha secretária. Pela placa triangular na qual
estava inscrito a letras douradas “Inspector Calisto – Polícia Judiciária”,
pelo pisa-papéis oferecido pela minha filha no meu último aniversário, pelo
memorando, pelas placas de distinção de carreira. De que serve receber tantas
condecorações quando nos vimos incapazes de solucionar algo que pode pôr em
risco a vida de milhares de pessoas? Pressentia que, devido ao
aumento do número de vítimas de atentado para atentado, se preparava algo de
maior envergadura. Talvez um atentado com um engenho nuclear, uma vez que se
sabia ter dado entrada em Portugal um artefacto desse tipo, vindo de um país
do Leste da Europa. Era imperioso descobrir
quando iria ocorrer o próximo atentado. Depois de dezenas de combinações com
as datas dos atentados, que não me levaram a qualquer conclusão, finalmente
consegui descobrir esse dia. Havia que deter os acontecimentos que se
avizinhavam. Em pouco menos de cinco minutos, tinha alertado os serviços
competentes para a necessidade de prevenção máxima nessa data. A que data me
refiro? A) 12 de Julho B) 25 de Julho C) 01 de Agosto D) 17 de Agosto |
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© DANIEL FALCÃO |
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