Autor Data 27 de Abril de 1978 Secção Mistério... Policiário [163] Competição Problema nº 8 Publicação Mundo de Aventuras [239] |
TU!… Ó MISERÁVEL Bill «Porque
será que a vida não é perfeitamente um mar de rosas?... Porque será que
existe, ainda, gente tão ignóbil que tenha a coragem de matar um respeitável
chefe de família, apenas por aquilo a que se chama o vil metal… Apenas por
dinheiro?» Era
nestas conjecturas que o inspector Adolfo, da Polícia, se perdia ao
contemplar o cadáver daquele que tinha sido seu grande amigo em vida, o
industrial Alexandre Neves, agora ali morto, ao que parecia assassinado por
um seu empregado, de nome António Silva. Na
verdade, este já confessara ter sido ele o criminoso assassino, pois havia
tido um deslize ao fazer as suas declarações ao inspector… Fora ele quem
havia chamado o conhecido inspector da Polícia… Mas eu conto como foi… O
inspector acabara de chegar ao local do crime, chamado por um empregado da
vítima, o referido António Silva. Este declarara ao inspector: –
Eu tinha acabado de chegar aqui ao escritório que, como verifica, é parte do
edifício e comunica directamente com a fábrica e a residência, e quando, do corredor,
entrava na sala do secretário, pareceu-me ouvir aqui um gemido. Acorri e…
olhe… foi o que vi, inspector… (e mostrava sinais de luta no
gabinete-escritório e o corpo estendido de costas). Não mexi em nada… Deu-me
a impressão que, quando cheguei, o sr. Alexandre ainda vivia… Ajoelhei e
juntei o ouvido ao peito… Não se ouvia o coração… Percebi que estava morto…
Percebi que, com o gemido que lhe ouvira e aquele imperceptível movimento que
vira ao entrar, ele acabava de falecer… Eu vi…Depois, não toquei em mais
nada. Fui logo àquele telefone, ali, na secretária e liguei para o senhor… –
Bem… e não se encontra mais ninguém em casa? –
Não! –
Como sabe? –
Porque, com o fim-de-semana prolongado e o aniversário da firma, os familiares
do patrão foram para a província da Beira Baixa e a fábrica e recinto só têm
os seus três guardas habituais, um por cada turno… –
Bem… passe depois pela delegacia. –
Está bem, senhor inspector… Afinal, quem havia de dizer que um grande
industrial seria vítima do seu próprio dinheiro, hem?... O
inspector começava a pensar que aquele não devia apreciar lá muito bem o
patrão… quando… foi repentinamente sobressaltado por um pensamento diferente: –
Sim?... Então como sabe o senhor que isto aconteceu «pelo dinheiro»?... Apanhara
o outro desprevenido… Olhara-o fixamente e, ao aproximar-se, sentia-o
fraquejar… –
Bem… é natural… penso eu… eu… Continuou
a aproximar-se e o energúmeno, nada mais dizendo só soube desatar a fugir,
lançando-se em corrida para a porta… Impassível, o inspector apenas se limitara
a estender uma perna… António Silva estatelara-se ao comprido… O resto fora
fácil. Agora
ouvia-o… Ouvia-o e apetecia-lhe estrangulá-lo… Mas, por muito horrível que
fosse a perda de um dos seus melhores amigos, com que direito um homem tira a
vida a outro homem? –
Você compreende, hem, inspector… Sou pobre… Ele era rico… Aqui havia dinheiro…
A ocasião era boa… queríamos apenas algum dinheiro… Ele depois viu e resistiu
e… você compreende, inspector… Não!
Não compreendia… Havia ali algo que o inspector não compreendia… Algo que lhe
passava… Foi
nesse momento que à porta do escritório do malogrado industrial apareceu um
indivíduo. Quedou-se ao ver o cadáver… –
Santo Deus! O sr. Alexandre… que… quem fez isto? E
ao ver as algemas: –
Tu!... Fizeste isto? Ó miserável?... Como se o sr. Alexandre não te pagasse o
bastante… E
dizendo isto, encaminhava-se para o local onde se encontrava a vítima,
aproveitando para passar por detrás do inspector… Este apenas pressentiu o
perigo demasiado tarde… Tarde, mesmo!... Quando algo duro lhe bateu
violentamente na nuca, mergulhando-o num mundo de estrelas e logo depois na
escuridão… Só
muito tempo depois o inspector acordou… Acordou e… Bem… a nuca tinha algo
empolado… Depois o ambiente, o gabinete, o morto… Ergueu-se… Já começava a
pensar… E compreendeu que… Aqui
paramos nós… apenas para perguntar: 1
– Que presume que seja que o inspector compreendeu? 2
– Será capaz de descrever todo o plano até ao ataque ao inspector e o porquê? |
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© DANIEL FALCÃO |
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