Autor

Bill

 

Data

20 de Setembro de 1979

 

Secção

Mistério... Policiário [235]

 

Competição

Torneio “4 Estações 79” | Mini C - Verão 79

Problema nº 12

 

Publicação

Mundo de Aventuras [311]

 

 

UM DIA MOVIMENTADO…

Bill

 

Quinta-feira; um dia semelhante a tantos outros que já passaram: quente e sufocante.

Talvez por isso e ajudado pelo desespero que o invadia, o senhor José Inácio limpava constantemente o suor que, em grossas gotas lhe descia das têmporas, escorrendo-lhe pelas faces e pelo pescoço. Diante de si, e passivamente sentado, sem dar quaisquer mostras do nervosismo o doutor Carlos Silva, proprietário de uma das maiores fábricas de conservas do país retorquia-lhe:

– Lamento senhor Inácio, mas é-me completamente impossível ajudá-lo. Os meus colegas não aprovariam, e afinal de contas eu não tenho nada a ver com os seus problemas, apesar de ser seu amigo…

– Amigo? Chama a isso amizade? Mas olhe, senhor Silva… é a minha ruína… O senhor podia…

– Lamento, senhor José, mas como lhe disse não posso… Talvez o

Antes de acabar a frase já o seu interlocutor se dirigia para a porta, e, batendo com esta saía. Sempre praguejando, meteu-se no caro, e desapareceu na curva seguinte…

Dentro do gabinete, o doutor Silva encolheu os ombros e saiu para o jardim…

A verdade é que o doutor era um homem bastante enérgico, de carácter duro e sem lugar para sentimentalismos. Isso demonstrou-o uma vez mais, ao encontrar o seu jardineiro sentado à sombra de um cipreste a conversar com a mulher a dias.

Exaltado exclamou:

– Mas, afinal que gente tenho eu ao serviço? Que data de mandriões. José, pegue nas suas coisas e vá-se embora. Está despedido!

O jardineiro pareceu não ter compreendido o sentido das palavras do patrão.

– Mas… senhor Carlos…

– Nem mas, nem meio mas; já disse, vá-se embora! – voltou em tom ríspido –José – dirigiu-se ao sobrinho que acabava de chegar – paga ao senhor José Morgado o que lhe devemos, e acrescenta o dinheiro do comboio.

O José Luís, sobrinho do doutor, rapaz de 24 anos, alto e forte, dirigiu-se para o escritório seguido do infeliz jardineiro que não se cansava de injuriar o seu ex-patrão, e, vociferar ameaças:

Há-de pagar-mas!... juro que me vingarei; tão certo como eu me chamar José Morgado.

O certo é que não havia razão para despedir o pobre homem, pois o jardim encontrava-se esmeradamente arranjado não mostrando quaisquer provas de negligência…

Duas horas depois José Morgado cabisbaixo e triste saía da casa que tão bem servira durante 3 anos. Nunca simpatizara com o patrão, mas adivinhar uma coisa destas.

Pouco depois, o comboio partia, com destino à terra natal do ex-jardineiro.

Contudo este não ia Iá dentro…

 

Depois de um suculento jantar o doutor Silva e o sobrinho encaminharam-se para os respectivos quartos… Estes ficavam bastante afastados um do outro.

Ao deitar-se, o doutor Carlos Silva estava longe de imaginar que jamais se levantaria vivo daquela cama…

 

Altas horas da noite. Um vulto movimenta-se na semi-obscuridade do quarto do dono da casa. Este acorda ao ouvir um ruído e sobressalta-se ao ver a silhueta recortada contra a luz pálida da lua proveniente da janela aberta.

Acende a luz e… depara com o cano negro de um revólver apontado directamente à sua cabeça.

Reconhece quem o empunha e exclama surpreendido:

– José! mas que… que brincadeira é esta… Olha que

Não acabou a frase. O estampido de um tiro cortou-lhe a palavra e… O doutor deixou de existir.

Rápido, o vulto esgueirou-se, deixando atrás de si, o móbil da sua visita, ao quarto do assassinado…

 

O infeliz doutor Silva não disse qual dos Josés era o assassino, mas… nós sabemo-lo, e, o leitor também… Para o provar basta responder:

1 – Quem disparou o revólver?

2 – Explique convenientemente a razão da sua acusação.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO